O vice-Presidente de Angola, Bornito de Sousa, e a filha, Naulila Diogo Graça, pretendem processar o ativista português anti-corrupção Paulo de Morais por difamação. Em causa estão vestidos de noiva de alta gama.
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Bornito de Sousa e a filha interpuseram uma queixa-crime por difamação em Portugal. Para já não foi deduzida nenhuma acusação contra o ativista Paulo de Morais. Fonte que conhece o processo levantado junto do Ministério Público português disse à DW África que este está na fase de inquérito. Paulo de Morais é acusado pelo governante angolano e sua filha de ter feito sucessivas declarações públicas que alegadamente denigrem a imagem de Naulila Diogo Graça e de seu pai.
A 23 de janeiro passado, o ativista denunciou, através da rede social Facebook e do canal televisivo CMTV, uma alegada compra "de luxo" da filha do governante angolano. Naulila Diogo Graça teria adquirido vestidos de noiva criados por uma estilista israelita e acessórios para o seu casamento, ocorrido em outubro de 2014, que terão custado mais de 200 mil dólares.
"Nova princesa de Angola"
Abordado pela DW África, Paulo de Morais, líder da Frente Cívica e um dos fundadores da Transparência e Integridade (TIAC), reafirma as críticas que fez na altura e considera inadmissível a ostentação destas práticas, mantendo ser um facto de conhecimento público a "filha do atual vice-Presidente de Angola ter gasto no seu casamento muitos milhões".
A queixa não tem a ver apenas com as referências à compra dos vestidos de noiva em Nova Iorque (EUA), em 2014. Paulo de Morais fez outras afirmações que, de acordo com os queixosos, se traduzem em ofensa à sua imagem e bom nome.
Entre as ofensas está a colagem que o ativista português faz a práticas do anterior Executivo, nomeadamente a comparação à empresária Isabel dos Santos, popularmente conhecida como a "princesa de Angola", visada no conhecido escândalo de corrupção denunciado no âmbito do "Luanda Leaks".
"Selvajaria"
Na sequência deste episódio do vestido de noiva, Paulo de Morais qualificou Naulila Diogo Graça como a "nova princesa de Angola", o que terá desagradado aos denunciantes, que não se reveem nas práticas do anterior Executivo de José Eduardo dos Santos. O ativista faz alusão a Bornito de Sousa, então ministro da Administração do Território (2010-2017), que considera estar a perpetuar práticas condenáveis vindas de anteriores titulares do poder político angolano.
"Ora, num país em que há gente a morrer na rua de fome e de doença, um país que tem das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo, um dos países que tem das mais baixas esperanças de vida à nascença do mundo, o vice-Presidente do país gastar no vestido da filha, no seu casamento, cerca de 200 mil dólares, dar disso nota em programas televisivos em Angola e nos Estados Unidos, permitir que a sua filha se trate nos Estados Unidos como se fosse da realeza africana, eu acho isto uma agressividade, eu acho isto até um selvajaria relativamente a um povo que o vice-Presidente do seu país tem que respeitar", disse o ativista à DW África.
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Liberdade de expressão
Paulo de Morais deverá ser ouvido no Ministério Público do Porto no dia 20 de outubro, pelo que diz estar seguro das revelações que fez antes. "Os factos que eu revelo nestas comunicações que tenho feito sobre o assunto são objetivos, comprováveis e não carecem de qualquer prova. As opiniões que eu emito sobre esses factos, emito-as no uso de um direito constitucional, que é o meu direito de liberdade de expressão", afirmou.
Igualmente contactado pela DW África, Paulo de Moura Marques, ligado a uma sociedade de advogados, em Lisboa, que representa os denunciantes, não quis avançar mais informações sobre este caso. "Por razões legais, não posso dar nenhuma declaração, em discurso direto, porque o processo está em segredo de justiça. Detalhes, infelizmente nesta fase, eu não posso dar", disse.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
Foto: picture-alliance/dpa/EFE/EPA/J. Lizon
Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
Foto: Getty Images/AFP/E. Soteras
Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
Foto: Getty Images/AFP/H. Titus
Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.