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Ataques a calvos aumentam na Zambézia, em Moçambique

12 de setembro de 2017

Governador da província pede ajuda à população depois de vinte mortes, segundo as autoridades, nos últimos sete meses. Crenças populares seriam o motivo por trás dos assassinatos.

Mann mit Glatze
Foto: Getty Images/C. Hondros

Gonçalves Vilanculos diz que teme pela sua vida após ouvir as notícias de assassinatos de pessoas, aparentemente, pelo fato de serem carecas. "Tenho muito medo, sou uma das pessoas calvas. E em uma situação como essa, em que outros estão a ser mortos, qualquer um não se sente à vontade", afirma Vilanculos. "Todos dias, ganho coragem e me arrisco a circular", diz o moçambicano.

Segundo as autoridades, 20 pessoas calvas foram mortas nos últimos sete meses na província da Zambézia. Além disso, há túmulos em cemitérios familiares que têm sido vandalizados para a retirada de ossadas — alegadamente usadas em rituais tradicionais.

Ataques a calvos aumentam na Zambézia, em Moçambique

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O jornalista Jocas Achar critica a fraca prontidão da polícia, fala em um problema sério e pede uma maior intervenção do Estado. "Estamos a viver uma situação em que um homem caça o outro homem", sustenta o jornalista. Ao falar sobre a questão, Achar lamenta a "perda de valores sociais e humanos que o nosso país está a enfrentar."

Moisés Caetano, da Direção Provincial do Género e Ação Social da Zambézia, também está preocupado e pede mais patrulhamento. "Não sei o que se passa, mas estes crimes não são característicos da República de Moçambique, a polícia devia reforçar a patrulha", declara Caetano.

Cooperação com o Malawi

A polícia coopera desde maio com as autoridades do vizinho Malawi para combater este tipo de crime. Segundo o comandante provincial, Francisco Madiguida, o assunto é tratado com muita seriedade. "Temos efetivamente esta informação e já estamos a controlar ela", defende. 
A polícia refere ainda que, quando a cooperação começou, os homicídios reduziram durante dois meses. Mas o número de ataques a pessoas calvas voltou a aumentar nos últimos tempos. Por isso, o governador da Zambézia, Abdul Razak, pede a ajuda da população. "Toda a sociedade deve trabalhar — não só o governo, não só as autoridades policiais —e estar atenta a estas situações, que são anormais na nossa província", diz o governador, que conclui: "Apelamos aos líderes religiosos e comunitários a denunciarem essas ações criminosas."

Abdul Razak, governador da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia
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