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Seropositivos abandonam tratamento em Manica

Bernardo Jequete (Manica)
21 de dezembro de 2018

Em Manica, um em cada três seropositivos abandona o tratamento ao fim de um ano. As autoridades de saúde apelam aos pacientes infetados com o HIV/Sida, para não desistirem do tratamento.

HIV Mosambik Mancia
Consulta externa em ManicaFoto: DW/B. Jequete

O número de paciente que abandona o tratamento já preocupa as autoridades de saúde em Manica e face a esta situação fizeram soar o alerta em toda província. 30% dos pacientes com o vírus do HIV/SIDA deixam de tomar os medicamentos antirretrovirais nos primeiros 12 meses de tratamento. Todos os anos, mais de 35 mil pacientes abandonam o tratamento, segundo dados oficiais.

Isidoro Nobre, supervisor provincial do programa das Infeções de Transmissão Sexual em Manica, alerta que o abandono do tratamento antirretroviral contribui para a ineficácia dos medicamentos.

"É uma grande perda para o Estado e para o próprio paciente, porque ao abandonar os medicamentos, pode diminuir a eficácia do tratamento. Se toma hoje o medicamento de uma determinada linha e se o paciente abandona, por uma semana ou mais, mesmo que volte a tomar os medicamentos corretamente, os mesmos já não surtem qualquer efeito, criando-se a necessidade de se trocar de linha."Manica é uma das províncias moçambicanas com maior número de pessoas infetadas com o virus HIV no país. 13% dos habitantes são seropositivos, segundo estatísticas oficiais. Muitos pacientes abandonam o tratamento por vergonha de revelar que têm HIV. Outros, com medo dos efeitos secundários da medicação.

Abandono ao tratamento do virus HIV/SIDA em Manica preocupa autoridades

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Filomena Vareta trabalha para a Shingirirai, uma associação que lançou uma campanha de sensibilização sobre a importância do tratamento antirretroviral.

Filomena Vareta - Associação ShingiriraiFoto: DW/B. Jequete

"Existem muitos abandonos nas unidades sanitárias, mas estamos a trabalhar arduamente para reduzir essa taxa de desistência. Como forma de evitar esses abandonos, estamos a fazer visitas precoces, para que a pessoa não possa abandonar, porque muitos desistem por causa dos efeitos colaterais dos medicamentos. […] E também, temos 167 mães, que fazem o seguimento de mulheres grávidas lactantes seropositivas, para que não tenham bebés seropositivos. […] Ficam como se fossem amigas ou madrinhas. Aconselham durante a gravidez, de forma a que a mãe não possa abandonar o tratamento […] e aconselham a revelação do seu estado de saúde ao parceiro."

Em coordenação com os parceiros, a Direção Provincial de Saúde também tem sensibilizado a população para este problema de saúde pública. Segundo Regina Naciaca, médica chefe provincial de Manica, a direção tem como prioridade a diminuição do número de pacientes infetados com o vírus da SIDA.

Regina Naciaca - Médica-chefe provincial de ManicaFoto: DW/B. Jequete

"Temos feito esforços para garantir a difusão de informação, disponibilidade de medicamentos dentro das unidades sanitárias e na comunidade, tendo em conta o bem-estar da população. Queremos reduzir as novas infeções, a transmissão de mãe para filho e manter as pessoas infetadas saudáveis."

Naciaca acrescentou ainda, que há mais unidades sanitárias com serviços de tratamento antirretrovieral, do que no ano passado – o número passou de 85 em 2017 para 104 este ano. Foi ainda alargada a oferta de serviços de circuncisão masculina médica voluntária. 

No entanto, as autoridades, associações e os médicos, que apoiam os pacientes seropositivos, reforçam o alerta: é preciso fazer o teste de HIV e levar o tratamento até ao fim.

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