Protestos na capital do Mali contra o Presidente Ibrahim Boubacar Keita deixaram um morto e 20 feridos. Esta é a terceira grande manifestação em menos de dois meses. Manifestantes atacaram a sede do Parlamento.
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A capital do Mali viveu na sexta-feira (11.07) o dia mais tenso em um ano, marcado por uma manifestação contra o Presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita. Os protestos deixaram um morto e 20 feridos. Houve também ataques a edifícios públicos, incluindo a sede do Parlamento maliano.
Esta foi a terceira grande manifestação organizada em menos de dois meses pela coligação do Movimento do 5 de Junho, integrado por religiosos, políticos e personalidades da sociedade civil, que contesta a Presidência de Keita, que está no cargo desde 2013. A contestação liderada pelo imã Mahmoud Dicko, faz recear aos parceiros do Mali uma agravação da instabilidade do país.
O Mali é confrontado desde 2012 com ataques de milícias fundamentalistas, a que se juntaram desde há cinco anos confrontos intercomunitários. Para mais, este fenómeno repete-se nos vizinhos Burkina Faso e Níger, desde 2015.
"Registámos 20 feridos e um morto na morgue", declarou Yamadou Diallo, médico do serviço de urgência do hospital Gabriel Touré, na capital, à agência de notícias francesa AFP.
Ataque ao Parlamento
Depois da manifestação, os protestos continuaram e a sede da Assembleia Nacional foi atacada. "Vários gabinetes foram saqueados, documentos destruídos e bens roubados", disse um dirigente da instituição. "As forças da ordem tiveram de disparar", acrescentou.
Os dois canais da televisão pública do país deixaram de emitir na sexta-feira (10.07). Os manifestantes dirigiram-se à sede da rádio e televisão públicas, onde ocuparam a antena. Outra parte do grupo ocupou duas das três pontes da cidade. Em pontos dispersos, registaram-se incêndios esporádicos, alimentados pela queima de pneus.
"O Presidente da República dececionou com o seu último discurso", declarou um dos dirigentes do movimento de contestação, Nouhoun Sarr, referindo-se a um discurso do chefe de Estado dois dias antes a tentar apaziguar as tensões. "Agora já não o consideramos Presidente", afirmou Issa Kaou Djim, outro dirigente dos contestatários.
O Movimento 5 de Junho exige a dissolução do Governo, a formação de um Executivo, bem como a substituição de nove membros do Tribunal Constitucional, acusados de articulação com o poder político.
Protesto contra o racismo nos cinco cantos do mundo
A morte de George Floyd move pessoas em todo o mundo. Apesar das restrições devido à pandemia da Covid-19, centenas de milhares de manifestantes decidiram sair às ruas e protestar contra o racismo sistémico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Hadebe
Lisboa: Agir agora!
Embora a manifestação não tenha sido autorizada, a polícia permitiu que os participantes avançassem. Em Portugal, também há violência policial contra a população negra. Em janeiro de 2019, quando centenas de pessoas se manifestaram espontaneamente, após um incidente no bairro da Jamaica, a polícia disparou balas de borracha.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/J. Mantilla
Paris: Protesto no "Champ de Mars"
Nos últimos dias a polícia francesa tem dispersado manifestantes com gás lacrimogéneo nas manifestações nas proximidades da Torre Eiffel e em frente à embaixada dos EUA. No entanto, milhares de pessoas saíram à rua - mesmo para além de Paris - contra o racismo. A violência policial contra a população negra é particularmente generalizada nos subúrbios.
Foto: picture-alliance/Photoshot/A. Morissard
Manifestação apesar da proibição
A Bélgica, assim como a maioria dos países europeus, tem uma quota-parte na exploração e subjugação colonial de outros continentes. A atual República Democrática do Congo foi, em tempos, propriedade privada do Rei Leopoldo II, que estabeleceu um regime racista. Em Bruxelas, Antuérpia e Liège, houve manifestações contra o racismo, apesar das proibições impostas devido à Covid-19.
Foto: picture-alliance/abaca/B. Arnaud
Munique: Baviera colorida
Uma das maiores manifestações da Alemanha teve lugar em Munique, onde se reuniram 30.000 pessoas. Colónia, Frankfurt e Hamburgo também foram palcos de grandes manifestações. Em Berlim, a polícia teve de bloquear temporariamente as estradas de acesso à Alexanderplatz, porque havia demasiadas pessoas.
Foto: picture-alliance/Zumapress/S. Babbar
Viena: 50 mil contra o racismo
Na capital austríaca de Viena, reuniram-se 50 mil pessoas, segundo a polícia local. Esta foi uma das maiores manifestações dos últimos anos, incluindo o escândalo de Ibiza e a espetacular implosão da coligação de governo de direita em 2019.
Foto: picture-alliance/H. Punz
Sófia: Oposição ao racismo
Como a maioria dos países europeus, a Bulgária proíbe a realização de agrupamentos com mais de dez participantes. No entanto, centenas reuniram-se na capital da Bulgária, Sófia. Juntas, gritaram as últimas palavras de George Floyd antes de morrer: "Não consigo respirar", mas também chamaram a atenção para o racismo na sociedade búlgara.
Foto: picture-alliance/AA
Turim: Protesto com máscara
Esta mulher em Turim agrafou a sua preocupação política à mascára necessária num dos países mais afetados pela Covid-19: "As vidas negras também contam em Itália". As manifestações, incluindo em Roma e Milão, serão os maiores aglomerados registados desde o início das medidas de combate ao coronavírus. A Itália é um dos principais países de acolhimento de emigrantes africanos da União Europeia.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/M. Ujetto
Cidade do México: Floyd e Lopez
No México, não é apenas a morte de George Floyd que está a perturbar o país, mas também o destino semelhante do pedreiro Giovanni Lopez. Foi detido em maio, no estado ocidental de Jalisco, porque não estava a usar máscara. Presume-se que morreu vítima de violência policial. Após a publicação de um vídeo da operação, os manifestantes mexicanos intensificaram os protestos.
Foto: picture-alliance/Zumapress
Sydney: Racismo contra os aborígenes
O rali em Sydney começou com uma cerimónia tradicional de fumo. Aqui, a solidariedade dos pelo menos 20.000 participantes foi dirigida não só a George Floyd, mas também aos australianos da população aborígene, que também foram vítimas de violência policial racista. Os manifestantes exigem que ninguém continue a morrer sob custódia policial.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Khan
Pretória: Com o punho levantado
O punho levantado no ar é um símbolo do movimento "Black Lives Matter". Mas o gesto é muito mais antigo. Quando o regime do apartheid na África do Sul libertou Nelson Mandela da prisão, em fevereiro de 1990, ele levantou o punho no seu caminho para a liberdade, tal como este manifestante em Pretória. Na África do Sul, os brancos continuam a ser frequentemente favorecidos.