Aumento do tráfico de droga na Guiné-Bissau preocupa ONU
12 de julho de 2012O representante especial do secretário-geral da ONU para a África Ocidental, Said Djinit, chamou a atenção dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU para o crescimento do tráfico de droga na África Ocidental na quarta-feira (11.07.2012), dia em que o grupo se focou na situação precária da segurança na região. Em foco estiveram os golpes de Estado no Mali e na Guiné-Bissau.
Segundo Said Djinit, o aumento do narcotráfico e do crime organizado pode ter consequências profundas. “Se a questão não for abordada de forma rápida e eficaz, poderá minar seriamente a governação e segurança na região”, explicou, dando como exemplo as atividades crescentes e a influência de redes de tráfico de droga na Guiné-Bissau, especialmente desde o recente golpe.
Atores regionais, União Europeia, Estados Unidos e autoridades de segurança africanas foram, por isso, chamados a unir esforços para reforçar as estratégias de combate ao problema. “Continuará a ser necessária uma maior coordenação de estratégias, bem como recursos técnicos e financeiros para apoiar os países e organizações da África Ocidental na erradicação das atividades dos cartéis de droga e outras redes criminosas”, defendeu Djinit.
O secretário-geral da ONU para a África Ocidental prometeu continuar a defender “esforços imediatos e substanciais” para ajudar a ultrapassar “esta ameaça que tem um grande impacto nas forças de segurança e nas instituições do Estado”, tal como se pode ver na Guiné-Bissau e no Mali.
Cresce insegurança na África Ocidental
Tal como Said Djinit, também o diretor da Agência da ONU contra o narcotráfico e criminalidade (UNODC), Yuri Fedotov, alertou o Conselho de Segurança para a insegurança vivida na África Ocidental e apresentou alguns dos dados que revelam a dimensão das atividades das redes de narcotráfico na região.
“Em 2011, cerca de 30 toneladas de cocaína foram traficadas na África Ocidental. No entanto, durante esse período, apenas 2,7 quilos foram apreendidos na Guiné-Bissau”, salientou Fedotov, acrescentando que o tráfico de cocaína na região gera, anualmente, “lucros de 900 milhões de dólares para as redes criminosas”.
De acordo com os responsáveis das Nações Unidas, a África Ocidental deixou de ser apenas uma rota de transito de drogas para a Europa, contando mais de dois milhões de consumidores de cocaína. Além disso, cresceu também o tráfico de heroína e metanfetaminas na região.
Impunidade na Guiné-Bissau dificulta aplicação da lei
Yuri Fetodov também revelou que a situação da Guiné-Bissau continua a ser uma séria preocupação para a Agência da ONU contra o narcotráfico e criminalidade. “Tememos as relações entre elementos das forças militares e o narcotráfico. E há uma cultura permanente de impunidade que dificulta a efetiva aplicação da lei”, disse.
Já esta quinta-feira (12.07.2012), o governo de transição da Guiné-Bissau reuniu-se com parceiros internacionais para informá-los sobre o que está a ser feito, nomeadamente sobre as eleições e o combate à droga. A maioria, no entanto, não compareceu ao encontro.
Os responsáveis da ONU, que de acordo com a agência de notícias Lusa não estiveram presentes, já avisaram que as recentes tomadas de poder, as ameaças terroristas e o aumento do tráfico de droga são provas da insegurança que atravessa a África Ocidental.
Autora: Maria João Pinto
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha