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Ataques terroristas no norte do Benim deixam país em alerta

Katrin Gänsler
24 de março de 2022

O extremismo está a alastrar-se no Benim. Ataques recentes na região norte do país têm originado tensão e desconfiança. Especialistas veem-nos como uma ameaça à coexistência pacífica entre as diferentes religiões.

Foto: Ludovic Marin/AFP/Getty Images

O  terrorismo islâmico na região norte de Benim está a colocar o país em alerta.

A República da África Ocidental, onde vivem 13 milhões de pessoas, tem sido até agora considerada exemplar quando o assunto é a convivência entre diferentes religiões.

De acordo com Boris Kpenetoun, secretário adjunto para o Diálogo Inter-religioso na Conferência Episcopal Católica do Benim, não há sinais de deterioração das relações.

"Não temos nada a ver com extremismo. Estamos aqui para rezar a Deus, para obter a sua graça, para sermos redimidos", disse.

Convivência entre religiões

A par do cristianismo e do islamismo, oficialmente cerca de 6% da população pertence ao voodoo, uma religião antiga que também é reconhecida.

Contudo vários ataques que recentemente abalaram o norte do país têm causado tensão e desconfiança. Entre finais de novembro e o início de fevereiro, grupos suspeitos de terrorismo levaram a cabo três ataques, nomeadamente nas cidades de Porga e Banikoara.

Imã Hanasse AlidouFoto: Katrin Gänsler/DW

O imã Hanasse Alidou mostra-se preocupado e distancia o terrorismo do Islão. "Se alguém não pertence à nossa religião, não devemos forçá-lo e muito menos matá-lo. Pelo contrário, o Alcorão diz que quem mata alguém injustamente, mata toda a humanidade", sublinha.

"Também somos inimigos dos terroristas. A nossa função é sensibilizar as pessoas. Sempre que rezamos na mesquita pedimos que o norte do Benim não se transforme no Mali ou na Nigéria", explica Alidou.

Crescimento do Islão

As redes islâmicas têm vindo a crescer cada vez mais. Nos países vizinhos Burkina Faso e Níger, vivem-se grandes crises de segurança onde as organizações islâmicas estão ativas. E há vários anos que a violência também tem vindo a aumentar no noroeste da Nigéria.

Radji Saïbou, secretário-geral da ONG internacional "Religiões pela Paz", exige que a luta contra o terrorismo não seja limitada aos países do Sahel.

"O Benim deve ser incluído, bem como o Gana e a Costa do Marfim, uma vez que faz fronteira com o Mali e o Burkina Faso. É necessária uma abordagem global", afirmou.

O Benim teme também uma possível influência exercida por Estados como o Kuwait e a Arábia Saudita. Através da construção de mesquitas, tornaram-se já omnipresentes ao redor de Parakou, a terceira maior cidade do país.

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