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Moçambicano apoia integração de estrangeiros em Dresden

Cristiane Vieira Teixeira (Dresden)
4 de setembro de 2018

Emilliano Chaimite, cidadão alemão de origem moçambicana, é o fundador e presidente da Afropa. Criada em 2003, a associação tornou-se uma importante fonte de assistência a estrangeiros e refugiados na capital da Saxónia.

Emiliano Chaimite: "O otimismo só morre no fim"Foto: DW/C.Vieira Teixeira

No início, a Afropa procurava sobretudo a integração dos estrangeiros residentes em Dresden na sociedade alemã, promovendo eventos sociais e culturais, a educação, a tolerância e o combate à xenofobia, conta Emilliano Chaimite, cidadão alemão de origem moçambicana, fundador e atual presidente da associação.

"África e Europa têm mais relações a não ser a redução à história da escravatura. Muitas vezes, muitos debates aqui sempre recaem nesses temas – escravatura, pobreza, crises em África. Nós dissemos que não, tem mais outra ligação entre África e Europa, porque também são culturas que se trocaram durante este tempo, culinária, música, literatura e outras coisas," recorda.

Base da Afropa em Dresden, onde é feito o aconselhamento de requerentes de asilo e refugiadosFoto: DW/C.Vieira Teixeira

Trabalho com os refugiados

A associação conquistou reconhecimento e, a partir de 2014, passou a receber apoio financeiro de instituções do Estado alemão e da Saxónia. Além da integração dos estrangeiros já residentes em Dresden, passou a apoiar também os recém-chegados.

"Em 2015, quando aparece essa crise de refugiados, já estávamos dentro do assunto. Então, nós só acrescentamos. Em vez de atendermos os estrangeiros que já estavam aqui, para o processo de integração, dissemos: vamos atender também outros estrangeiros, de qualquer parte que venham, para também tomarmos a nossa responsabilidade nessa situação", descreve Chaimite.

Desde 2017, o trabalho com os requerentes de asilo e refugiados tornou-se o foco central da atuação da associação, escolhida oficialmente pela cidade de Dresden para prestar assitência social e fazer o aconselhamento de uma média de 450 a 540 refugiados, residentes na região norte da cidade. Segundo o presidente da Afropa, a equipa multicultural de 17 profissionais oferece uma ajuda básica, mas fundamental para quem precisa iniciar uma nova vida na Alemanha.

"Ajudamos quando eles recebem, por exemplo, cartas de autoridades, que estão em alemão. Ajudamos a traduzir e a interpretar. Acompanhamo-los nos sítios necessários - ao médico, nas escolas e outras coisas. Mas quanto ao processo de asilo, nós só explicamos e encaminhamo-los aos lugares próprios, onde há informações e ajuda muito mais qualificada," diz.

Moçambicano apoia integração de estrangeiros em Dresden

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Resultados positivos

A maioria dos requerentes de asilo e refugiados assistidos pela Afropa vieram da Síria, Eritreia, Somália, Irão e Afeganistão. Emiliano Chaimite avalia de forma positiva os resultados alcançados, mas lamenta que pouco se possa fazer pelos afegãos.

"O Governo aqui esclareceu que o Afeganistão é um país seguro. É por isso que com eles temos muitos problemas, mais ou menos talvez 20 ou 30% são reconhecidos. Isso é frustrante. Em geral, acho que é positivo, porque temos eritreus e sírios que são mesmo reconhecidos, quase 99%", diz.

"Isso antigamente não existia, não havia oferta de línguas, não havia integração no mercado de trabalho e não havia esse trabalho social que estamos a fazer. Não havia nada, nada, nada," afirma.

Ajudar o próximo

Rabeea Darbouk fugiu da Líbia com o esposo e o filho há cinco anos. Arranha com dificuldade o alemão. Recorre à Afropa para organizar a escola da criança e a nova casa. Precisa de ajuda da funcionária da associação para preencher documentos e responder a cartas das autoridades. Sabe que daqui não sai sem uma solução.

"Temos muitos papéis. Ela também me escreveu uma carta. Nós não falamos nem escrevemos bem em alemão. Também não entendemos onde fica o novo apartamento e ela ajudou-nos," relata Darbouk.

A cidade de Dresden está entre os financiadores dos projetos da AfropaFoto: DW/C.Vieira Teixeira

O fundador e presidente da associação Emilliano Chaimite alegra-se com cada pequena conquista e continua motivado pelo desejo de uma sociedade mais justa para todos os cidadãos.

"Nós queremos ser vistos como indivíduos da sociedade, simples, muito normais, contribuintes e importantes. É normal ter um africano como professor, como chefe de associação, como mestre. Porque muitos não sabem, mas vindo para aqui, aproveitam para conhecer. Aqui, podem ver a realidade," considera.

O financiamento dos projetos da Afropa será reavaliado no próximo ano. Isso pode significar alterações, ampliação ou redução da atuação da associação. Emiliano Chaimite sabe que o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) tem como meta chegar ao topo do Parlamento da Saxónia, mas não se deixa abater pela perspectiva de dias de luta.

"Sei que o clima político não vai ser o mesmo. Com isso, também se vai mudar certos projetos, entre outros, este projeto de apoio social para refugiados e não há-de ser fácil. Mas, como se diz em alemão, o otimismo morre no fim, é a última coisa que a pessoa perde," conclui.

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