Ataque contra mercado de Natal no bairro de Charlottenburg faz pelo menos 12 mortos e 48 feridos. A polícia da Alemanha fala de atentado terrorista. O motorista do camião foi capturado.
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Pelo menos 12 pessoas morreram na segunda-feira à noite em Berlim quando um camião irrompeu sobre um mercado de Natal junto à Igreja Memorial do Imperador Wilhelm de Berlim, a famosa Kaiser-Wilhelm-Gedächniskirche. Segundo o balanço mais recente da polícia alemã, 48 pessoas ficaram feridas, algumas delas estão em estado grave.
O condutor do camião foi detido pela polícia. De acordo com informação avançada pelo jornal Die Welt e confirmada pela agência de notícias dpa trata-se de um homem que entrou na Alemanha em fevereiro como refugiado, sendo provavelmente de origem paquistanesa ou afegã.
Foi atentado, confirma a polícia alemã
Atentado terrorista em Berlim
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Na manhã desta terça-feira a polícia alemã confirmou no Twitter: "Estamos agora em condições de confirmar que foi um atentado e não um acidente." A polícia de Berlim informou que o camião, com matrícula polaca e carregado com vigas de aço, pode ter sido roubado. O segundo ocupante do camião, de nacionalidade polaca, foi encontrado morto dentro da viatura e está entre as doze vítimas mortais.
Quando o camião atingiu o mercado de Natal no bairro de Charlottenburg eram oito horas da noite na Alemanha. O mercado estava cheio.
Na televisão pública alemã, o ministro do Interior alemão Thomas de Maizére admite que tudo aponta para um ataque terrorista: “Em representação do governo alemão quero dizer que todos estamos devastados com as notícias. Rezamos pelos familiares daqueles que morreram e esperamos que os feridos recuperem. Quero agradecer a todas as equipas de resgate e à polícia que chegaram ao local imediatamente. Ativámos a nossa equipa de reação. Estamos a interrogar um suspeito. Nós ainda não temos conclusões sobre o que estará por trás deste incidente, mas não vamos descansar até que tudo esteja esclarecido.”
População de Berlim em choque
20.12.2016 Ataque em Berlim - MP3-Mono
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Anselm Lange é o presidente da paróquia da Igreja Memorial do Imperador Wilhelm. Chegou ao local do incidente 30 minutos depois. Em entrevista à DW disse o seguinte: "Temos que ter em mente que este mercado de Natal é muito popular. Está cheio de pessoas às oito da noite. Pessoas que se empurram umas às outras, como é suposto ser num mercado de Natal. Se olharmos para o camião, vê-se que o chalé foi esmagado, portanto é fácil imaginar a destruição e o trauma que este incidente causou".
Uma testemunha contou à agência Reuters o momento de pânico: “Eu estava junto à entrada do mercado de Natal quando ouvi um barulho muito alto e fui atirada para o chão devido ao colapso de um dos chalés de natal. Foi quando me levantei que percebi que havia muitas pessoas no chão que não se moveram nunca mais”, disse a jovem berlinense que não se identificou.
Há muitos feridos internados nos hospitais
Ontem ao final da noite os corpos de algumas das vítimas continuavam no local, tapados por folhas de plástico, enquanto a polícia recolhia indícios. Toda a área foi selada pelas autoridades para o decurso das investigações. Sven Gerling, porta-voz da brigada dos bombeiros, relata que há muitas das vítimas, muitas delas gravemente feridas: "Os feridos estão profundamente traumatizados. Sofreram graves lesões físicas, mas também psicológicas. Tivemos vários médicos de emergência no local e agora temos que ver quanto tempo é que os feridos terão de ficar no hospital".
É esperado que sejam revelados mais detalhes sobre o incidente numa conferência de imprensa marcada pelas autoridades da cidade para a tarde desta terça-feira.
História dos ataques terroristas na Europa
Desde o ano de 2003, ataques conduzidos por terroristas assombram a Europa. Nesta galeria, apresentamos uma cronologia.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Dezembro de 2016: Berlim - Alemanha
A 19 de dezembro, um camião avança contra um dos maiores mercados natalinos em Berlim. Houve doze mortos e 55 feridos. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico. O autor, o tunisino Anis Amri, foi abatido pela polícia italiana durante a sua fuga. O ataque ocorreu na Breitscheidplatz, praça conhecida pela igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächniskirche, símbolo da destruição da Segunda Guerra Mundial.
Foto: REUTERS/P. Kopczynski
Julho de 2016: Würzburg - Alemanha
No dia 18 de julho de 2016, um jovem de 17 anos atacou passageiros num combioi regional em Würzburg, no estado da Baviera no sul da Alemanha. Com um machado e uma faca, ele deixou cinco feridos. O agressor de nacionalidade afegã tinha entrado na Alemanha em junho de 2015, como um requerente de asilo, e foi morto pela polícia durante a fuga. O "Estado Islâmico" reivindicou o ataque.
