Ataque armado em aldeia no Mali faz quase 100 mortos
EFE | AFP | rvp
10 de junho de 2019
O Governo do Mali confirmou o ataque armado cometido esta segunda-feira (10.06) num vilarejo da etnia dogon, no centro do país. São 95 mortos e 19 desaparecidos, num dos maiores massacres dos últimos meses.
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Um ataque armado nesta segunda-feira na povoação de Sonankoubou, no Mali, fez perto de 100 mortos, segundo fontes da região. Até o momento mais de 90 corpos foram encontrados e há pelo menos 19 pessoas desaparecidas, após um ataque que parece ter motivações étnicas.
Segundo um comunicado oficial, o massacre ocorreu em Sobame Da, pertencente à comunidade rural de Sangha, na região central de Mopti. De madrugada, homens armados cercaram o vilarejo, realizaram o ataque, incendiaram vários imóveis e mataram diversas cabeças de gado.
O Governo atribui o ataque a "supostos terroristas", pois todos os observadores no Mali afirmam que se trata de um ataque por motivos étnicos contra os dogon. Reforços militares foram enviados à região para perseguir os autores deste massacre.
Violência continua
O massacre de hoje lembra outro ocorrido em março na povoação de Ogossagou, também na região central do Mali, que terminou com 157 mortos. Naquele caso, tratava-se de uma aldeia de etnia peul e a autoria foi atribuída aos caçadores donzos, de etnia dogon e opostos aos peuls pelo controle das terras.
Segundo um recente relatório da ONU, este tipo de violência entre etnias fez 250 mortos entre janeiro e maio, tudo isso sem contar a violência que é causada por grupos jihadistas.
No massacre de hoje, os observadores descartam a participação jihadista porque estes últimos costumam atacar símbolos do Estado (polícia, exército e funcionários) e não tanto povoações da sociedade civil, mas até o momento não há nenhuma reivindicação sobre o ataque.
Na semana passada, o Conselho de Ministros prorrogou até maio de 2020 (já é a segunda prorrogação) o mandato dos deputados do Parlamento, ao constatar a impossibilidade de realizar eleições "regulares e transparentes" pela instabilidade que castiga o país.
Missão de Paz da ONU
A Missão de Paz da ONU no Mali (MINUSMA) anunciou que registrou "pelo menos 488 mortes" em ataques a peuls nas regiões centrais de Mopti e Segou desde janeiro de 2018. "É um choque, uma tragédia", disse o chefe da MINUSMA, Mahamat Saleh Annadif, sobre a última sangria, observando que ela chegou em um momento "quando estamos discutindo a renovação do mandato (da MINUSMA)".
Existem atualmente cerca de 14.700 soldados e polícias destacados no Mali, que é a missão mais perigosa da ONU, com 125 soldados de manutenção da paz mortos em ataques desde o destacamento em 2013.
Os países doadores da MINUSMA vão reunir-se na ONU esta quarta-feira. Uma decisão sobre a renovação do mandato da força está prevista para 27 de junho. Na sede da ONU em Nova Iorque, Annadif lamentou que as autoridades malianas não tenham feito o suficiente para evitar esta tragédia.
Há uma semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou sobre um "alto risco" de atrocidades e apelou ao governo para fortalecer a sua resposta face aos grupos extremistas. "Se essas preocupações não forem abordadas, há um alto risco de escalada que pode levar à prática de crimes atrozes", escreveu no relatório ao Conselho de Segurança da ONU. A MINUSMA foi criada após as milícias radicais islâmicas e tuaregues terem tomado o norte do país em 2012.
África em 2018: Entre a esperança e o medo
Terrorismo em Moçambique e no Mali, combate à corrupção em Angola e na África do Sul, paz entre a Etiópia e a Eritreia, Camarões e RDC em crise. 2018 foi um ano turbulento em África. Uma retrospetiva em imagens.
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Combate à corrupção e desigualdade social na África do Sul
No início do ano, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, cede à pressão do Congresso Nacional Africano (ANC) e abandona o cargo, após nove anos no poder. Tem de responder em tribunal por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude. O seu sucessor, Cyril Ramaphosa, lança um plano de reforma agrária para lutar contra as desigualdades sociais no país.
