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Ataque deixa 26 mortos no Burundi

AP | AFP | EFE | Lusa | cvt
12 de maio de 2018

Ataque contra aldeia no noroeste do país aconteceu na noite de sexta-feira (11.05), a cinco dias da realização de um referendo constitucional. "Terroristas" teriam vindo da RDC, disse ministro da Segurança Pública.

Burundi Cibitoke Landschaft
Vista das montanhas em Cibitoke, província rural no noroeste do BurundiFoto: DW/K. Tiassou

Um grupo de homens armados atacou a comunidade de Ruhagarika, na província rural de Cibitoke, noroeste do país - situada na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC).

Uma sobrevivente disse à agência de notícias Associated Press que os homens armados chegaram por volta das 22 horas (hora local) e "atacaram os lares e atearam fogo nas casas".

Algumas vítimas foram golpeadas com facões e outras baleadas ou queimadas vivas, disse a mulher que perdeu o marido e dois filhos.

O ministro da Segurança Pública do Burundi, Alain-Guillaume Bunyoni, que se encontra na região, confirmou que entre os 26 mortos há 11 menores de 14 anos e sete feridos, que foram transferidos para o hospital da capital, Bujumbura.

O ministro da Segurança Pública do Burundi, Alain-Guillaume BunyoniFoto: Getty Images/AFP

Bunyoni chamou o ataque de trabalho de um "grupo terrorista " que ele não identificou.

Os agressores chegaram da República Democrática do Congo, segundo o ministro, que anunciou que seu Governo está a conversar com o país vizinho para encontrar os "terroristas".

O ministro não deu mais detalhes sobre o ataque.

Referendo constitucional

O ataque acontece faltando cinco dias para a realização de um referendo para aprovar uma reforma constitucional no Burundi, que permitirá ao presidente Pierre Nkurunziza seguir no cargo até 2034.

Os perpetradores e seus motivos ainda não são conhecidos, mas moradores locais disseram que os atacantes cruzaram a fronteira para a RDC após o ataque.

Nas últimas semanas, o Governo enviou soldados para áreas fronteiriças, depois de acusar grupos de oposição exilados de tentarem impedir a votação.

No início deste mês, os Estados Unidos denunciaram "violência, intimidação e assédio "contra aqueles considerados opositores ao referendo e manifestou preocupação com o "processo não transparente"
de mudar a constituição.

Soldados em CibitokeFoto: picture-alliance/dpa/D. Kuroawa

A organização não governamental norte-americana, Human Rights Watch, notou "ampla impunidade" para as autoridades e seus aliados, incluindo a ala jovem do partido no poder, enquanto tentam que a votação favoreça o Presidente.

Onda de violência

O Burundi vive uma onda de violência política desde 2015, quando Nkurunziza anunciou que se apresentaria pela terceira vez às eleições - algo proibido pela atual Constituição e que ele tenta agora modificar no referendo, o que também viola os acordos que acabaram com uma longa guerra civil em 2005.

A repressão se concentrou primeiro nos manifestantes e opositores e, desde o golpe de Estado fracassado em maio de 2015, o Governo a recrudesceu. Estima-se que 1.200 pessoas morreram. Pelo menos 400 mil pessoas foram obrigadas a deixar seus lares, segundo dados das Nações Unidas, que acusam o Executivo de crimes de contra a humanidade.

Muitos no Burundi, um país pobre que ainda depende muito da ajuda externa, temem que uma nova rodada de derramamento de sangue aconteça após o referendo, independente dos resultados.

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