Três deputados da oposição no Uganda denunciaram que as suas casas foram atacadas com granadas e outros explosivos. Os parlamentares estão contra a abolição do limite de idade de 75 anos para os candidatos à Presidência.
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Segundo o deputado Moses Kasibante, uma granada foi atirada contra a sua casa no início desta semana. A polícia tratou o assunto como um caso isolado. No entanto, na terça-feira (03.10) foram atacados outros dois deputados: Allan Sewanyana e Robert Kyagulanyi.
O projeto de lei é visto como uma tentativa de permitir que o Presidente Yoweri Museveni prolongue a ocupação do cargo. Museveni, de 73 anos, governa o Uganda desde 1986, mas já não poderá concorrer à reeleição, em 2021, porque a Constituição do país coloca um limite de idade de 75 anos para os candidatos presidenciais.
Allan Sewanyana, Robert Kyagulanyi e outros deputados foram retirados com violência do Parlamento por agentes de segurança. Foram acusados de desrespeitar a ordem parlamentar, quando tentaram obstruir o processo, cantando repetidamente o hino nacional. Pelo menos dois deputados ficaram feridos nos confrontos - um deles continua hospitalizado.
Deputados sob ameaça
"Ninguém foi ferido ainda, mas não posso dizer que estamos seguros", contou à DW África Robert Kyagulanyi, que antes dos ataques com granadas já tinha sido ameaçado.
Ataques com granadas contra deputados do Uganda
"Isto aconteceu depois de numerosas ameaças à minha vida - mensagens enviadas através de pessoas e telefonemas que tenho recebido. As ligações foram sempre anónimas, mas o objectivo era claro: eu deveria manter a minha boca fechada e parar de me opôr à campanha contra o limite de idade", relata o deputado, garantindo que nenhuma ameaça o impedirá de defender a Constituição.
"Estou com medo, mas não vou desistir. Sou um representante do povo", afirma o deputado Allan Sewanyana, cuja casa também foi atacada. A luta continua e cabe a todos os ugandeses proteger a Constituição do país, defende. "O que mostra a seriedade dessa luta são os ataques que começaram agora contra nós, especialmente ataques envolvendo armas", sublinha.
A polícia confirmou os ataques. O comandante da Polícia Metropolitana de Kampala, Frank Mwesigwa, disse aos jornalistas que as granadas destinam-se a causar medo e pânico.
"Estas são granadas de mão, mas com um efeito menos destrutivo. Acredito que o propósito é apenas causar medo".
O partido no poder no Uganda goza de uma esmagadora maioria na assembleia nacional e espera-se que o projeto de lei seja aprovado. O limite de mandatos presidenciais foi retirado da Constituição do Uganda em 2005.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.