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Ataque em Cabo Delgado preocupa comunidade

Lusa
18 de setembro de 2023

Em Moçambique, homens armados atacam acampamento de pescadores e saqueiam alimentos em Cabo Delgado. Estado Islâmico reivindica execução de cristãos. O conflito persiste na região.

Além dos alimentos, os rebeldes levaram as canoas dos pescadores.Foto: Privat

Um grupo supostamente composto por rebeldes invadiu um acampamento de pescadores e roubou alimentos, na tarde de quinta-feira (14.09), no distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram hoje (18.09) à Lusa fontes locais.

O acampamento invadido estava no lago Nguri, na localidade de Miangalewa, posto administrativo de Chitunda, e, segundo fonte local, além saquear alimentos, os rebeldes terão destruído a infraestrutura improvisada que lá existia.

"Quando chegaram, começaram a disparar e nós fugimos sem levar nada para Miangalewa. Levaram a nossa comida e incendiaram as palhotas", contou à Lusa uma fonte local.

Uma outra fonte de Muidumbe disse que, além dos alimentos, os rebeldes levaram as canoas dos pescadores.

 "Usaram as nossas próprias canoas para transportar a comida que eles roubaram", lamentou um pescador a partir da localidade de Miangalewa. 

A Forca Local, grupo de antigos combatentes da luta de libertação que apoiam as forças governamentais, foi contactada, mas chegou tarde ao local, indicou a fonte, avançando que o ataque não deixou vítimas mortais. 

Relatos de novas incursões dos rebeldes no norte de Moçambique têm sido comuns nos últimos dias.

População em fuga no norte de Moçambique

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Execução de cristãos

A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou, através dos seus canais de propaganda,ter executado 11 cristãos em Moçambique, no distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado.

Fontes locais ouvidas no domingo pela Lusa avançam que o ataque terá ocorrido em Naquitenge, uma aldeia do interior do distrito de Mocímboa da Praia.

Estas incursões ocorrem menos de um mês depois do anúncio, em 25 de agosto, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, da eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.

Bonomade Machude Omar, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi visado pela segunda fase da denominada operação "Golpe Duro II" do exército moçambicano.

O líder extremista era descrito por vários especialistas como "uma simbiose entre brutalidade e justiceiro", constando da lista de "terroristas globais" dos Estados Unidos e alvo de sanções da União Europeia.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo -- em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região - as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu esta semana "mais de 2.000" vítimas mortais.

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