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Ativistas angolanos sem assistência médica

Manuel Luamba (Luanda)4 de novembro de 2015

Numa carta datada de 30 de outubro, cinco dos 15 ativistas presos desde junho denunciam a falta de cuidados médicos no Hospital-Prisão de São Paulo. Os jovens sofrem de várias doenças que necessitam de tratamento rápido.

Concerto de solidariedade (em Luanda) com os 15 ativistas detidos (02.08.2015)Foto: DW

A carta é assinada por cinco ativistas: Manuel Nito Alves, Nuno Albano Dala, Arante Kivuvu Lopes, Nelson dos Santos e o jornalista Sedrick de Carvalho. Na missiva, os jovens presos desde 20 de junho denunciam que vários dos 15 detidos estão a padecer de patologias diversas "que não têm recebido a devida atenção nem tratamento". Dizem que no Hospital-Prisão de São Paulo, onde se encontram, "tem sido gritante a negligência com que são tratados os jovens".

A carta foi tornada pública na segunda-feira por Laurinda Gouveia e Graciano Brincos, ativistas do auto-denominado “Movimento Revolucionário”. Em declarações à DW África, Graciano Brincos confirma o estado precário dos detidos.

“Os serviços de saúde do Hospital-Prisão do São Paulo estão a ignorá-los. O Arante Kivuvo sofre de uma hérnia umbilical diagnosticada há um mês. Até ao momento não teve nenhuma intervenção médica; o Bingo, que esteve em greve de fome, tem uma gastrite, que também não foi objecto de qualquer intervenção médica; o Nuno Álvaro está com infecção urinária e Sedrick de Carvalho também".O ativista diz ainda que os resultados dos exames só são revelados sob pressão, ou seja o hospital só o faz quando os doentes insistem saber o que os testes indicam. “Quando reclamam sobre seu estado de saúde são levados a fazer exame e os resultados só são apresentados depois de insistirem para que isso aconteça. Há vezes em que lhes dão diagnósticos falsos que não compactuam com que estão a sentir. Depois de muita insistência, são reveladas as doenças que estão a sentir”.

Ativistas Rosa Conde e Laurinda Gouveia (esq.)Foto: L. Gouveia

Problemas de alimentação

Albano Bingo Bingo, um dos 15 detidos, enfrenta dificuldades até de assistência alimentar por não ter familiares na capital angolana, conta Graciano Brinco. “Não tem família aqui em Luanda. Veio para Luanda tentar a vida. Ele é natural do Huambo e toda família está no Huambo e na Huíla. Aqui em Luanda vivia com um irmão menor. Nesta situação, o próprio irmão não se consegue desdobrar. Viviam numa casa arrendada. A renda acabou e o irmão está a procura de um aposento”.

Quem vive uma situação semelhante é o ativista Arante Kivuvo. Os familiares abandonaram-no por abraçar a luta contra as políticas públicas do regime angolano. “O caso dele é diferente. Ele tem os irmãos do pai aqui em Luanda mas eles estão a ignorá-lo porque está envolvido no processo dos 15. Eu fui pessoalmente ter com um dos tios que ele me apresentou. Em resposta disse-me: "Já tomamos conhecimento disso, ele arranjou os seus problemas, ele mesmo aguenta”.

Ativistas angolanos sem assistência médica adequada

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Uma semana depois do fim da greve de fome, Luaty Beirão, um dos 15 jovens detidos, já regressou ao Hospital-Prisão de São Paulo, depois de ter recebido assistência médica numa das clínicas de Luanda, onde estava internado desde 15 de outubro.

Entretanto, o bureau político do MPLA, reunido na terça-feira (03.11), sob orientação do Presidente José Eduardo dos Santos, acusou “certos círculos nacionais e internacionais de terem enveredado por uma atitude de pressão sobre as autoridades angolanas, em particular sobre o titular do poder executivo, com vista à libertação de cidadãos formalmente acusados de atos preparatórios de rebelião, com o objetivo de derrubar, de uma forma anticonstitucional, o Governo legitimamente constituído em Angola.”

No comunicado, o MPLA condena todo o tipo de ingerência externa nos assuntos do país e recomenda o maior respeito pelas instituições angolanas.

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