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Reconciliação no Quénia
Em março, o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, e o líder da oposição, Raila Odinga, chegam a acordo para o fim da crise política. A oposição tinha boicotado a repetição das eleições do ano anterior, devido a suspeitas de manipulação. Odinga chega a "tomar posse" como "Presidente do povo", mas os líderes decidem pôr as diferenças de lado para dar início ao "processo de construção do Quénia".
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Sociedade civil sob pressão na Tanzânia
O Presidente John Magufuli torna-se cada vez mais autoritário e a sociedade civil da Tanzânia enfrenta inúmeras restrições. As mulheres grávidas são proibidas de ir à escola e os homossexuais são cada vez mais reprimidos. No final do ano, várias organizações internacionais suspendem os apoios financeiros ao desenvolvimento do país, exigindo ao Presidente que respeite os direitos humanos.
Foto: DW/V. Natalis
Mais de 20 anos depois, paz entre Etiópia e Eritreia
A companhia aérea "Ethiopian Airlines" chama-lhe "pássaro da paz": em julho, um avião parte de Addis Abeba para Asmara. É o primeiro voo direto entre os dois países vizinhos, antigos rivais. Famílias separadas há anos podem finalmente abraçar-se com o início do processo de reconciliação entre a Etiópia e a Eritreia, pela mão do novo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.
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O fim do nepotismo em Angola?
O Presidente angolano, João Lourenço, combate o nepotismo no país. Em setembro, a luta atinge José Filomeno dos Santos, Zenú: o filho do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é detido sob acusações de corrupção. A irmã, Isabel dos Santos, já tinha sido exonerada no ano anterior da presidência do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol.
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RDC: Joseph Kabila de saída
Após muitos avanços e recuos, o Presidente da República Democrática do Congo anuncia, finalmente, que não vai candidatar-se às eleições de dezembro. O "delfim" do chefe de Estado é o ex-ministro do Interior, Emmanuel Ramazani Shadary. Figuras proeminentes da oposição como Jean-Pierre Bemba e Moïse Katumbi são impedidos de entrar na corrida. E a oposição continua dividida.
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Extremismo islâmico continua a ameaçar o Mali
A situação de segurança no Mali mantém-se frágil, apesar da presença de tropas internacionais, como os soldados do Exército alemão em missão de treino, na foto. Nas presidenciais de agosto, após ameaças de radicais islâmicos, várias centenas de um total de 23 mil assembleias de voto são encerradas. Após alguns protestos da oposição, o Presidente Ibrahim Boubacar Keïta é empossado novamente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Nobel da paz para Nadia Murad e Denis Mukwege
A defensora dos direitos humanos iraquiana e o médico congolês dedicam a vida à luta contra a violência sexual como arma de guerra. O ginecologista Denis Mukwege trata mulheres vítimas de violência sexual no hospital de Parzi, que fundou no leste da República Democrática do Congo.
Segundo a Amnistia Internacional, 400 pessoas morreram este ano no conflito entre o Governo dos Camarões e separatistas. As escolas estiveram várias vezes de portas fechadas e o mesmo aconteceu com muitas assembleias de voto nas eleições de outubro. Apenas 53% dos camaroneses conseguiram votar. Paul Byia foi eleito para um oitavo mandato na Presidência.
Foto: DW/H. Fotso
Moçambique: Terror em Cabo Delgado
Homens armados desconhecidos atacam esquadras, incendeiam casas e veículos e disparam contra a população na província nortenha. Os atacantes serão maioritariamente muçulmanos, mas as autoridades rejeitam uma ligação entre os ataques em Cabo Delgado e grupos radicais islâmicos. Em outubro, mais de 200 suspeitos de terrorismo são detidos. Onda de violência já fez 100 vítimas mortais.
Foto: Privat
Da Alemanha para África: Revisão das parcerias
Na cimeira de Berlim, em outubro, faz-se um balanço do programa "Compact with Africa" de cooperação alemã com o continente africano. O número de empresas alemãs a investir em África cresce a um ritmo lento. A chanceler Angela Merkel - na foto, entre o Presidente do Ruanda Paul Kagame e Cyril Ramaphosa, da África do Sul - anuncia um novo fundo de investimento de mil milhões de euros.