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Ataque em Nacala é "continuação da guerra de Cabo Delgado"

7 de setembro de 2022

Três pessoas, entre as quais uma freira, morreram num novo ataque na província moçambicana de Nampula. Para o bispo de Nacala, Dom Alberto Vera, o ataque é sinal de que o terrorismo se alastra no país.

A província de Nampula alberga um número elevado de refugiados de Cabo Delgado (Foto de arquivo)Foto: DW

A freira italiana de 83 anos, que vivia em Moçambique desde 1963, estava na missão de Chipene, na diocese de Nacala, que albergava centenas de pessoas que fugiam dos combates no norte do país.

O bispo de Nacala, Dom Alberto Vera, disse à DW África que o ataque ocorreu naquela missão pelas 21 horas de terça-feira (06.09), quando cinco ou seis terroristas entraram na casa onde estavam duas freiras idosas.

"A irmã Maria, baleada na cabeça, morreu no momento. Não sabemos qual o motivo para terem disparado, ela sabia e entendia a língua macua… A outra irmã, que é espanhola, foi avisar as 12 meninas que estavam no lar que havia homens armados a disparar e fugiram todas para o mato", disse o bispo.

Cresce o receio do alastramento da violência a outras regiões Foto: Privat

Governo destaca soldados para a região

À hora do ataque, grande parte da população já havia fugido da aldeia, pois foi notória, a meio da tarde, a chegada de homens desconhecidos ao local, segundo Dom Alberto Vera.

Para além da irmã Maria morreram mais duas pessoas que trabalhavam no centro de saúde de Chipene. Os atacantes atearam fogo a várias estruturas, entre elas a igreja, o centro de saúde e o hospital.

O Governo de Maputo destacou mais de uma centena de militares para o local. O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, confirmou, entretanto, que começou no sábado uma nova vaga de ataques armados no norte do país, não só em Cabo Delgado, como também na província de Nampula.

"Seis cidadãos foram decapitados, três sequestrados e dezenas de casas foram incendiadas", disse Nyusi.

Maputo destacou uma centena de soldados para a região do ataqueFoto: Estácio Valoi/DW

Indício de que o terrorismo se alastra

O bispo de Nacala, Dom Alberto Vera, diz não ter dúvidas que os ataques dos últimos dias na região são indicativos de um alastramento do terrorismo à sua província.

"Isto é a continuação da guerra de Cabo Delgado. Parece que é o mesmo grupo que, na semana passada, atacou Ancuabe e entrou no distrito de Chiure, e matou várias pessoas em cada sítio", disse Dom Alberto, acrescentando: "Em todos os sítios por que passaram estão a criar um terror e um medo grandíssimo entre a população".

Face ao sucedido, e à probabilidade dos ataques se repetirem na região, Dom Alberto Vera afirma que a Igreja terá de repensar as missões localizadas entre Memba e Nacala-a-Velha. Mas assistir os deslocados continua a ser uma prioridade.

"Vamos apresentar um projeto de emergência, porque aqui já há muitas pessoas que fugiram, e vêm outras. Estas pessoas precisam de comida para sobreviver. Vou reunir esta tarde com a Cáritas Diocesana para ver o que podemos fazer", disse o bispo de Nacala.

Desde 2017, os ataques terroristas em Cabo Delgado já levaram à fuga de 800 mil pessoas, de acordo com a Organização Internacional das Migrações.