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Autoridades nigerianas com dificuldades para libertar as raparigas raptadas por Boko Haram

Stefanie Duckstein/António Rocha 23 de julho de 2014

Na Nigéria, o Presidente recebeu familiares das 219 raparigas que ainda se encontram nas mãos do grupo Boko Haram. Desde o rapto, o Governo passou a ser muito criticado pela sua fraqueza em não conseguir libertá-las.

Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, recebendo familiares das raparigas raptadasFoto: Wole Emmanuel/AFP/Getty Images

Completam-se esta quarta-feira (23.07) 100 dias, desde que as raparigas foram raptadas pelo grupo radical Boko Haram na cidade nigeriana de Chibok, no nordeste do país.

Pela primeira vez na terça-feira (22.07), o Presidente Goodluck Jonathan reuniu-se com alguns pais das jovens que foram raptadas à saída de um liceu a 14 de abril último.

Uma delegação de mais de 150 pessoas foi recebida na tarde desta terça-feira (22.07) pelo Presidente nigeriano. O encontro foi à porta fechada e no final, Reuben Abati, porta-voz de Goodluck Jonathan, falou à imprensa: "Hoje o Presidente recebeu quatro categorias de pessoas: as raparigas que conseguiram escapar, os pais das jovens que conseguiram fugir, os pais das moças ainda reféns e representantes da comunidade de Chibok."

Ainda segundo Abati, "o encontro foi franco e muito rico. As pessoas partilharam os seus sentimentos com o Presidente e a ocasião permitiu ao Presidente dizer-lhes que o objetivo primordial do seu Governo é trazer sãs e salvas as adolescentes."

Governo decepciona

Em maio, um alto quadro do exército nigeriano, o coronel Alex Badeh, disse aos jornalistas que as Forças Armadas sabiam onde se encontravam as raparigas. No entanto, não deu detalhes sobre o paradeiro.

O Governo de Goodluck Jonathan está a ser criticado pela gestão do casoFoto: imago/Wolf P. Prange

Inicialmente, as Forças de Segurança suspeitavam que as raparigas teriam sido transportadas diretamente para os Camarões. Entretanto, existem evidências que as jovens tenham sido escondidas na área florestal do nordeste da Nigéria.

Mas, apesar dessas informações nada aconteceu até ao momento. Jibo Ibrahim, ativista dos direitos cívicos em Abuja, está decepcionado com esta situação: "Agora, são muitos meses que estamos sem qualquer notícia, no entanto, o Governo diz que sabe onde elas estão. Mas o Governo não vai utilizar a força militar para as libertar para evitar que algumas delas sejam mortas."

O ativista diz que entende a medida, mas questiona: "Se a força militar não é uma opção, então deve haver um diálogo com essas pessoas do Boko Haram. E o Governo diz que não vai fazer isso. Ou o Governo acredita que essas meninas conseguem continuar a viver nessas condições? "

Nem a contestação é suficiente

Alguns dias depois do sequestro, uma onda de indignação surgiu nos media internacionais e nas redes sociais com a campanha "Bring Back Our Girls", em português "Tragam de volta as nossa raparigas", que contou com o apoio de celebridades e personalidades de várias partes do mundo.

Raparigas nigerianas sairam às ruas para exigir a libertação das estudantesFoto: picture-alliance/AP Photo

Também em Kano, a maior cidade do norte da Nigéria, predominantemente muçulmana, milhares de manifestantes sairam à rua para exigir a libertação das jovens.

O encontro desta terça-feira (22.07), entre Goodluck Jonathan e os pais das meninas sequestradas era há muito aguardado, porque muitos têm acusado o Presidente nigeriano de fraqueza na solução deste caso.

Mas o pai de uma das sequestradas diz que "está muito satisfeito com o encontro", e justifica: "O Presidente disse-nos que ele está a fazer tudo ao seu alcance para trazer de volta as nossas meninas."

Já uma outra mãe passou da fase do desespero: "Na verdade desde o dia em que soube que as raparigas foram raptadas, morrer para mim não tem qualquer importância. Mesmo que alguém me ameace com uma arma, isso não me preocupa, porque tenho sofrido muito."

Boko Haram prossegue com ataques

Enquanto isso, apesar do lançamento de uma grande ofensiva militar em maio do ano transato, e da instauração do estado de emergência em três estados do nordeste da Nigéria, o Boko Haram multiplica os ataques mortíferos.

Uma bomba destruiu um Hotel em Bauchi, e o Boko Haram é o suspeitoFoto: picture-alliance/dpa

É assim que o grupo radical continua a semear pânico e desolação por todo país e o Governo permanece manifestamente impotente face ao Boko Haram.

No último fim de semana, um ataque violento da seita contra a cidade estratégica de Damboa, no Estado de Borno, provocou o êxodo de 15 mil pessoas.

Recentemente, um instrutor alemão foi raptado no norte da Nigéria e a ação para a sua libertação, levada a cabo por forças de segurança no país, não teve sucesso.

Para Alves Umar, ex-militar nigeriano "os militares são impotentes porque não têm armas capazes, mas também lhes falta motivação."

Observadores notam que se o Boko Haram conseguir manter as suas posições em Damboa e resistir a um eventual assalto militar, a situação poderá ser muito embaraçosa para as Forças de Segurança e marcará um significativo recuo na repressão desencadeada contra a insurreção islamista, que começou em 2009. e já fez mais de dez mil mortos.

Os islamistas já incendiaram uma parte da cidade de Damboa e destruiram o comissariado da polícia bem como parte de uma caserna militar.


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