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Autoridades de São Tomé e Príncipe divergem sobre apoio a CNT na Líbia

2 de setembro de 2011

Governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada aprovou o órgão político dos rebeldes líbios. Presidente Fradique de Menezes defende posição da União Africana de não reconhecer "regime saído do poder das armas".

Presidente cessante Fradique de Menezes diz que não reconhece órgão político da rebelião líbia
Presidente cessante Fradique de Menezes diz que não reconhece órgão político da rebelião líbiaFoto: Picture-Alliance/dpa

Reunido em conselho de ministros, o governo chefiado pelo primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada reconheceu na quinta-feira (1/9) o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião na Líbia, como "autoridade representante do povo líbio". O governo do arquipélago lusófono no Golfo da Guiné (oeste africano) ainda deixou um apelo "ao mais rápido regresso à normalidade institucional, de modo a conferir ao povo líbio a possibilidade de escolher os seus legítimos dirigentes".

Antes, porém, o presidente cessante, Fradique de Menezes, disse que está alinhado com a posição da União Africana – tanto no plano político quanto no pessoal (Fradique de Menezes será substituído por Manuel Pinto da Costa neste sábado, 3/9).

"Poder das armas"

"A carta da União Africana diz que não se deve reconhecer nenhum regime saído do poder das armas", discursou Fradique de Menezes. "O CNT será o interlocutor? O momento dirá quando a Líbia tiver de fato um poder democraticamente escolhido pela população líbia", acrescentou.

Presidente sul-africano e diretor do Comitê sobre a Líbia da UA, Jacob Zuma, defende transição que inclua "todas as partes" do paísFoto: AP

Também o presidente sul-africano Jacob Zuma disse na última sexta-feira (26/8), após cimeira de emergência da União Africana, que "governos que chegam ao poder por meios inconstitucionais não poderiam participar das atividades da União [Africana]. Existe mais de um grupo exigindo a autoridade e apoio na Líbia e uma solução terá de incluir a todos", afirmou Zuma, ao voltar da cimeira.

Após reunião internacional sobre a Líbia em Paris, na quinta-feira (1/9), a UA disse que ainda não reconheceria o CNT como a nova liderança no país norte africano. O presidente da comissão da UA, Jean Ping, disse que o órgão esperaria o CNT cumprir a promessa de proteger trabalhadores africanos na Líbia.

Muitos cidadãos de outros países africanos estariam sendo confundidos como mercenários estrangeiros a serviço de Mouammar Kadhafi, que dirigiu a Líbia por 42 anos e cujo paradeiro é, atualmente, desconhecido. Porém, Noureddine Mezni, porta-voz da UA, disse que era "encorajador" o fato de o CNT querer trilhar o caminho da reconciliação após o fim do regime de Kadhafi.

Reconhecimento internacional

Cerca de 40 países da comunidade internacional reconheceram o CNT rebelde como representante legítimo do povo líbio – incluindo pelo menos 18 dos 54 países-membros da UA. Mas a comunidade de países africanos ainda não o fez, assim como países de língua portuguesa como Moçambique, Angola e Brasil, por exemplo.

Em São Tomé e Príncipe, segundo a Deutsche Welle apurou, os interesses líbios estão relacionados com a agricultura e o turismo. Uma empresa líbia detém a gestão da empresa agrícola Monte Café. A LAICO, um consórcio hoteleiro, tem projetos para a construção de um hotel 5 estrelas no centro da capital, São Tomé, e uma estância turística numa das praias da ilha de São Tomé – mas as obras ainda não arrancaram.

Autor: Juvenal Rodrigues (São Tomé) / Renate Krieger (com agências afp/dpa)
Edição: António Rocha

Rebeldes líbios entram no complexo de Kadhafi, Bab al-Aziziya, em Trípoli (23/8)Foto: picture-alliance/dpa
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