Autárquicas: MDM declarado vencedor na Beira
14 de outubro de 2023De acordo com o edital do apuramento distrital intermédio apresentado este sábado (14.10) na Beira pelo presidente da Comissão Distrital de Eleições, Otávio Paulo, o MDM, segundo maior partido da oposição no país, foi reconduzido na liderança daquele município com 112.963 votos (58,16%), seguido da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), com 73.302 votos (37,74%), e da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), com 7.045 votos (3,63%).
Segundo o edital apresentado ao final da tarde, dos 311.466 eleitores inscritos na Beira para as eleições autárquicas de 11 de outubro, votaram 206.719, representando uma taxa de abstenção de 33,63%.
Apesar do anúncio da vitória, o MDM submeteu de imediato um ofício contestando os resultados.
Das 65 autarquias que foram a votos nestas eleições, já foram divulgados resultados intermédios, pelas comissões provinciais e distritais, em mais 45, todas elas com vitória das listas da FRELIMO, partido no poder em Moçambique - a generalidade fortemente contestadas pelos partidos da oposição e observadores da sociedade civil - incluindo em Maputo, a capital, em Matola, a cidade mais populosa do país, mas também em Nampula, a 'capital' do norte, e em Quelimane, capital da província da Zambézia, estas duas lideradas até agora pela RENAMO.
No município de Vilanculo, província de Inhambane, a FRELIMO venceu, com 10.023 votos, mas apenas uma diferença de 34 votos para a RENAMO (9.989 votos), segundo o edital de apuramento distrital intermédio.
Nas eleições autárquicas de 2018, a FRELIMO venceu em 44 das 53 autarquias - foram criadas mais 12 autarquias nestas eleições - e a oposição em apenas nove, casos da RENAMO, em oito, e do MDM, na Beira.
A Ordem dos Advogados de Moçambique manifestou hoje "profunda preocupação" face ao "elevado nível de violência" após a eleição autárquica de quarta-feira, que "revela um descrédito nas instituições que administram o processo eleitoral".
"Os níveis de violência, para além de poderem desacreditar qualquer resultado eleitoral, podem igualmente gerar suspeição relativa à integridade do próprio ato eleitoral, como um todo e das instituições que o administram", refere um comunicado daquela Ordem, assinado pelo bastonário, Carlos Martins.
O principal partido da oposição em Moçambique tem estado a denunciar alegadas fraudes nas autarquias cujos resultados intermédios foram anunciados, todos dando vitória à FRELIMO, acusando a polícia de estar a ser instrumentalizada pelo partido no poder.