Bamako prossegue buscas para recuperar o Norte do Mali
16 de outubro de 2012Os principais convidados para a cimeira não vêm de longe, mas, diretamente de países vizinhos do Mali. Representantes dos vizinhos do norte, que fazem fronteira com a polémica região do Norte, nomeadamente a Mauritânia e a Argélia.
Até agora, eles mostraram-se muito cautelosos em relação a uma operação militar internacional. Particularmente a Argélia receia possíveis consequências incontroláveis.
O país tem sofrido com o terrorismo no seu próprio território. Teme-se que grupos como o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental, bem como os chamados Defensores do Islão, uma vez expulsos do Mali, poderiam mover-se para esses países.
Oumar Daou, o embaixador do Mali nas Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, acredita, no entanto, que os países vizinhos se engajarão a favor de uma ação militar: "Ousamos esperar que esta importante reunião dê um novo impulso às recentes iniciativas e que o Conselho de Segurança da ONU, então, tão cedo quanto possível, possa aprovar uma resolução que autorize uma intervenção internacional no Mali."
Sim do Conselho de Segurança da ONU, com ressalvas
Na última sexta-feira (12.10), o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução abrindo a possibilidade para uma missão militar internacional no Mali. No entanto, o órgão exige mais dados sobre o pessoal, despesas e movimentos planeados de tropas da CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental) e da União Africana.
Gert Rosenthal é o embaixador da Guatemala na ONU e atual presidente do Conselho de Segurança e garante: "Todos os membros da União Africana estarão direta ou indiretamente envolvidos nesta operação cuja configuração ainda não está pronta. Mas estarão a trabalhar nisso."
A ONU deve apresentar os planos exatos da operação em 45 dias. Só então, uma nova resolução do Conselho de Segurança pode dar a luz verde para o início das ações. A CEDEAO já concordou em fornecer tropas.
Primazia ainda é para negociações
Até lá, o Conselho de Segurança apela ao governo em Bamako, que busque uma solução negociada para o conflito. Mas isso parece pouco promissor. Os grupos islâmicos querem construir um Estado religioso estrito, se possível em todo o Mali.
E os ex-aliados rebeldes tuaregues, que desde abril foram derrubados pelos islamitas, têm o seu próprio Estado Tuareg por objetivo.
A este respeito, Oumar Daou deixa: "O governo de transição reitera claramente que a integridade territorial e a soberania do Mali, bem como a separação entre Estado e religião, não podem ser negociadas."
O governo de transição, em Bamako, tinha pedido ajuda militar também à União Europeia, que nesta segunda-feira (16.10), decidiu apoiar as forças armadas do Mali com formação militar.
Numa reunião em Luxemburgo, os ministros do estrangeiro da União Europeia descartaram, no entanto, uma participação direta de soldados europeus em intervenções militares no Mali.
Não há ainda informações sobre o início, a duração ou o alcance exato da missão da União Europeia. A população no norte do país, entretanto, está cada vez mais impaciente. Sofre com o terror dos islamitas, mas também a fome, a seca e a falta de cuidados de saúde são ameaças.
População espera uma intervenção externa
Um residente da cidade de Tombuktu, ocupada pelos islamitas, falou da sua esperança numa operação militar: "Se a CEDEAO entrar aqui, então os islamitas deixarão a cidade muito rapidamente."
Se isso acontecer, então as agências internacionais de ajuda podem começar a trabalhar novamente no norte do Mali. Mas até lá, no entanto, pode levar muito tempo. Uma resolução da ONU não é esperada antes do final deste ano.
Autora: Peter Hille/Cris Vieira
Edição: Nádia Issufo/António Rocha