A organização não-governamental Sala da Paz diz que a contagem dos votos das eleições autárquicas de quarta-feira (11.10) decorreu de forma tranquila em quase todos os municípios. No entanto, lamenta a ocorrência de ilícitos eleitorais.

O diretor executivo da Sala da Paz, Crispim Amaral, destaca os municípios da Matola, Maputo, Beira, Quelimane e Nampula, onde ocorreram casos de interrupção de energia durante a contagem de votos que, segundo a organização, afetam a integridade do processo.

"Exortamos todos os atores do processo eleitoral a demonstrarem compromisso com os princípios democráticos", afirmou Crispim Amaral durante uma conferência de imprensa esta quinta-feira de manhã.

O responsável pediu ainda aos órgãos de gestão eleitoral para liderarem "o processo subsequente com a máxima integridade e transparência, como forma de garantir a credibilidade dos resultados eleitorais para todos os concorrentes e evitar incidentes de violência."

Respeito pela democracia

A Sala da Paz deixou também um apelo a todos os concorrentes eleitorais, para respeitarem o processo democrático. "Reconhecendo que as eleições são uma expressão de vontade do povo, é essencial aceitar os resultados como uma manifestação da escolha dos eleitores", disse Crispim Amaral.

Apelou ainda às forças de segurança para exercerem as suas funções "com integridade e isenção, obedecendo aos parâmetros legais".

A organização lamentou a agressão a um jornalista em exercício em Maputo por elementos das mesas de votação. "Trata-se de um ato que, para além de violar a legislação sobre a liberdade de imprensa e o direito à informação em Moçambique, contribui para a intimidação da classe jornalística", notou o diretor executivo da Sala da Paz.

RENAMO reivindica "vitória esmagadora" em Maputo

O cabeça de lista da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Maputo, Venâncio Mondlane, denunciou esta quinta-feira a recusa dos presidentes das mesas de voto em assinar atas e editais que, alegadamente, confirmam a sua vitória na capital. Também lamentou os cortes de energia durante a contagem dos votos.

"No KaMubukwana, para além de terem feito corte de energia, recebemos uma chamada de um quadro sénior da Eletricidade de Moçambique a dizer que tinha recebido ordens superiores para o corte e agora estão a negar entregar os editais, porque sabem que a vitória é esmagadora da RENAMO", afirmou Mondlane.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) ainda não se pronunciou sobre as denúncias e os resultados anunciados pela RENAMO.