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ConflitosAlemanha

Aumentam delitos e violência da extrema-direita na Alemanha

Lusa
20 de junho de 2023

O Ministério do Interior da Alemanha registou um aumento da extrema-direita no país no que respeita à militância e à prática de violência, considerando tratar-se do "principal perigo" para a ordem democrática.

Marcha do partido AfD na Turíngia, em agosto de 2022, sob o lema "Primeiro o nosso país!"
Marcha do partido AfD na Turíngia, em agosto de 2022, sob o lema "Primeiro o nosso país!"Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance

O número de delitos e atos violentos da extrema-direita agravou-se 3,8% em 2022, alcançando 23.493 casos, anunciou hoje a ministra do Interior, Nancy Faeser, na apresentação do relatório anual do departamento de Proteção da Constituição (BfV), serviços de informações do ministério.

O presidente do BfV, Thomas Haldenwag, apontou o extremismo de direita como "um perigo para a ordem democrática", o que estabelece a diferença entre os radicais de direita e outros grupos extremistas. 

O responsável pelo organismo acrescentou que as conclusões sobre a extrema-direita não implicam "relativizar a violência da esquerda" mas sim "calibrar com precisão" o potencial dos radicalismos na Alemanha.  

Bjorn Hocke, dirigente político do partido AfD no estado da TuríngiaFoto: Martin Schutt/dpa/picture alliance

O número de membros da extrema-direita aumentou no ano passado para 38.800, o que corresponde a 14,5% mais do que em 2021.

Neste número incluem-se 10.200 militantes do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a única formação política de extrema-direita com deputados eleitos no Parlamento Federal (Bundestag). AfD tem um total de 28.500 militantes em todo o país. 

Para as autoridades é particularmente preocupante a ação dos membros da denominada ala "Flugel", uma corrente interna do AfD, liderada pelo dirigente político do partido no estado da Turíngia, Bjorn Hocke.   

Os serviços de informações estimam que entre 30% a 40% do total de manifestantes do AfD, à escala nacional, "abraçam" a linha marcada por Hocke.

"A linha que divide a ideologia e a disponibilidade para a prática de atos violentos diluiu-se", disse Haldenwag sublinhando que a militância mais radicalizada é "cada vez mais jovem e mais agressiva". 

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Perigo para a democracia

Em relação à "segurança nacional", o potencial destes grupos "não é felizmente comparável ao 'jiadismo' e outras formas de terrorismo internacional", disse a ministra do Interior.

Mesmo assim, a extrema-direita "continua a representar um perigo máximo para a ordem democrática porque tem como objetivo derrubar (a democracia)", acrescentou Faeser. 

O total de delitos de criminalidade com motivações políticas registado em 2022, incluindo o radicalismo islâmico, da extrema-esquerda ou as ataques cibernéticos, foi de 58.916, entre os quais os 23.493 casos correspondentes a atos praticados pelos radicais de direita.

Em 2021 registaram-se 21.964 casos de violência ligados à extrema-direita.  No grupo extremista de direita incluiu-se também o aumento do número de membros dos Cidadãos do Reich (Reichburger), que não reconhecem nem a ordem constitucional nem a autoridade da República Federal da Alemanha (RFA), e que terão praticado um total de 1.856 delitos em 2022, face aos 1.330 crimes praticados em 2021.

Os atos de violência atribuídos à esquerda radical em 2022 foram 6.976, o que corresponde a uma descida relativamente ao ano anterior. O número de casos violentos praticados por islamistas manteve-se estável, com 372 ações em 2021 e 361 casos no ano passado.  

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