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Ataque terrorista deixa mais de 270 mortos em Mogadíscio

Lusa | Reuters | AP | EFE | kg | mjp
16 de outubro de 2017

Atentado mais mortal da história do país africano deixa pelo menos 276 mortos e 350 feridos. Nenhum grupo reivindica autoria, mas autoridades atribuem ataque ao grupo extremista Al-Shabab.

A bomba explodiu no exterior de um hotel de MogadíscioFoto: Getty Images/AFP/M. Abdiwahab

Destruição e desespero em Mogadíscio

01:15

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O ataque com um camião amadilhado perpetrado perto de um hotel este sábado (14.10) em Mogadíscio, na Somália, matou ao menos 276 pessoas e deixou outras 350 feridas. Trata-se do ataque mais mortal da história do país africano.

Nenhum grupo extremista assumiu a autoria do atentado, mas o ministro da Informação da Somália, Abdirahman Osman, afirmou que o ataque foi provavelmente realizado pela milícia Al-Shabab. Este domingo (15.10), na rede social Twitter, o ministro da Informação classificou o ataque como "bárbaro", e indicou que países como a Turquia e o Quénia já ofereceram ajuda médica.

O Presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, declarou três dias de luto e apelou que a população doe sangue nos hospitas para ajudar os feridos.

Destruição e desespero em Mogadíscio

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"Foi um incidente trágico, um sinal de que a Al-Shabab continua a atingir civis inocentes. Os somalis têm de conhecer, hoje mais do que nunca, os planos diabólicos do grupo. Perdemos pessoas de valor na sociedade. Vamos unir-nos na luta contra o grupo terrorista que está a ameaçar a nossa paz e estabilidade. Vamos esquecer as diferenças e trabalhar para melhorar a nossa sociedade", afirmou o Presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed.

O camião explodiu nas imediações do hotel Safari, situado numa movimentada rua da capital somali no distrito de Hodan e muito frequentado por estrangeiros. O hotel também fica próximo ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Somália.

Segundo o capitão da polícia de Mogadíscio, Mohamed Hussein, o camião tinha suscitado suspeitas e estava a ser seguido por agentes no momento em que explodiu.

O Al-Shabab está a intensificar os ataques contra bases militares no sul e centro do país. Outra explosão ocorrida horas depois do primeiro ataque deixou mais mortos no distrito de Madina, em Mogadíscio.

Explosão de camião armadilhado causou destruição no centro da capital somaliFoto: Reuters/F. Omar

Luto

Segundo a imprensa somali, a maioria dos mortos eram civis, principalmente vendedores ambulantes. Pelo menos cinco voluntários da organização humanitária do Crescente Vermelho da Somália morreram no atentado.

Neste domingo (15.10), os sentimentos dominantes entre a população eram o luto, a perplexidade e a revolta. "Não há nada que eu possa dizer. Perdemos tudo", disse Zainab Sharif, que é mãe de quatro crianças e perdeu o marido.

16.10 Actualidade: Somália / Atentado - MP3-Mono

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As autoridades admitem que o número de vítimas do atentado de sábado pode vir a aumentar, numa altura em que os hospitais estão sobrelotados e não dispõem de medicamentos suficientes e sangue para as transfusões. Está em curso uma campanha de doação de sangue nos principais hospitais do país e o Presidente foi o primeiro a juntar-se à iniciativa, apelando a "todo o povo somali" para que faça o mesmo.

"O que vimos é muito invulgar. O hospital está sobrelotado com mortos e feridos. Recebemos pessoas mutiladas nas explosões. Isto é horrível, nunca vimos nada assim", disse Mohamed Yusuf, diretor do hospital Medina, na capital somali.

No local do atentado, prosseguem as operações para encontrar sobreviventes nos destroços. Vários edifícios nos locais das explosões ficaram completamente destruídos. O Governo somali dispensou militares para ajudar os serviços de emergência nas buscas.

"Vamos continuar a trabalhar noite e dia, enquanto houver sobreviventes. Este domingo, salvámos um homem que não conseguia respirar quando o retirámos dos destroços. Depois de ter sido tratado, pediu-nos um telemóvel para ligar à família. É algo que vai alegrar todos aqueles que o virem", afirmou Thabit Abdi Mohamed, presidente da câmara de Mogadíscio.

Revolta

Entretanto, este domingo, mais de duas mil pessoas saíram à rua em Mogadíscio em protesto contra o atentado. "Foi um massacre aquilo que aconteceu no sábado. Eu nunca vi nada assim nos últimos 27 anos. Vi a cabeça de um menino no chão e a sua mãe e outras crianças também decapitadas na explosão. As pessoas entrerraram partes de corpos separadamente porque as recolheram em separado. É algo muito chocante", desabafou uma mulher.

"O nosso país foi vendido pela população e não temos fé na proteção do país, quando temos um conflito que dura há 27 anos. Pedimos a Deus paz para o nosso país", disse outra cidadã somali.

Reação internacional

O Departamento de Estado de dos Estados Unidos condenou, neste domingo, o "covarde" atentado. "Os EUA condenam nos termos mais enérgicos os ataques terroristas que mataram e feriram centenas de pessoas em Mogadíscio", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauer.

Paris, Londres, Washington, Ancara e a União Africana também condenaram o atentado e ofereceram apoio à Somália para enfrentar a ação terrorista.

Em comunicado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu "a todos os somalis que se unam à luta contra o terrorismo e o extremismo violento e trabalhem lado a lado na construção de um Estado funcional e inclusivo".

O chefe da ONU enviou suas condolências às famílias afetadas, desejou uma pronta recuperação aos feridos e elogiou os serviços de emergência e os habitantes de Mogadíscio por sua mobilização para atender as vítimas.

A União Africana mantém no país uma força de cerca de 22 mil militares para apoiar o Governo central contra os radicais islâmicos da Al-Shabab, aliados da rede terrorista Al-Qaeda.

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