Sem um itinerário definido, diz o governo de Kinshasa, forças de segurança "não podem garantir supervisão" da marcha de domingo contra o Presidente Joseph Kabila.
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As autoridades da cidade de Kinshasa proibiram, numa carta aos organizadores, a realização das "marchas pacíficas" agendadas para domingo (25.02) pelos católicos contra a manutenção no poder do Presidente Joseph Kabila, na República Democrática do Congo.
"Por falta de uma rota a seguir, a cidade não pode tomar nota da vossa manifestação, porque não pode garantir uma supervisão eficiente", escreve o governador de Kinshasa, André Kimbuta, ao responsável do Comité Laico de Coordenação (CLC).
As autoridades e os organizadores não chegaram a acordo sobre o itinerário oficial da marcha de protesto, depois da repressão brutal de duas manifestações semelhantes, no mês passado.
Reunião inconclusiva
Este sábado, o governador André Kimbuta convidou os organizadores para uma sessão de trabalho para "examinar um itinerário apropriado". No entanto, a reunião terminou sem acordo, devido à ausência de elementos do grupo de opositores, segundo a AFP.
Na noite de Ano Novo e a 21 de janeiro, segundo dados das Nações Unidas e da organização, 15 pessoas morreram às mãos das forças de segurança em protestos pacíficos que visavam exercer pressão para que Kabila se demita. O Governo registou duas vítimas mortais.
A marcha deste domingo, em Kinshasa, foi convocada pelo CLC, uma organização próxima da igreja, uma força social e espiritual influente na República Democrática do Congo.
A tensão política cresce no país desde setembro de 2016, quando confrontos entre jovens e forças de segurança resultaram em dezenas de mortos em Kinshasa.
Aumentam os receios de que a instabilidade possa mergulhar o país – palco de guerras em 1996-1997 e 1998-2003 - novamente na violência.
Kabila candidato?
Joseph Kabila, que tomou o poder após o assassinato do seu pai, em 2001, está no centro de um polémico Governo que os críticos acusam de corrupção e incompetência. O chefe de Estado deveria ter abandonado o cargo em dezembro de 2016, pondo fim ao seu segundo mandato, mas mantém-se no poder no âmbito de leis que lhe permitem permanecer na Presidência até à eleição do seu sucessor.
Num acordo mediado pela igreja, Kabila aceitou a realização de eleições até ao final de 2017, mas o plano caiu por terra, devido ao que as autoridades classificam como "problemas logísticos” na preparação do escrutínio.
No final de janeiro, Kabila reiterou o mais recente calendário para a realização de eleições – marcadas para 23 de dezembro deste ano, dois anos depois do acordado. Até agora, não é claro se vai voltar a candidatar-se à Presidência.
RDC: Os deslocados de Kalemie
Mais de 200 mil deslocados internos vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações de Kalemie, no leste da República Democrática do Congo. As condições são difíceis, mas melhores do que em casa.
Foto: Lena Mucha
À noite num campo de deslocados internos
Duas crianças correm ao anoitecer no campo de deslocados internos de Kalenge. Milhares de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas depois que o conflito começou na província de Tanganyika, no leste da RDC. Agora, muitas vivem em campos na cidade de Kalemie e seus arredores. Entre os deslocados estão muitas crianças, que foram separadas dos seus pais.
Foto: Lena Mucha
Casas inflamáveis
As pessoas no campo de refugiados de Kalenge vivem em cabanas de palha. Focos de incêndio espalham-se frequentemente de casa para casa. A situação é semelhante noutros campos de deslocados da região. Só em junho, houve incêndios nos campos de Moni, Lukwangulo, Kabubili, Kateke e Katanyika. Em agosto, metade do campo de Kakinga pegou fogo, resultando na morte de uma criança.
Foto: Lena Mucha
A escola torna-se um abrigo de emergência
Estas crianças estão na Escola Primária Circle Filtsaf em Kalemie, mas não estão aqui para aprender. Elas vivem na escola desde que foram expulsas de Tabacongo, no início de maio. Algumas delas sofrem de doenças e desnutrição.
Foto: Lena Mucha
Bactéria no sangue
Funcionários da ONG Médicos Sem Fronteiras fazem testes de diagnóstico de malária nesta clínica improvisada. Estima-se que até 80% das pessoas no campo de refugiados de Kalunga sejam portadoras da bactéria da malária. Os médicos também cuidam de crianças malnutridas e que sofrem de sarampo.
Foto: Lena Mucha
Fuga em família
"Os nossos filhos e idosos estão a morrer", disse Kisompo Selemani (na foto, o segundo da esquerda). O chefe do povo Twa vive desde novembro com a sua esposa e quatro filhos em Kilunga. A família teve que deixar a sua aldeia quando foi atacada por outra fação Twa. "O Governo tem que fazer algo para que possamos retornar às nossas aldeias", disse o homem de 64 anos.
Foto: Lena Mucha
Sem educação
Nos campos de deslocados internos não há escola ou qualquer outra atividade para as crianças.
Foto: Lena Mucha
Ganhar a vida
Uma mulher vende cigarros, lanternas e mandioca com os seus filhos no campo de refugiados de Kilunga. Muitos deslocados fazem apenas uma refeição por dia, geralmente farinha de mandioca e folhas.
Foto: Lena Mucha
À procura de água limpa
Enquanto as crianças em Mukuku jogam futebol, as mulheres carregam vasilhas de água. A falta de água limpa aumenta o risco de doenças contagiosas como a cólera, que é transmitida através da água contaminada.
Foto: Lena Mucha
À procura de trabalho
A segurança na região ainda é volátil. Muitos deslocados estão à procura de um lugar seguro em Kalimie e arredores. Para ganhar algum dinheiro, eles trabalham no campo das aldeias vizinhas ou recolhem lenha para vender.
Foto: Lena Mucha
Abrigo temporário ou um novo começo?
A vida no campo de refugiados não é fácil. No entanto, para muitos deslocados, é bem melhor do que antes. A maioria dos deslocados testemunhou graves violências antes de fugir. Segundo os Médicos Sem Fronteiras, há uma grande necessidade de cuidados psicológicos.
Foto: Lena Mucha
Mosquitos, uma ameaça mortal
No campo de Kalonda, Kabeja Kanusiki, de 69 anos, cuida dos seus netos doentes. A rede mosquiteira ao fundo serve para protegê-los da malária, que pode ser particularmente grave para as crianças. No total, pelo menos 210 mil deslocados vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações da cidade de Kalemie, no leste congolês.