Analista questiona escolha de Rogério Warowaro como cabeça de lista do MDM às eleições de outubro em Quelimane. "Não será fácil" enfrentar Manuel de Araújo, o edil que deixou o MDM para concorrer pela RENAMO, prevê.
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Rogério Warowaro, o novo candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Quelimane, tem um grande desafio pela frente e será muito difícil enfrentar Manuel de Araújo nas urnas, acredita o analista moçambicano Ricardo Raboco.
"Enquanto delegado político da cidade de Quelimane, Rogério Warowaro terá dirigido a campanha do MDM nas eleições presidenciais e muitas vezes o seu discurso andou muito longe daquilo que provavelmente o mercado eleitoral queria ver. Aí é que reside o maior desafio de Warowaro enquanto candidato, sobretudo para fazer frente a Manuel de Araújo", defende em entrevista à DW África.
Autárquicas em Quelimane: David contra Golias?
Para o analista, Warowaro não tem condições para competir em pé de igualdade com Manuel de Araújo, "que tem um discurso muito mais dirigido para as massas populares" e "é alguém que se expressa fluentemente na língua local chuabo", além de ser "muito versado em cultura geral".
Manuel de Araújo, autarca de Quelimane eleito em 2013 pelo MDM, anunciou recentemente a sua saída do partido. E será cabeça de lista da RENAMO, o principal partido da oposição, nas autárquicas de outubro.
Juventude a "tchunar Quelimane"
Apesar da dura tarefa que tem pela frente, o novo cabeça de lista do MDM no município de Quelimane, Rogério Warowaro almeja a vitória nas municipais. "O sentimento é de emoção, isto significa que o MDM aposta na juventude que vai trazer a vitória em Quelimane", disse Wararo, acrescentando que "o MDM terá um presidente que reside em Quelimane, acessível aos munícipes para resolver os problemas."
Funcionário na Direção Provincial de Economia e Finanças e licenciado em Direito, Rogério Warowaro, de 38 anos, foi eleito no domingo (29.07) com 190 votos contra 129 do adversário, o deputado Izequiel Aramane.
"Eu sou jovem e nós como jovens temos a nossa linguagem típica que quando queremos fazer a nossa coisa bonita tenho dito, vou "tchunar". Então, o MDM e a juventude vão "tchunar" Quelimane", garante.
Luís Boa Vida, deputado na Assembleia da República pela bancada do MDM, esteve presente na cerimónia de indicação do cabeça de lista e deixou um alerta: "O MDM precisa de união e uma figura de união dos quelimanenses. Se brincarmos, vamos ficar a sofrer durante cinco anos".
A RENAMO e o MDM, os dois principais partidos da oposição moçambicana, já indicaram os seus cabeças de lista para as seis autarquias da província da Zambézia. Falta agora conhecer os candidatos da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Escolas e material degradado na Zambézia
Para além da sobrelotação, há várias escolas sem condições na província da Zambézia, no centro de Moçambique. As infraestruturas encontram-se deterioradas e há falta de material escolar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Nacogolone
Aqui as crianças estudam debaixo das árvores, estando as aulas dependentes da meteorologia. A maior parte das crianças que estuda nesta escola foi vítima das cheias de 2015, tendo as suas famílias sido reassentadas nas proximidades do bairro Nacogolone. Foram já várias as iniciativas que surgiram no bairro para a reconstrução de salas convencionais, mas a falta de recursos não as deixou avançar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Mutange
As salas de aula desta escola, localizada a 15 quilómetros do extremo sul da vila sede do distrito de Namacurra, foram construídas com material convencional. No entanto, estão deterioradas. As secretárias escolares e o material didático para os professores estão em más condições e os assentos são trazidos e levados pelos alunos todos os dias de e para as suas casas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária 17 de Setembro
Embora se localize na capital da província, as condições desta escola estão muito abaixo das expetativas. Algumas paredes estão corroídas, outras parcialmente destruídas. O mesmo acontece com as carteiras escolares. O teto está deteriorado, o que constitui um perigo para os alunos. A direção da escola recebeu cerca de 200 mil meticais, mas diz não ser suficiente para reabilitar toda a estrutura.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Quelimane
Localizada no centro, em frente ao edifício do Governo da Província da Zambézia, é umas das escolas mais privilegiadas da cidade. Tem condições favoráveis e adequadas ao ensino e à aprendizagem, possuindo até uma sala de conferências. É a mais antiga escola primária - no tempo colonial, era frequentada pelos filhos dos colonos e filhos de negros assimilados.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Comunitária Mártires de Inhassunge
Fundada pela congregação religiosa Padres Capuchinhos, a Escola Comunitária Mártires de Inhassunge acolhe alunos do 1º ao 10º ano e é muito frequentada por pessoas carenciadas e órfãs. Apesar de ter dificuldades no acesso ao fundo de apoio direto às escolas, a instituição conta com infraestruturas adequadas e salas de aula equipadas com carteiras. Uma realidade diferente das escolas públicas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Secundária Geral de Sangarriveira
Integrando alunos da 8ª à 12ª classe, esta escola, que começou a funcionar em 2013, apresenta já rachas nas paredes, janelas partidas e chão degradado. A diretora Paulina Alamo afirma que as obras não obedeceram ao que estava estabelecido. A dimensão das salas é pequena para a quantidade de alunos existente. Há estudantes que têm de se sentar no chão.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária e Completa de Wazemba
O problema alastra-se também aos professores. Os gabinetes dos diretores e gestores das escolas localizadas em sítios mais distantes das vilas e postos administrativos estão em péssimas condições. Exemplo disso é a Escola Primária e Completa de Wazemba, no distrito de Namacurra. No gabinete do diretor, há atlas geográficos pendurados nas paredes feitas de material de construção local.
Foto: DW/M. Mueia
Pais, alunos e professores garantem manutenção
A estrutura externa do gabinete do diretor da Escola Primária de Wazemba foi construído com materiais locais - paus e folhas de coqueiro para cobrir o teto. As paredes são revestidas por lama. Em muitas outras infraestruturas escolares semelhantes a esta, a reabilitação é garantida pelos próprios alunos, encarregados de educação, lideres comunitários e professores.
Foto: DW/M. Mueia
Governo conhece situação
Carlos Baptista Carneiro, administrador de Quelimane, garante que a reabilitação das escolas e a compra de carteiras escolares está dependente da disponibilidade de fundos, pelo que não será possível reabilitar todas as escolas da cidade ao mesmo tempo. Segundo o administrador, o número das instituições de ensino que aguardam reabilitação é grande e o Governo tem conhecimento da situação.