Nova tarifa dos "chapas" foi aprovada, mas ainda não tem data para entrar em vigor. Valor poderá chegar a 12 meticais, o equivalente a 0,16 cêntimos de euro. População reclama da prestação do serviço.
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Os usuários dos transportes semicoletivos em Maputo vão pagar mais caro pelo serviço. A Assembleia Municipal da capital moçambicana aprovou, nesta quarta-feira (20.09), uma nova tarifa para os chamados "chapas".
O preço do chapa aumenta de sete (10 cêntimos de euro) para nove meticais (12 cêntimos) para trajetos até 10 quilómetros e de nove para 12 meticais (16 cêntimos de euro) para rotas superiores a 10 quilómetros. O município ainda não divulgou quando as novas tarifas devem entrar em vigor, mas a população já desaprova o aumento.
Edmundo Manhique vive no bairro de Mateque, a mais de 15 quilómetros a norte da cidade de Maputo. Para chegar ao centro da capital moçambicana tem de fazer quatro ligações – um problema que, segundo ele, vai permanecer. "Devia-se pensar mais em controlar o encurtamento de rotas e não agravar os preços", critica.
Preocupações
Edmundo Manhique, trabalhador das obras públicas, refere que estes preços vão obriga-lo a apertar mais o cinto. O que dificulta a gestão do seu salário mensal, que equivale a cerca de 40 euros.
"Aquilo que eu ganho para suprir as minhas despesas acho que não vai chegar. Acho que estarei numa fase em que vou tratar tudo indo a pé para suprir as minhas necessidades. Faço muitas deslocações dentro da cidade. Acho que aquilo que ganho não vai corresponder", lamenta.
No terminal de chapas, no bairro de Ferroviário, a seis quilómetros da cidade de Maputo, Henriques Mate afirma que, na prática, com as ligações que faz já paga o preço que agora foi anunciado pela Assembleia Municipal.
Mate receia que os 0,8 cêntimos de euro que atualmente paga pelas ligações que faz poderão um dia subir para o dobro, quando os chapas voltarem a encurtar as rotas. "Se eu sair daqui até ao bairro Ferroviário com este valor atual eu é que vou sair a ganhar se se controlar a rota, mas se não se controlar os encurtamentos, não vou suportar porque eu já pagava com estes encurtamentos e era obrigado a pegar mais de dois chapas".
Apanhar transporte nas primeiras horas da manhã em Maputo é um autêntico bico d´obra por causa dos encurtamentos de rotas. Por isso Raúl Manganhela entende que mais importante do que agravar os preços é controlar o cumprimento das rotas. "Os que lideram é que devem controlar para chegarem ao destino. Quanto ao valor não é muito grave, mas deve-se controlar o destino, onde começa e onde termina".
"Encurtamentos não vão reduzir"
Para os transportadores semicoletivos,o aumento da tarifa do serviço já devia ter acontecido há muito tempo. Alguns entendem que o preço devia ser mais caro, entre os 0,15 e os 0,20 cêntimos de euro.O motorista Armando Chiconela diz que, com este aumento, os encurtamentos não vão reduzir. "O que faz com que os motoristas encurtem as rotas é por causa dos preços que não compensam para algumas rotas. Fazem essas todas as manobras para cobrirem as receitas".
Moçambique-Aumento das tarifas dos semicoletivos - MP3-Mono
Também Daniel Tembe, outro motorista, não está satisfeito com a nova tarifa de transporte. O ideal, defende, seria subir para um mínimo de 0,20 cêntimos de euro, devido aos custos de operação.
"Há quem pega na cabeça porque pensa que é muito. Mas se formos a ver a vida de um transporte de um mini bus, ou de um grande carro, esse valor é insignificante. Se for a trocar esses 15 meticais por dólar, quantos dólares são?", pondera.
O vereador do município de Maputo para a área dos transportes, João Matlombe, diz que a nova tarifa continua ainda assim muito aquém de cobrir os custos operacionais.
Matlombe garante que vai continuar a negociar com as empresas para melhorar o setor dos transportes na capital. "A revisão da tarifa vai impulsionar o setor privado a investir nos transportes".
