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Moçambique: População "continua a circular" em Cabo Delgado

Lusa
17 de fevereiro de 2024

O governador de Cabo Delgado, norte de Moçambique, afirmou que a província permanece ativa e que a população "continua a circular", após a Embaixada de França ter alertado contra deslocações ao território.

Ataques armados provocaram nova onda de deslocados no Norte de Moçambique
Ataques armados provocaram nova onda de deslocados no Norte de MoçambiqueFoto: Bernardo Jequete/DW

"A província continua ativa, as atividades estão em curso. A população continua a circular e a realizar as suas atividades. Quem vem visitar Cabo Delgado visita da melhor forma, realiza as suas atividades e regressa para a sua origem sem percalços", afirmou Valige Tauabo.

A Embaixada de França em Moçambique está a apelar aos cidadãos franceses para não viajarem para as cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, em Cabo Delgado, devido à "ameaça terrorista".

"Devido à presença de uma ameaça terrorista e de rapto nas cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, é fortemente recomendado não viajar para estas cidades, bem como viajar nas estradas que ligam estas localidades", lê-se numa mensagem aos viajantes publicada pela Embaixada de França em Maputo.

"Ficamos preocupados porque são os nossos primeiros parceiros", reagiu ainda Valige Tauabo, defendendo que este é "o melhor momento" para os empresários definirem o investimento em Cabo Delgado.

"Depois vai encontrar tudo ocupado e fica tarde", apontou, reconhecendo ainda assim que o alerta da Embaixada da França serve como uma forma de aumentar a vigilância na província.

A multinacional francesa TotalEnergies tem planeada a construção de uma central nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, avaliada em 20 mil milhões de dólares (cerca de 18,6 mil milhões de euros), mas a obra está suspensa desde 2021 devido aos ataques terroristas.

Ataques dispersos

Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira (14.02) a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas, um dos mais violentos em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre.

Contudo, o administrador distrital de Macomia, Tomás Badae, confirmou na segunda-feira que os grupos de insurgentes que atuam em Cabo Delgado atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no distrito.

O ataque aconteceu entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado passado, no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia: "Tomaram, sim, a posição e assaltaram-na, mas não temos mais informação se ainda estão lá ou já abandonaram".

Na terça-feira foi confirmado o ataque, também agora reivindicado pelo EI, no distrito de Chiúre, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

O ataque começou na tarde de segunda-feira (12.02) e prolongou-se até quase à meia-noite. 

O alvo foi a sede do posto administrativo de Mazeze, no interior do distrito de Chiúre, onde os rebeldes atearam fogo ao hospital, secretaria do posto administrativo e a residência da chefe do posto administrativo, avançou o administrador distrital de Chiúre.

"As infraestruturas estão basicamente destruídas", disse Oliveira Amimo, acrescentando que os rebeldes destruíram a capela pertencente à Igreja Católica.

"A parte de infraestruturas privadas, a capela dos padres, também foi destruída e neste momento o inimigo continua nas matas", acrescentou.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

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