Ativista angolano Nuno Dala terminou greve de fome
15 de abril de 2016Os Serviços Penitenciários de Angola já tinham anunciado o fim da greve de fome do ativista na quarta-feira (13.04.), depois de terem devolvido uma parte dos bens apreendidos a Nuno Dala. Foram entregues livros, um telefone, uma mochila, cartões de crédito e o bilhete de identidade - bens que já estarão na posse dos familiares.
Mas só na quinta-feira (14.04), numa declaração pública, o ativista declarou que iria pôr fim a esta forma de protesto, iniciada à meia-noite de 10 de março, para reivindicar o acesso às suas contas bancárias e à devolução de bens, incluindo dinheiro, documentos e computadores, apreendidos pelas autoridades em junho. Aguardava também pelos resultados de vários exames médicos a que foi submetido no laboratório do hospital militar.
"Felizmente, as autoridades cumpriram em grande medida com as minhas exigências. Deste modo, informo que, tanto por esta razão como por força de inúmeros apelos de familiares, colegas, amigos, médicos etc., a minha greve de fome termina às 00h00 do dia 15 de abril", lê-se numa carta de Nuno Dala, publicada pelo jornal online Rede Angola.
O professor universitário, de 31 anos, encontra-se atualmente no Hospital-Prisão de São Paulo. Nuno Dala é um dos 17 ativistas condenados em Luanda a penas que variam entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva por "atos preparatórios de rebelião e associacao de malfeitores".
Condenado a quatro anos e meio de cadeia, o docente é responsável, desde a morte dos pais, pelo sustento de dois irmãos, que vivem consigo, juntamente com a mulher e a filha. Desde que o ativista foi preso, a família tem passado por muitas dificuldades financeiras.
Na carta divulgada na quinta-feira, Nuno Dala agradece a todos os que têm ajudado a sua família "das mais diversas formas", incluindo os que o fizeram de forma anónima.
Amnistia fala dos 15+2 com Governo português
Uma delegação da Amnistia Internacional (AI) é recebida esta sexta-feira (15.04), em Lisboa, pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Teresa Ribeiro, para falar dos desenvolvimentos no caso dos 17 ativistas condenados.
"Vamos levar a preocupação da Amnistia relativamente ao caso destes 17 ativistas e de outros ativistas de direitos humanos que também estão a ser perseguidos em Angola", disse à DW África Ana Monteiro, coordenadora de campanhas da AI Portugal.
"Os relatos recentes das condições desumanas em que muitos destes ativistas se encontram nas prisões angolanas, e em particular de Nuno Dala, são extremamente alarmantes e dão mostras, uma vez mais, da escalada de abusos de direitos humanos naquele país", sublinha a AI em comunicado.
A organização de direitos humanos considera que a condenação dos 17 ativistas- que classifica como "prisioneiros de consciência" - constitui "uma afronta à justiça que tem de ser revertida".