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TerrorismoBurkina Faso

Terrorismo no Burkina Faso faz soar alarmes na região

Katrin Gänsler | Fiacre Ndayiragije | Eric Topona
7 de dezembro de 2021

Nova onda de violência no Burkina Faso gera receios de expansão do terrorismo. A situação é particularmente preocupante na fronteira com o Benim e o Togo, depois de a cidade de Nadiagou ter sido tomada por terroristas.

Protesto pela demissão do Presidente Roch Marc Christian Kaboré, na sequência dos avanços terroristas.Foto: Sophie Garcia/AP/picture alliance

Os avanços terroristas no Burkina Faso estão a fazer soar os alarmes em toda a região da África Ocidental, que teme uma expansão do terrorismo. A situação é particularmente preocupante na fronteira do Burkina Faso com o Benim e o Togo, depois de a cidade de Nadiagou ter sido tomada por terroristas.

Esta foi a primeira vez que a milícia jihadista "Grupo de Apoio ao Islão e Muçulmanos" (JNIM), com origem no Mali, levou a cabo um ataque nesta zona. Até aqui, o grupo atuava apenas no norte e noroeste do Burkina Faso.

"Os jihadistas controlam a aldeia", diz um residente que fugiu para a capital, Ouagadougou, mas que permanece em contacto com familiares. "Só restam mulheres, crianças e idosos". Não há confirmação oficial, mas uma fonte das forças segurança ouvida pela DW corrobora os relatos.

Apelos à demissão do Presidente Kaboré

"O nosso país está em guerra e está a desaparecer cada vez mais. Já perdemos uma grande parte do território", lamenta Ibrahima Maïga, co-fundador do movimento "Sauvons le Burkina Faso" (Salvemos o Burkina Faso), atualmente a viver nos Estados Unidos da América.

Residente em Nadiagou refugiado na capital, em entrevista à DW.Foto: Richard Tiéné/DW

Há semanas que o movimento exerce pressão sobre o Governo de Roch Marc Christian Kaboré, no poder desde 2015. "Decidimos protestar até que haja uma mudança real. Para nós, isto só é possível se o Presidente Kaboré se demitir. É por isso que estamos a manter esta dinâmica", diz Maïga.

Desde 2016, mais de 2.000 pessoas morreram vítimas de ataques terroristas. 1,4 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas e cerca de 2.700 escolas tiveram de fechar, o que impossibilita mais de 300.000 crianças e jovens de receber formação. É a maior crise de segurança desde a independência do país, em 1960.

Sahel tem de trabalhar "em conjunto"

Face ao mais recente avanço, o Presidente Kaboré anunciou mudanças no exército. Mas a população entende que o Governo não tem sido capaz de a proteger do terrorismo e exige a demissão do chefe de Estado.

"O problema é ele próprio. Estas mudanças anunciadas demasiado tarde não chegam. Precisamos de alguém que possa travar a guerra", afirma Prosper Nikiema, residente na capital, Ouagadougou.

Já Amadou Diemdioda Dicko, deputado da União para o Progresso e a Mudança (UPC), entende que o anúncio de "medidas diferentes" é positivo, mas não chega. O deputado da oposição exige o envolvimento coletivo dos países do Sahel.

Roch Marc Christian KaboréFoto: facebook.com/Presidence.bf

"É difícil encontrar soluções para o caso do Burkina Faso. A situação é a mesma no Mali e no Níger. As pessoas precisam de compreender que só podemos combater o terrorismo se trabalharmos em conjunto", sublinha.

"Verdadeira sinergia" precisa-se

"Os défices de capacidade dos exércitos do Sahel são uma das causas das dificuldades atuais, assim como os problemas ligados a conflitos internos, múltiplas disfunções, a falta de acesso a serviços básicos", resume o general senegalês Babacar Gaye, em entrevista à DW.

"É necessário que exista uma maior capacidade militar e que os países da CEDEAO se envolvam mais em ações militares. Deve haver uma verdadeira sinergia entre todas as forças envolvidas no Sahel", considera.

O medo de que estes números se possam replicar noutros países é cada vez maior. Principalmente quando o inimigo se aproxima. No Benim, dois ataques terroristas sofridos pelo exército na semana passada colocaram a população em alvoroço. Os ataques, que mataram dois soldados, aconteceram em Porga, na fronteira com o Burkina Faso.

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