Os membros da RENAMO, o maior partido da oposição moçambicana, paralisaram as suas atividades há mais de 8 meses na província de Inhambane. Temem ser raptados e depois assassinados pelas forças governamentais.
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É desconhecido desde março deste ano o paradeiro dos membros da RENAMO na província de Inhambane. Nesse mês foi assassinado Aly Jane, membro sénior do maior partido da oposição moçambicana. Altura em que também foram baleados vários elementos do partido liderado por Afonso Dhlakama na cidade de Maxixe e noutros distritos.
Com a morte de Aly Jane, que arrendava uma das suas residências para o funcionamento da delegação provincial, o partido ficou sem sede. Por isso, as diligências da RENAMO passaram a ser feitas por telefone, através de números alternativos.
Terror diário
Os membros do partido abandonarem as suas casas para locais considerados seguros, contou à DW África Pedro Nhabanga, membro sénior do partido em Inhambane.
"Andamos aterrorizados, quando amanhecer amanheceu, quando é noite é noite, não é fácil portanto saber onde dorme este e onde anda aquele (membro) porque de facto a vida está difícil (como político opositor), a Província esta mal. É só ver quantos elementos nossos foram perseguidos, alguns sequestrados, baleados. Caso da Maxixe por exemplo houve muitos sacrificados por causa da política. De facto andamos espalhados”.
A cada semana que passa, há notícia em Moçambique de raptos e assassinato de membros da RENAMO. Por isso, o medo instalou-se na província de Inhambane, diz Pedro Nhabanga.
"Porque se todos dias ao abrir o televisor ou sintonizar a rádio fala-se de matança aqui, rapto acolá, sequestro sei lá aonde e assim ganhamos medo. Por isso estamos assim parados epara a frente será o caminho”.
Apelos à calma
O membro sénior da RENAMO em Inhambane apela à calma dos restantes membros do partido e também ao povo. Pede que não se deixem levar pelo desejo de vingança e que esperem pelo momento oportuno para que seja feita justiça.
"A única forma de nos vingar, vamos esperar os 4 ou 5 anos vamos nos vingar nas urnas, vamos votar mais em quem tem razão, vamos fazer justiça na boca da urna.”
Acelerar os trabalhos na mesa do diálogo político que decorre na capital do país, Maputo, entre a RENAMO e o Governo, poderá ajudar alcançar a paz efetiva, defende Pedro Nhabanga.
04.11.16 RENAMO Inhambane - MP3-Mono
"Gostaríamos também de apelar para que as negociações ou o diálogo entre as partes seja célere para podemos descansar desta confusão que estamos a viver, vamos esperar o dialogo. Tenho a certeza que esse dialogo vai trazer a paz para Moçambique e com calma depois nas urnas é que podemos nos vingar”.
Moçambique: Eleições autárquicas de norte a sul
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar na quarta-feira (20.11). Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país.
Foto: DW/ER. da Silva
Longas filas para votar
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar no dia 20 de novembro. Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país. Esta assembleia de voto na Gorongosa, no centro do país, é o exemplo mais marcante. Pois, foi neste município que a RENAMO teve a sua base, que foi tomada pelas forças governamentais.
Foto: Reuters
À espera desde a madrugada
Eleitores fazem fila para votar em assembleia de voto em Pemba, Cabo Delgado. Em muitos lugares, formaram-se filas antes das 05h00. Em todo o país, alguma lentidão e realização de campanha junto às filas são alguns dos incidentes registados. No escrutínio participam 18 partidos, grupos de cidadãos e associações, para a eleição de edis e membros das assembleias municipais.
Foto: DW/E. Silvestre
Identificação à entrada
Funcionário eleitoral confere listas à entrada de uma assembleia de voto em Maputo, a capital moçambicana. Em alguns locais, houve problemas nos livros de registo de algumas assembleias de voto, onde os números não correspondiam exactamente aos nomes das listas.
Foto: picture-alliance/dpa
CNE garante condições do sufrágio
Biombo com o símbolo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) protege a privacidade dos eleitores nesta escola em Pemba, Cabo Delgado. De acordo com a CNE, a afluência da população às eleições municipais é "muito grande". Nas últimas eleições, em 2008, a taxa de abstenção foi de 53,6%. Na altura, participaram apenas 43 municípios. Este ano, as eleições abrangem mais dez municípios (um total de 53).
Foto: DW/E. Silvestre
Como votar?
Funcionário eleitoral mostra o boletim de voto a um eleitor numa assembleia, em Maputo. Na cidade de Nampula, registou-se uma irregularidade: Filomena Mutoropa, candidata a presidente do município pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), foi deixada de fora do boletim de voto.
Foto: picture-alliance/dpa
Guebuza vota e apela ao voto
Um dos primeiros votantes foi o Presidente da República de Moçambique. Armando Guebuza votou na escola secundária Josina Machel, no centro da capital moçambicana. Guebuza exortou todos os moçambicanos a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma". A FRELIMO, o partido do Governo de Guebuza, tem sido o partido dominante nos últimos pleitos.
Foto: picture-alliance/dpa
Oposição tenta aumentar número de autarquias
Nas últimas eleições de 2008, a FRELIMO ganhou 42 dos 43 municípios. O MDM – Movimento Democrático de Moçambique ganhou na cidade da Beira. Depois da renúncia do edil da cidade de Quelimane, houve eleições intercalares em 2011, que acabaram com a vitória de Manuel de Araújo do MDM (na foto). Ele conquistou a segunda autarquia para o MDM e tenta defender a sua maioria nas eleições de 2013.
Foto: picture-alliance/dpa
O receio de votar num dos bastiões da RENAMO
Um eleitor vota na Gorongosa, um dos focos de tensão da crise político-militar moçambicana. À tarde, homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram a vila de Gorongosa, em Sofala, centro de Moçambique, "sem criar distúrbios" aos eleitores, de acordo com uma fonte do governo. O receio de ir votar é significativo, nesta região que tem sido palco de confrontos entre FRELIMO e RENAMO.
Foto: Reuters
Fraca participação em Metangula
Secretária de uma mesa de voto em Metangula, na província do Niassa no norte de Moçambique, espera por eleitores à entrada da assembleia de voto. Nesta região a afluência às urnas era baixa depois do pico das primeiras horas da manhã. A maior parte das assembleias de voto estão vazias, chegando a registar-se períodos de 10 a 15 minutos sem que um eleitor apareça.
Foto: DW/E. Saul
Ambiente de calma um pouco por todo o país
Um eleitor posa para a fotografia numa assembleia de voto da capital moçambicana. O ambiente de tranquilidade contrasta com o atual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique. Estas são as quartas eleições do género na história do país, ensombradas pelo boicote da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique.