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Cabo Delgado: 200 mil deslocados receberão auxílio em agosto

Lusa | mp
27 de julho de 2020

Com o aumento do número de deslocados, as instituições de ajuda humanitária são obrigadas a mudar de estratégia para atender a demanda em Cabo Delgado. PAM vai ampliar auxílio através de famílias acolhedoras em Pemba.

Mosambik Flüchtlinge vor Angriffen in Cabo Delgado in Metuge untergebracht (DW/D. Anacleto )
Foto: DW

O Programa Alimentar Mundial (PAM) espera apoiar 200 mil pessoas em agosto em Cabo Delgado. Com o aumento do número de deslocados, o programa da ONU vai mudar a estratégia para ampliar o atendimento.

Pemba tornou-se o porto seguro de muitos deslocados, que refugiam-se em casas de parentes e amigos. Há famílias que acabam por acolher mais de 10, às vezes 20 ou 30 pessoas. Por isso, a partir de setembro, será introduzido em Pemba o sistema de apoio através de 'voucher', que permitirá as famílias de acolhimento trocarem por alimentos ou produtos de higiene no comércio local.

A chefe do escritório do PAM em Cabo Delgado, Cristina Graziani, disse à agência Luasa que "os números de deslocados são grandes, as necessidades são muitas" e quem está em fuga junta-se a "famílias de acolhimento que já têm muitos desafios para responder à situação alimentar".

Cada agregado familiar recebe 50 quilos de cereais, seis quilos de feijão ou lentilhas e cinco litros de óleo, quantidade estimada para 30 dias por cada cinco pessoas - sendo que famílias mais numerosas recebem na devida proporção.

O auxílio já se estende às províncias de Nampula e Niassa, que também recebem deslocados. O PAM trabalha com o Governo de Moçambique para reabrir a operação mais ao norte da província, área de maior insegurança e onde existem ainda muitos deslocados.

Nações Unidas estimam que haja 250 mil pessoas em fuga Foto: AFP/M. Longari

"Não chega para nada”

Mesmo assim, pessoas ouvidas pela reportagem da agência Lusa em Cabo Delgado, dizem que muitas vezes, o alimento distribuído não é suficiente.

"Só num dia recebi 49 famílias [deslocadas]" no bairro, diz Felisberto, líder comunitário em Cariacó, no centro de Pemba. Hoje, o PAM está a distribuir ajuda a dezenas de famílias de uma lista que Felisberto ajudou a elaborar. O líder comunitário lamenta, no entanto, que "o que [as pessoas] recebem para comer não chega para nada" e há quem "saia dali a chorar”.

A situação é grave e se torna ainda mais dramática num cenário económico de contração por causa da Covid-19. No espaço da Casa da Cultura, em Pemba, famílias recebem um 'kit' de ajuda alimentar e formas de prevenção ao coronavírus. As filas são marcadas de acordo com as normas de distanciamento social.

Os ataques de grupos armados, que desde 2017 aterrorizam Cabo Delgado, já fizeram pelo menos mil mortos entre civis, militares moçambicanos e vários rebeldes. As Nações Unidas estimam que haja 250 mil pessoas em fuga dos distritos mais afetados - mais de 10% da população da província, que tem cerca de 2,3 milhões de habitantes.

"Cabo Delgado também é Moçambique"

02:10

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