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As promessas eleitorais contra o terrorismo em Cabo Delgado

DW (Deutsche Welle)
29 de agosto de 2024

O terrorismo continua a ser um dos maiores desafios que os cidadãos em Cabo Delgado enfrentam. Em ano eleitoral, os residentes desejam ouvir dos candidatos e partidos soluções concretas para acabar com a insurgência.

Os recentes ataques em Macomia, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, deixaram um rasto de destruição
Os recentes ataques em Macomia deixaram um rasto de destruiçãoFoto: DW

Apesar dos relatos sobre incursões terroristas terem diminuído nos últimos dias, a verdade é que, o terrorismo continua a desestabilizar alguns distritos de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, com grande enfoque para zonas costeiras de Macomia, Mocímboa da Praia e Quissanga.

A situação condiciona a vida normal dos habitantes, impedindo, por exemplo, o exercício de atividades económicas. Dia após dia, muitos cidadãos em Cabo Delgado sentem na pele os efeitos negativos do terrorismo. O jovem Salanga Abdulrehemane, que trabalha num salão de beleza em Pemba, é exemplo disso.

"Estamos a sofrer da guerra, que está fazer muita coisa andar errado aqui. A população não tem como andar bem, de dedicar-se a produção agrícola nem fazer outras atividades que fazia normalmente. Estamos a correr perigo e por isso pedimos ao presidente ganhar que não nos esqueça. Estamos mal."

Também Abacar Abacar, residente de Cabo Delgado suplica pelo fim da insegurança: "Nós queremos a paz. Não queremos a guerra é isso que nós estamos a pedir."

A FRELIMO prometeu, perantes apoiantes em Pemba, que irá reforçar a capacidade das forças de defesa e segurança Foto: DW

Restabelecimento da paz é prioridade

Moçambique está numa maratona rumo às eleições gerais de 9 de outubro. A votação acontece exatamente sete anos depois do início das incursões terroristas em Cabo Delgado.

Na abertura da campanha em Pemba, a chefe da brigada central da FRELIMO para assistência a província de Cabo Delgado referiu-se ao restabelecimento total da paz como prioridade da sua formação política e do seu candidato presidencial Daniel Chapo.

Amélia Muendane prometeu que a FRELIMO reforçará e capacidade das forças de defesa e segurança moçambicanas assim que vencer as eleições.

"Para assegurar que Moçambique não seja mais dependente; para assegurar que os seus soldados estejam em condições favoráveis para enfrentar o terrorismo em Cabo Delgado", prometeu.

O cabeça de lista a governador de Cabo Delgado do MDM critica a abordagem atual do Governo sobre o conflito.Foto: DW

"A guerra não acaba com a guerra"

O cabeça de lista a governador de Cabo Delgado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) criticou a abordagem atual do Governo da FRELIMO sobre o conflito.

Santos Abílio destacou ainda a pretensão de abrir uma frente de diálogo com a liderança dos terroristas para restabelecer a paz.

"A primeira atividade que o Presidente Lutero Simango vai fazer [caso seja eleito] é garantir a segurança na província de Cabo Delgado. Ele compromete-se a abrir uma janela de diálogo com a liderança dos terroristas, uma atividade que o governo do dia não quer fazer. A guerra não acaba com a guerra", declarou.

A RENAMO em Cabo Delgado acusa o governo do dia de estar por detrás do terrorismoFoto: DW

O partido RENAMO em Cabo Delgado acusa o governo do dia de estar por detrás do terrorismo, mas tem sido lacónico sobre como acabar com o conflito na província.

Já o Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, mostra-se mais firme quanto a este assunto.

"Por mais que não possa acabar totalmente a própria guerra, pode-se neutralizar para que eles [os terroristas] não se consigam organizar para fazer qualquer ação", defende Singano Assane, chefe de mobilização provincial desta formação política.

Ainda assim, não disse com exatidão como isso poderia ser feito pelo PODEMOS.

Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) apoia a candidatura presidencial de Venâncio MondlaneFoto: DW

Abertura de canais de negociação

Para o analista Aly Caetano, a solução para acabar com o terrorismo passará por ações integradas, incluindo com o reforço de capacidade das Forças de Defesa e Segurança no combate ao fenómeno.

Mas seria também necessário abrir canais de negociação entre o governo e os terroristas, afirma Caetano, que acrescenta um terceiro elemento na equação para o combate ao extremismo.

"É necessário garantir o desenvolvimento das comunidades para que não sejam aliciadas pelo grupo terrorista e não só. Então, não podemos olhar só a solução de terrorismo de forma reta: tanto a FRELIMO, a RENAMO, o MDM e o Venâncio Mondlane têm de nos responder como é que melhoramos a comunidade ao mesmo tempo.", conclui.

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