Pelo menos 86 pessoas foram mortas em ataques de criadores de gado nómadas contra fazendeiros no centro da Nigéria, segundo a polícia. A região tem sido afetada por uma vaga de violência entre comunidades.
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Segundo a comissária de polícia Undie Adie, um inquérito realizado no sábado (23.06) nas aldeias da região de Barikin Ladi, no estado de Plateau, permitiu determinar que, no total, "86 pessoas foram mortas".
Adie precisou que seis pessoas ficaram feridas no ataque e 50 casas foram incendiadas.
Horas antes, um recolher obrigatório tinha sido instaurado na região abalada há vários dias por confrontos entre criadores de gado e fazendeiros.
O recolher obrigatório entrou imediatamente em vigor "para evitar uma rutura da lei e da ordem", declarou um porta-voz do governo do estado de Plateau, Rufus Bature.
Insegurança em Plateau
No domingo, jovens da etnia Berom ergueram barricadas na estrada entre Jos (capital estadual) e Abuja (capital federal) para atacar os automobilistas que parecessem "fulas e muçulmanos", segundo viajantes que escaparam aos ataques.
Polícias e militares confirmaram os ataques aos veículos, sem fornecer qualquer balanço. Mas, segundo um dos viajantes, Baba Bala, pelo menos seis pessoas foram hoje mortas nesse eixo rodoviário nesses ataques.
"Eu fugi de lá, com vidros partidos e danos no meu carro. Vi seis cadáveres e vários veículos destruídos", relatou.
Estes atos de violência inscrevem-se num ciclo de ataques e de represálias entre as comunidades de criadores de gado e de agricultores da região.
Nigéria: Dar e receber para sobreviver
Fugiram do grupo terrorista Boko Haram e vivem sem dinheiro no campo de refugiados de Bakasi, na Nigéria. A troca de produtos foi a solução que muitos encontraram para sobreviver e satisfazer necessidades básicas.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Alguma autonomia
Os alimentos e os produtos doados nem sempre são os desejados. Dinheiro e trabalhos remunerados são raros no campo de refugiados de Bakasi, no nordeste da Nigéria. Com a troca de produtos, os refugiados encontraram uma maneira de satisfazer as suas necessidades.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Dinheiro significa corrupção
"Nós não ganhamos dinheiro. Por isso é que fazemos as trocas", explica Umaru Usman Kaski. O refugiado quer trocar um molho de lenha no valor de 50 nairas (cerca de 11 cêntimos de euro) por alimentos para a família de oito membros. Muitos residentes preferiam receber dinheiro. Mas o risco é grande porque a corrupção na rede de distribuição do campo é generalizada.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Arroz em troca de farinha
Falmata Madu (à dir.) troca arroz pela farinha de milho de Hadisa Adamu. As refugiadas fazem parte dos dois milhões de pessoas que fugiram do Boko Haram. Uns refugiaram-se no interior do país, outros no estrangeiro. Há mais de oito anos que o grupo terrorista aterroriza o nordeste da Nigéria, onde quer estabelecer um califado. Segundo a ONU, esta é uma das piores crises humanitárias mundiais.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Milhares de refugiados
Há 670.000 refugiados nos vários campos espalhados pelo nordeste da Nigéria. No campo de Bakasi, nos arredores da cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, vivem 21 mil pessoas. Em troca do seu milho, Falmata Ahmadu recebe folhas de amaranto de Musa Ali Wala.
Foto: Reuters/A. Sotunde
"Não havia mais nada"
Abdulwahal Abdulla não gosta muito de peixe. Mas as pequenas tilápias foram a única coisa que conseguiu comprar porque os produtos são muitos escassos. Em vez do peixe seco, que custou 150 nairas (cerca de 36 cêntimos de euro), o refugiado de 50 anos, que vive no campo de Bakasi há três anos, preferia ter comprado óleo.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Necessidades alteram-se
Nasiru Buba (à dir.) comprou detergente com o dinheiro que conseguiu a trabalhar como porteiro na cidade. Na altura, não precisava de nada especial. Agora precisa urgentemente de amendoins, mas já não tem dinheiro. "A minha mulher acabou de ter um bébé, mas não tem leite", diz Buba. Acredita-se que os amendoins estimulam a produção de leite.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Violência sem fim à vista
Maiduguri é considerada o berço do Boko Haram e centro de violência. Em finais de dezembro de 2017, pelo menos nove pessoas morreram num ataque do grupo terrorista na capital do estado de Borno. Face a este cenário, é pouco provável que os refugiados deixem o campo de Bakasi em breve. Por enquanto, a troca direta de bens deverá continuar.