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Ataques na África do Sul: Ministro alerta contra retaliação

Lusa
7 de março de 2023

"Isso não é ser moçambicano", diz ministro dos Transportes, após ataque a furgão sul-africano em Maputo. "Há a promessa" de que violência contra veículos moçambicanos no país vizinho "vai parar", garante Mateus Magala.

Foto ilustrativa: Estrada em MaputoFoto: picture-alliance/A. Petrovic

O ministro moçambicano dos Transportes apelou esta segunda-feira (06.03) para que não haja retaliações aos ataques na África do Sul, ao comentar o fogo posto a um furgão de passageiros sul-africano, sem vítimas, poucos quilómetros depois de sair de Maputo.

"Isso não é [ser] moçambicano: queimar, retaliar queimando os bens dos outros, não é o que nos identifica, a nossa estratégia nunca pode ser dente por dente, olho por olho", referiu Mateus Magala, à margem de uma conferência de imprensa sobre o setor.

"Nós condenamos o que tem acontecido na África do Sul e o Governo está envolvido" com as autoridades sul-africanas, referiu. Mateus Magala disse que "há a promessa" de que a violência contra veículos de transporte coletivo moçambicanos em KwaZulu-Natal "vai parar, mas pronto: parece que no sábado houve um acidente igual e talvez seja o que provocou esta reação".

"Queremos apelar a todos os moçambicanos para manterem a calma, a cidadania que nos diferencia e acreditar que o Governo e todas as forças vivas vamos encontra uma solução para ultrapassar este mal", disse o ministro dos Transportes.

O governante destacou que Moçambique e África do Sul "têm relações históricas, são irmãos e essa irmandade temos de manter, tem muito valor".

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Violência e destruição

Indivíduos desconhecidos incendiaram esta segunda-feira um furgão com matrícula sul-africana na vila da Bela Vista, província de Maputo, sul de Moçambique, depois de uma onda de violência contra veículos com matrícula moçambicana no país vizinho.

A viatura de cor branca ficou completamente destruída, testemunhou a agência Lusa, enquanto o que restou do veículo era rebocado para uma oficina por um civil chamado ao local pela polícia. "Nem preciso falar, vê-se que isto já não é carro", disse à Lusa Fayaze Calu, o dono do reboque que transportava o veículo destruído.

No local do incêndio, que aconteceu em plena luz do dia, veem-se estilhaços de vidro, ferro retorcido, bocados de alcatrão descolados pelo fogo e moedas do dinheiro sul-africano, o rand. Populares contaram à Lusa que os indivíduos que deitaram fogo à viatura mandaram os passageiros que seguiam no carro descerem.

O veículo seguia no sentido Maputo-Durban, na África do Sul, quando foi barricado e depois destruído. Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma bola de fogo e uma enorme nuvem de fumo escuro, enquanto o carro ardia.

A polícia moçambicana anunciou que está no encalço dos criminosos, segundo o correspondente da DW em Maputo.

O incidente é semelhante àqueles de que têm sido alvo os operadores moçambicanos, cerca de 100 quilómetros a sul, na mesma via, mas já em território sul-africano. No último mês, vários automóveis e veículos de transporte coletivo com matrícula moçambicana foram incendiados por desconhecidos na província do Kwazulu-Natal, numa ação relatada por populares como retaliação face a uma onda de roubos de veículos, supostamente contrabandeados para Moçambique.

As autoridades moçambicanas e sul-africanas analisaram em fevereiro a tensão vigente na fronteira da Ponta do Ouro, mas os resultados dessa reunião não foram dados a conhecer.

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