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Autoridades moçambicanas garantem que nada mudou após ameaça da RENAMO

Nadia Issufo20 de junho de 2013

Em Moçambique ameaça da RENAMO não se concretizou, mas aumentou a tensão. Por precaução o Governo aumentou o dispositivo de segurança na estrada nacional número 1 e garante que está tudo sob controlo. Mas população foge.

Autoridades moçambicanas garantem nada mudou após ameaça da oposição de bloquear linhas ferroviárias e rodoviáriasFoto: Reuters


A chefe do posto administrativo de Muxúngue, na província central de Sofala, Páscoa Mambara garante: "Aqui as carrinhas estão a circular. As pessoas também. O comércio está a andar como deve ser. E os machibombos e camiões estão a circular. Não tem nenhum impedimento apesar das ameaças. Só que as pessoas tiveram medo. Mas não há nada. Está tudo nos conformes. "

De lembrar que nesta quarta-feira (19.06.) o maior partido da oposição, RENAMO, ameaçou cortar a circulação ferroviária e rodoviária, na principal estrada do país que liga o sul ao norte.

Segundo ele, o objetivo é evitar a militarização e consequente ataque à região centro, onde se encontra o seu presidente, Afonso Dhlakama, e os seus ex-combatentes.

Também a direção provincial dos transportes e comunicações de Sofala informou que os dez autocarros previstos para o transporte interprovincial cumpriram as suas rotinas na região.

A estrada nacional número 1 é a mais importante do país, pois é a única que liga o sul ao norteFoto: DW

Aumento do dispositivo de segurança

Apesar da tranquilidade houve um aumento das medidas de segurança na princípal estrada do país, como conta Elcio Canda, da direção dos transportes de Sofala: "Todos os autocarros partiram a hora prevista e por volta das 8:30 os autocarros que iam para o sul do país (Maputo) já estavam a passar a zona de Muxúngue. A partir dali tiveram um acompanhamento por precaução até a zona do Save e seguiram viagem normalmente."

Mas a população receosa já começou a abandonar os prováveis palcos de confronto, depois do anúncio da RENAMO.

Esta não é a primeira vez que ela foge em debandada. Recorde-se que na altura do primeiro confronto entre os homens deste partido e a polícia muitos fugiram com medo de um retorno à guerra.

Relativamente a isso a chefe do posto admnisitrativo de Muxúngue garantiu também que não há fuga: "Ontem (19.06), depois da televisão ter dado a notícias as pessoas ficaram com medo. Mas dizer que toda a população saiu de Muxúngue não é verdade. Algumas pessoas saíram, mas desde manhã os carros estão a circular. O mercado está cheio de pessoas. Não tem problema."

Instalações da multinacional Rio Tinto na província de TeteFoto: DW/J. Beck

Carvão merece outro discurso

No que se refere a circulação ferroviária, o Governo já não manifesta o mesmo nível de tranquilidade. As empresas que exploram carvão mineral na província de Tete, Vale e Rio Tinto, estão com o seu escoamento condicionado.

É que o carvão passa pela linha de Sena, também alvo de ameaça da RENAMO. Segundo Elcio Canda, dos transportes e comunicações de Sofala, contactos com os principais visados já foram feitos: "Mas ontem mesmo, tivemos um encontro à tarde com essas companhias, e esclarecemos que deveriam continuar com as operações."

Entretanto Canda reconhece que este setor foi afetado: "É verdade que depois houve um pequeno constrangimento porque reduziu um bocadinho o número de comboios que devia circular, mas depois ficou certo que devíamos continuar a fazer as operações normalmente."

"Há um pouco mais de cautela", assume o diretor provincial dos transportes e comunicações de Sofala, e re-afirma que está tudo normal.

Recorde-se que a exploração de carvão mineral é vital para a economia moçambicana, o que leva alguns analistas a considerarem que a RENAMO pode fazer deste setor um alvo para pressionar o Governo a satisfazer as suas exigências, entre elas, a despartidarização do Estado e a paridade partidária na composição da Comissão Nacional de Eleições, CNE.

Governo condena RENAMO

Entretanto, o primeiro-ministro moçambicano condenou nesta quinta-feira (20.06.) as ameaças da RENAMO. Alberto Vaquina enfatizou que "o rumo de Moçambique é a paz e o desenvolvimento". Para o primeiro-ministro o país não pode voltar a viver a experiência da guerra civil de 16 anos, que opôs o Governo e a RENAMO, e que terminou em 1992.

O diálogo deve ser a solução defendida pela RENAMO na óptica de Vaquina, explorando a sua presença nas instâncias de soberania do Estado, principalmente na Assembleia da República.



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