Foto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand
Julho de 2016: Nice - França
Um camião avançou sobre uma multidão em Nice, no sul da França, no dia 14 de julho de 2016, durante as festividades do Dia da Bastilha. 84 pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas em estado grave. O Presidente francês, François Hollande, classificou o ataque de atentado terrorista e declarou o estado de emergência no país por três meses.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Julho de 2016: Istambul - Turquia
No dia 28 de junho de 2016, três homens-bomba atacaram o Aeroporto Atatürk de Istambul, o terceiro maior da Europa. Mais de 40 pessoas morreram e mais de 230 ficaram feridas. Chama a atenção o fato de o ataque ter ocorrido dois dias antes do segundo aniversário da proclamação do califado do "Estado Islâmico" (EI), o que sugere uma nova fase da estratégia do grupo terrorista islâmico na Turquia.
Foto: Reuters/M. Sezer
Março de 2016: Bruxelas - Bélgica
No dia 22 de março de 2016, dois terroristas explodiram malas com explosivos na área de embarque do Aeroporto Internacional de Zaventem, em Bruxelas. Minutos depois, outra bomba foi detonada por outro terrorista suicida na estação de metro de Maelbeek, no bairro onde ficam escritórios da Comissão Europeia. 32 pessoas morreram e mais de 300 foram feridas.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Waem
Março de 2016: Ancara - Turquia
A Turquia sofreu vários atentados desde junho de 2015. Istambul e Ancara são as cidades mais visadas. Em 13 de março de 2016, um carro-bomba matou 37 pessoas e deixou 125 feridos. A violência é uma resposta à ação turca na guerra civil síria.
Foto: Reuters/U. Bektas
Novembro de 2015: Paris - França
Uma série de ataques a tiros e bombas em diversos pontos da capital francesa deixou 130 mortos. O maior número de vítimas foi registrado na casa de espetáculos Bataclan, que foi invadida por um grupode atiradores que dispararam a esmo. O local estava lotado. O grupo terrorista islâmico sunita "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria dos ataques.
Foto: Getty Images/AFP/K. Tribouillard
Junho de 2015: Saint-Quentin-Fallavier - França
Um ataque contra uma fábrica de gás na cidade de Saint-Quentin-Fallavier, próximo a Lyon, no leste da França, deixou um morto e vários feridos. Um corpo decapitado foi encontrado próximo à fábrica de gás, ao lado de uma bandeira islâmica.
Foto: picture-alliance/dpa
Janeiro de 2015: Paris - França
Um ataque ao semanário Charlie Hebdo, em Paris, matou 12 pessoas. O Presidente francês, François Hollande, condenou o atentado, classificando o ato como uma barbaridade extraordinária. Políticos e jornalistas na Europa dizem que o atentado à redação do "Charlie Hebdo" foi um ataque à liberdade de imprensa no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Photo/T. Camus
Maio de 2014: Bruxelas - Bélgica
Um homem armado abriu fogo na entrada do museu judaico, em Bruxelas, no dia 24 de maio de 2014, matando quatro pessoas. Após a sua identificação em França, ele foi extraditado para a Bélgica. Suspeita-se de que o homem, de nacionalidade francesa, teria combatido na Síria por mais de um ano ao lado de guerreiros islâmicos. Ele já esteve na prisão por roubo.
Foto: Reuters
Março de 2012: Toulouse - França
Entre 11 e 22 de março de 2012, a França foi tomada pelo medo. Um homem numa motocicleta baleou dois soldados. Oito dias depois, em 19 de março, ele matou três estudantes e um professor de uma escola judaica. No dia 22 de março, os policiais invadiram a residência do terrorista e mataram-no.
Foto: AP
Novembro de 2011: Paris - França
O semanário "Charlie Hebdo" já havia sido alvo de ataques há quase quatro anos. Um coquetel molotov foi arremessado para dentro da redação, mas ninguém ficou ferido. A pessoa que cometeu o atentado não foi identificada até hoje. O motivo do ataque, supostamente, foram as publicações críticas ao islã. O periódico está há bastante tempo sob proteção policial.
Foto: picture-alliance/abaca
Dezembro de 2010: Estocolmo - Suécia
No dia 11 de dezembro, duas bombas explodiram numa área comercial bastante movimentada da capital sueca. Duas pessoas ficaram feridas. O autor do atentado, um iraquiano de 28 anos, cometeu suicídio.
Foto: AFP/Getty Images/J. Nackstrand
Julho de 2005: Londres - Inglaterra
Quatro ataques suicidas aconteceram quase simultaneamente nas principais vias da capital inglesa na manhã do dia 7 de julho de 2005. Três bombas explodiram em linhas do metropolitano de Londres e uma num autocarro de dois andares. No total, 52 pessoas morreram, incluindo os quatro terroristas. Estes atentados foram os piores da história da Grã-Bretanha.
Foto: picture-alliance/dpa/P. MacDiarmid
Março de 2004: Madrid - Espanha
No dia 11 de março de 2004, 191 pessoas morreram no maior atentado da história da Espanha. Várias bombas explodiram em quatro comboios diferentes, um deles numa linha de metro. Os terroristas foram condenados no total a 43 mil anos de prisão. Mas como não há prisão perpétua na Espanha, os criminosos ficarão, no máximo, 40 anos na prisão.
Foto: AP
Novembro de 2003: Istambul - Turquia
Ao longo de cinco dias, radicais islâmicos praticaram diversos atentados em Istambul. 58 pessoas morreram e 600 ficaram feridas. Em 15 de novembro, dois carros-bomba explodiram ao pé duma sinagoga, na qual vários fiéis estavam reunidos para rezar. No dia 20 de novembro, os radicais atacaram um banco e o consulado britânicos. Os terroristas foram condenados em 2007.