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Sofala: Moradores com medo de voltar às suas casas

Arcénio Sebastião (Beira)
3 de fevereiro de 2020

Mais de 90 pessoas estão refugiadas na vila de Nhamatanda, na província de Sofala, centro de Moçambique. Os populares receiam ataques na região, atribuídos a homens armados da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO.

Ataque de homens desconhecidos em Mecombezi (foto de arquivo, 2019)Foto: DW/A. Sebastião

Dezenas de pessoas fugiram das suas casas na localidade de Macorococho, depois de um ataque de homens armados a 20 de janeiro que fez quatro vítimas mortais, incluindo uma mulher grávida. Duas semanas depois, 91 pessoas continuam refugiadas no recinto do comité distrital da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na vila de Nhamatanda.

Os moradores recusam voltar às zonas de origem. "Sofri muito lá, até dormi no mato com chuva", conta uma refugiada.

Os atacantes incendiaram um hospital, residências de enfermeiros e de técnicos da administração local, além de arquivos da secretaria administrativa e da casa do chefe local.

"Todas as infraestruturas do Estado ficaram danificadas", diz Felisberto José, chefe da localidade de Macorococho. E, neste momento, os habitantes "não têm nem sequer uma coisa para poder sobreviver lá".

Sofala: Moradores com medo de voltar às suas casas

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Terrenos para deslocados

A autoproclamada "Junta Militar", composta por tropas dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e liderada por Mariano Nhongo, tem sido apontada nos últimos meses pelo Governo como autora de ataques armados nas estradas e aldeias do centro de Moçambique.

Segundo o chefe da localidade de Macorococho, os homens responsáveis pelo ataque de 20 de janeiro seriam provenientes de uma comunidade vizinha, situada no distrito de Búzi: "Eles não vivem na localidade de Macorococho, eles estão noutra margem muito próxima, porque Macorococho faz fronteira com Gruja. Então, Macorococho tem sido o local de lazer deles", afirma José.

A polícia ainda não se pronunciou sobre o sucedido.

Felisberto José diz que, neste momento, as autoridades governamentais e municipais estão a preparar parcelas de terreno na vila de Nhamatanda, onde os deslocados poderão erguer moradias.

"Já foi identificada uma área onde agora se está a fazer limpeza", diz. "É uma área comum onde vão estar parceladas algumas porções para estas [famílias] viverem em comum, onde cada família vai construir a sua barraca".

O ataque de 20 de janeiro aconteceu dois dias depois da tomada de posse do Governo saído das eleições de outubro, em que o candidato da FRELIMO, Filipe Jacinto Nyusi, saiu vitorioso. O maior partido da oposição, a RENAMO, denunciou, no entanto, uma alegada "fraude eleitoral".

Sofala: Populares abandonam casas com medo de novos ataques

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