RENAMO contesta resultados na Zambézia. Partido da oposição diz que mais de 20 civis e apoiantes estão detidos desde segunda-feira em Alto Molocué onde estão a ser torturados pela polícia, que já desmentiu as acusações.
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Até ao final da tarde desta segunda-feira (15.10), 20 pessoas - membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e civis - continuavam detidas em Alto Molocué, alegadamente por terem apoiado a RENAMO no processo de votação e por tumultos que visavam contestar os resultados das eleições autárquicas de 10 de outubro.
José Palaço, o cabeça de lista da RENAMO na vila do norte da Zambézia, descreve um ambiente de terror na autarquia desde as eleições de quarta-feira. "Neste momento em Alto Molocué há uma caça às bruxas a todos aqueles que participaram na campanha da RENAMO e que durante as caravanas eram simpatizamtes da RENAMO estão a ser detidos", conta.
Detenções e denúncias de tortura em Alto Molocué
"São prisões arbitrárias, ninguém acode aqui à população. As prisões continuam e não são só membros da RENAMO, é a população que não esteve a participar na campanha da FRELIMO", critica José Palaço.
O cabeça de lista da RENAMO denuncia ainda situações de tortura contra apoiantes do partido: "Todo o mundo que participou na campanha da RENAMO está a ser notificado. Ontem estavam a torturar algumas pessoas, algemando-as dizendo que são membros da oposição."
Polícia desmente tortura
O comandante da polícia em Alto Molocue, António Mandjendje, desmente as acusações. "As pessoas são livres de falarem aquilo que querem, eu não tenho esta informação. Depois daquele tumulto ou vandalismo daquele dia (11.10), que durou duas horas, até aqui não há nada, a situação esta calma", diz.
Além dos detidos apontados pela RENAMO, vários membros e apoiantes do partido terão sido notificados pela polícia. Josina Esperança, simpatizante da RENAMO, foi uma das visadas. "Eu trabalho no distrito de Ile, ligaram-me de Molocué para casa a dizerem-me que fui notificada pela polícia, mas não sei porquê", conta.
A RENAMO continua a contestar os resultados eleitorais de quarta-feira, que deram vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder). Segundo Palaço, cabeça de lista do maior partido da oposição, a RENAMO já submeteu a contestação ao tribunal judicial do distrito de Alto Molocué e está neste momento a aguardar uma resposta dentro de 48 horas, conforme a lei.
Eleições autárquicas em Moçambique de norte a sul
Grandes enchentes marcaram primeiras horas de votação em todo o país. Cerca de quatro milhões de eleitores foram chamados a escolher os presidentes de 53 municípios moçambicanos e respetivos membros de assembleias.
Foto: DW/A. Zacarias
Grande afluência por todo o país
Longas filas marcaram as primeiras horas de votação na cidade de Tete. Pela manhã, o boletim "Processo Político Moçambicano" do Centro de Integridade Pública (CIP) publicou a sua primeira avaliação. Registam-se longas filas em muitos locais, o que sugere que o nível de participação dos eleitores será mais elevado este ano comparativamente às eleições municipais anteriores, que não atingiu os 50%.
Foto: DW/A. Zacarias
Longa espera em Maputo
Na capital, a votação teve início à hora marcada, mas também registaram-se longas filas, relata o correspondente da DW em Maputo, Leonel Matias. Eleitores precisam de tempo e paciência para exercerem seu direito cívico.
Foto: DW/Romeu da Silva
Filipe Nyusi vota em Maputo
O Presidente Filipe Nyusi e sua esposa votaram na Escola Secundária Josina Machel. Nyusi apelou aos cidadãos que já exerceram o seu direito de voto para aguardarem com serenidade a divulgação dos resultados. O líder interino da RENAMO, Ossufo Momade, que se encontra na Serra da Gorongosa, não deverá votar nessas autárquicas, disse à Lusa fonte do partido.
Foto: Presidência da República de Moçambique
Maputo: O voto dos políticos
O cabeça de lista do MDM em Maputo, Augusto Mbazo, disse depois de votar que está a acompanhar este processo "serenamente e muito confiante" na vitória. Também o candidato da coligação Esperança do Povo, José Balate, afirmou que "a vitória está garantida". Já o candidato do Movimento Solidariedade Cívica de Moçambique, Carlos Tembe, apelou à adesão em massa dos cidadãos ao processo de votação.
Foto: DW/Romeu da Silva
Maputo: O voto dos políticos
Após votar, Venâncio Mondlane, o membro da RENAMO que viu a sua candidatura como cabeça de lista para a cidade de Maputo chumabada pelo Tribunal Constitucional, disse que os munícipes devem aproveitar a eleição para "marcar uma nova página". Também depois de votar, o cabeça de lista da FRELIMO, Eneas Comiche, exortou para "eleições pacíficas e ordeiras".
Foto: DW/Romeu da Silva
Tete: O voto dos políticos
O governador de Tete, Paulo Auade, foi o primeiro a votar nesta assembleia, seguido do cabeça de lista da FRELIMO, César de Carvalho, que apelou à afluência em massa dos eleitores. Os três cabeças de lista mostram-se confiantes na vitória. Hélder Manuel, do MDM, agradeceu a afluência às mesas de votação. Já Ricardo Tomás, da RENAMO, se disse surpreso com a participação massiva dos eleitores.
Foto: DW/A. Zacarias
Filas também em Nampula
Em Nampula, no norte do país, o início da votação foi caraterizado por "grandes enchentes" e longas filas. Muitos eleitores acordaram cedo para votar. Segundo o correspondente da DW Sitoi Lutxeque, pela tarde, a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar eleitores.
