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Aumento dos chapas: Moçambicanos desconfiam de apoio estatal

29 de julho de 2022

Para compensar aumento da tarifa dos "chapas", município de Maputo anunciou que vai apoiar os utentes. Mas cidadãos desconfiam do método de pagamento do subsídio - o cartão "Famba" - que lhes traz más memórias.

Mosambik Nampula Minibus
Foto: DW/J. Beck

O município de Maputo anunciou, na quarta-feira (27.07), a subida da tarifa do transporte semicoletivo, vulgo chapa. A tarifa passará do equivalente a 12 para 29 cêntimos de euro, para uma distância até 10 km, e de 23 para 34 cêntimos, para quem percorre mais de 10 km.

Cidadãos ouvidos pela DW África revelaram o seu desagrado perante a notícia.

"Torna-se um pouco mais difícil custear todas as despesas", disse um residente de Maputo. Uma cidadã disse que, primeiro, seria necessário "aumentar o salário antes de aumentarem a tarifa do transporte".

O regresso do cartão "Famba"

Para minimizar o impacto da nova subida do chapa, o vereador para a área da mobilidade no município de Maputo, José Nichols, anunciou um subsídio para os utentes, através da reativação do cartão eletrónico "Famba".

"Em todos os terminais e paragens principais temos cabines da Agência Metropolitana, onde o munícipe se pode registar e obter o cartão para ter direito a este subsídio. Quando ele apanhar o transporte, pagará 19 meticais [29 cêntimos de euro], dos quais 12 meticais [18 cêntimos] são do seu bolso e os restantes sete correspondem ao subsídio do Governo", explica.

A gasolina também subiu de preço em Moçambique, de 83,30 meticais (1,24 euros) por litro para 86,97 meticais (1,30 euros)Foto: DW/B. Jequete

Segundo José Nichols, o município e o Governo central estão a criar condições para que, desta vez, o cartão "Famba" seja usado de forma efetiva.

Cidadãos denunciam "burla"

Mas o "Famba" não é muito bem visto pelos cidadãos, que chegam a afirmar que foram "burlados" quando o cartão foi introduzido há dois anos.

"Achava que era um milagre, mas transformou-se num inferno, porque tenho algum dinheiro [no cartão], mas as maquinetas estão desligadas", conta Nilton Cumbe. 

Para o munícipe Cassamo Mohamed, utilizador do chapa, o cartão "Famba" é um "engano".

"Isso já existia e, dois meses, depois desapareceu. Os próprios cobradores ou motoristas diziam que não há sistema ou que está avariado. A pergunta que fica é 'porque é que comprámos o cartão Famba?"

Também o jornalista Nádio Taímo entende que o cartão eletrónico não é solução para os problemas de transporte em Maputo: "O Governo deveria ir encontrar novas formas de subsidiar o transportador sem ser através do cartão. Praticamente, o Famba não funciona. Não podes querer subsidiar através de uma coisa que não funciona".

A nova tabela de tarifas foi aprovada depois de proprietários de autocarros e "chapas" protestarem, no início de julho, contra o aumento do preço dos combustíveis.

Uma alternativa aos transportes públicos em Maputo

04:02

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