Bicicletas táxi em Moçambique
Quem em Quelimane se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os transportes convencionais. Para muitos, a bicicleta táxi é uma forma de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas em alternativa aos carros
Quelimane é uma cidade na costa de Moçambique. Quem por aqui se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os convencionais táxis e autocarro. Além disso, para muitas pessoas, a bicicleta táxi é uma das poucas formas de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Estradas intransitáveis para carros
Quelimane é a capital da província moçambicana da Zambézia. No entanto, as estradas estão em estado deplorável. As pistas de terra estão cheias de buracos. Quando chove, enchem-se de água e tornam as estradas intransitáveis para os carros e para os miniautocarros. As bicicletas táxi, porém, podem contornar as poças de água.
Foto: Gerald Henzinger
Viajar de bicicleta táxi
Dependendo da distância, uma viagem de bicicleta táxi pode custar entre 5 e 20 meticais (aproximadamente entre 15 e 60 cêntimos de euro). Primeiro, o preço é negociado com o motorista. Depois, ocupa-se o lugar almofadado, que é feito especialmente por medida.
Foto: Gerald Henzinger
A bicicleta como alternativa ao desemprego
Em vez estarem desempregados, muitos moradores de Quelimane preferem conduzir uma bicicleta táxi. No entanto, o mercado está saturado com os vários milhares de bicicletas táxi que existem. Lutam todos por clientes entre os cerca de 200 mil habitantes. Isso faz baixar os preços e, por isso, as bicicletas táxi são um negócio difícil.
Foto: Gerald Henzinger
Samuel, taxista de bicicleta
Quando Samuel não está a trabalhar como motorista de serviço, está a estudar. Quando era criança só frequentou a escola até ao sexto ano. Os seus pais não tinham dinheiro e não podiam continuar a pagar os seus estudos. Agora, o jovem de 27 anos tenta obter o diploma do ensino secundário. “Se não o terminar, não vou conseguir um trabalho decente”, diz.
Foto: Gerald Henzinger
Francis, mecânico de bicicletas
Parafusos soltos e pneus lisos estão entre as preocupações quotidianas de um taxista de bicicleta. Francis arranja bicicletas no Mercado Central de Quelimane. Por cada tubo que remenda recebe cinco meticais (cerca de 20 cêntimos). Ganha cerca de 85 euros por mês. Desta forma, consegue alimentar a sua família.
Foto: Gerald Henzinger
Licença controversa
A Câmara Municipal de Quelimane quer reduzir o número de taxistas de bicicleta nas suas estradas. Por isso, no início de 2010, criou uma espécie de licença para estes condutores. Oficialmente, deveria custar cerca de 12 euros, mas os motoristas protestaram. A Câmara Municipal cedeu e suspendeu a licença.
Foto: Gerald Henzinger
Andar de bicicleta para cumprir um sonho
Para o jovem Francisco Manuel, de 19 anos, a bicicleta táxi é uma forma de financiar a sua formação. O seu trabalho de sonho é ser polícia. “Eu não quero roubar para sobreviver”, diz. Assim, optou pela bicicleta táxi. Com os 2,50 euros que ganha diariamente, consegue manter-se a si e ao seu filho.
Foto: Gerald Henzinger
Uma bicicleta táxi para toda a família
Na sua última viagem, Armando só conseguiu ganhar 80 meticais (cerca de três euros). “Foi um bom turno nocturno”, afirma, em jeito de balanço. Desde que o seu pai morreu, tem de ganhar dinheiro para toda a família com a bicicleta táxi. Armando não aprendeu a ler e a escrever, já que abandonou a escola por causa de uma deficiência visual após a terceira classe.
Foto: Gerald Henzinger
Pouco dinheiro para sobreviver
As bicicletas táxi ajudam muitas pessoas sem formação a obter algum dinheiro de forma legal. No entanto, depois de deduzidos os custos, muitas vezes sobram apenas um ou dois euros por dia. E quando estes taxistas ficam doentes, já não entra mais dinheiro em caixa.