Foto: DW/S. Lutxeque
Garantindo o lugar na fila
Os eleitores usaram objetos pessoais para marcar lugar nas filas. Na Escola Primária Completa de Mutita, na periferia de Nampula, o correspondente da DW Sitoi Lutxeque relatou que "não há desordem". O cabeça de lista do MDM, Fernando Bismarque, apelou a todos os munícipes que exerçam o seu direito de voto para "poderem contribuir para o desenvolvimento da cidade".
Foto: DW/S. Lutxeque
Inhambane preocupa
Em Inhambane, o movimento nas assembleias de voto tem sido fraco desde as primeiras horas do dia em quase todas as autarquias, relata o correspondente Luciano da Conceição. O presidente da Comissão Distrital de Eleições de Maxixe, Mateus Rogério, disse à imprensa que o cenário é "preocupante", mas acredita que muitos eleitores podem ainda afluir às assembleias de voto durante a tarde.
Foto: DW/L. da Conceição
Presença policial causa receio em Nampula
Na Escola Primária Completa da Cerâmica, em Nampula, os agentes da polícia estão a menos de cinco metros, contra os 300 metros recomendados por lei. "Não estão a reprimir os cidadãos, mas isso está a criar algum receio entre os eleitores", diz o correspondente Sitoi Lutxeque. Os cabeças de lista da FRELIMO, Amisse Cololo, do PAHUMO, Filomena Mutoropa, e da AMAJPS, Castro Niquina, já votaram.
Foto: DW/S. Lutxeque
Detenções
Dois presidentes de assembleias de voto foram presos por distribuir boletins de voto extra aos eleitores, informa o Centro de Integridade Pública. Os casos aconteceram em Massinga, província de Inhambane, e na Ilha de Moçambique, em Nampula. Na Ilha de Moçambique, o caso foi descoberto por um delegado da RENAMO.
Foto: DW/L. da Conceição
Atrasos na Beira
Na cidade da Beira, numa mesa de voto da Escola Amílcar Cabral, às 09:17 a votação ainda não tinha começado, alegadamente por falta de uma urna. Muitos dos eleitores diziam estar cansados de esperar e alguns abandonaram os postos de votação.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Montagem na última hora
Cinco das oito mesas de voto na Escola Secundária de Muchatazina também não abriram à hora prevista (07:00), constatou o correspondente da DW na cidade da Beira, Arcénio Sebastião. Esta é assembleia número 07029-09 que acabava de ser montada como se vê a cabine.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Beira: O voto dos políticos
Os cabeças de lista Manuel Bissopo, da RENAMO, Augusta Maita, da FRELIMO, e Daviz Simango, do MDM (foto), já votaram. Todos se mostram confiantes na vitória, diz o correspondente Arcénio Sebastião, que está a acompanhar o escrutínio, na cidade da Beira.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Quelimane: "Indícios de fraude"
Eleitores, nos postos de votação de Cololo e Instituto industrial de Quelimane, estão assustados com a presença da Força de Intervenção Rápida, fortemente equipada. A agitação marcou ainda a votação na Escola Primária de Coalane, onde os nomes de mais de 300 eleitores, entre eles o cabeça de lista da RENAMO, Manuel de Araújo, não constavam na lista. Araújo lamenta os "indícios de fraude".
Foto: DW/Marcelino Mueia
Idosos sofrem sem prioridade em Quelimane
Idosos queixam-se de discriminação nas filas de votação. Contam que as filas são tão longas que não conseguem permanecer de pé muitas horas. Os mais novos não cedem lugar. A idosa Joaquina Álvaro, diz ter chegado ao posto de votação da Escola Primária 17 de Setembro, em Quelimane, às 8 horas locais, mas até às 12 horas não tinha votado.
Foto: DW/M. Mueia
Pemba: Votação a bom ritmo
Pela manhã, a votação decorria a bom ritmo na cidade de Pemba, segundo o correspondente da DW Delfim Anacleto. O governador provincial, Júlio José Paruque, apelou a todos os intervenientes no processo eleitoral em curso para manterem a calma e aguardarem os resultados nas respetivas residências. Paruque mostrou satisfação pela "participação da juventude estreante".
Foto: DW/D. Anacleto
Em Xai-Xai há assembleias vazias
Em Xai-Xai, a votação arrancou à hora prevista. Nalgumas assembleias, a afluência era grande, mas noutras, como na Escola Primária Completa 7 de Outubro (foto) não se via quase ninguém até às 10:00, constatou o correspondente Carlos Matsinhe. Segundo a RENAMO, alguns delegados tiveram acesso impedido em 15 mesas de voto, alegadamente porque nas suas credenciais não constava o número da mesa.
Foto: DW/Carlos Matsinhe
Evidência de Fraude
Segundo a lei eleitoral, o cidadão que se mudou há mais de seis meses não pode votar no anterior lugar de residência. Mas Guilhermina Sitoe, diretora de Saúde, Mulher e Ação Social em Massingir, Mirna Chiboleca, diretora de Educação em Guija, e Hermenegildo Chivure (na foto, de calças azuis), administrador de Chicualacuala há mais de dois anos - todos membros da FRELIMO - votaram em Xai-Xai.
Foto: DW
Avaliação parcial das autoridades
Para a polícia, o processo eleitoral está a decorrer dentro da normalidade em todas as autarquias. A CNE diz que decorre com serenidade e harmonia. A missão de observação eleitoral Sala da Paz afirma ser preciso corrigir "pequenos incidentes" e ilícitos eleitorais que têm estado a ocorrer. O STAE garante que as urnas só vão encerrar quando for atendido o último eleitor que estiver na fila.