Ban Ki-moon pede "boa vontade" a líderes guineenses
Lusa | ms
17 de dezembro de 2016
O secretário-geral da ONU acompanha a formação do novo Governo guineense. Ban Ki-moon espera que os líderes políticos do país demonstrem "espírito de compromisso" para cumprir acordos alcançados em setembro e outubro.
Publicidade
O diplomata "está a seguir de perto os desenvolvimentos na formação de um novo Governo, incluindo a decisão do Presidente José Mário Vaz e a declaração do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) distanciando-se do novo Executivo", disse esta sexta-feira (16.12) o porta-voz de Ban Ki-moon.
O secretário-geral das Nações Unidas acredita que cumprir o Acordo de Conacri, assinado em Outubro, é um "importante primeiro passo para cumprir o mapa do que pretende terminar o impasse político e restaurar a viabilidade institucional da Guiné-Bissau." O compromisso alcançado no país vizinho previa a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e distribuição de pastas a todos os partidos consoante a representação parlamentar.
O líder da ONU afirmou ainda que estará atento à cimeira da Comunidade Económica de Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), que acontece este sábado (17.12), em Abuja, na Nigéria, e que espera "decisões pertinentes" por parte daquele organismo.
Cimeira da CEDEAO
No encontro participam, o Presidente guineense, José Mário Vaz, o novo primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, bem como líderes de quatro dos cinco partidos com representação no Parlamento da Guiné-Bissau.
Domingos Simões Pereira, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Vicente Fernandes, do Partido da Convergência Democrática (PCD), Agnelo Regalla, da União para Mudança, e Iaia Djaló, do Partido da Nova Democracia (PND) vão apresentar aos líderes da África Ocidental os motivos da contestação ao novo Governo.
José Mário Vaz nomeou o general na reserva Umaro Sissoco Embaló, de 44 anos, primeiro-ministro e este formou o seu governo, que é contestado pelos quatro partidos que não o integram. Acusam o chefe do Estado de ter feito um governo fora do entendimento alcançado em Conacri.
Alpha Condé, que na cimeira de Conacri atuou sob o mandato de líderes da CEDEAO, prometeu anunciar os resultados da mediação que fez perante os seus homólogos no encontro deste sábado em Abuja.
Apenas o Partido da Renovação Social (PRS), segunda força política mais votada nas últimas eleições de 2014, integra, oficialmente, o novo Governo, que conta com figuras dissidentes do PAIGC, vencedor das eleições, mas que tem estado arredado do poder devido às divergências com o chefe do Estado.
Eleições gerais na Guiné-Bissau, um marco de esperança
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) de domingo, dia 13 de abril de 2014, na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas.
Foto: DW/João Carlos
Primeira votação desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) deste domingo (13.04.) na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas. Segundo a Comissão Nacional de Eleições, CNE, a taxa de participação no escrutínio foi de 79,4%, a mais alta da história do país.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Guineenses elegem um presidente e 102 deputados
Mais de 770.000 cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais escolheram entre 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrerem à Assembleia Nacional Popular. De acordo com as diferentes missões de observação eleitoral, tanto na capital como no interior foram detetados apenas pequenos problemas que não afetam a votação. A CNE deverá apresentar os resultados definitivos dentro de uma semana.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Quem for eleito "deve ser abraçado por todo o povo", diz Chissano
O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano (à esq.) pediu aos guineenses que estejam prontos para aceitar com "calma" os resultados das eleições gerais. De acordo com o chefe da missão de observadores eleitorais da União Africana, estavam reunidas todas as condições para a realização das eleições na Guiné-Bissau. A UA tem uma equipa de cerca de 60 pessoas a acompanhar as eleições gerais no país.
Foto: DW/Braima Darame
"Paz, paz" foram as palavras do chefe das forças armadas guineenses
O general António Indjai, que liderou o golpe de Estado que em 2012 interrompeu as eleições presidenciais na Guiné-Bissau, lançou pombas brancas depois de votar este domingo em Bissau. Para as eleições, Indjai trocou o uniforme por uma túnica branca. A impunidade do exército é considerado um dos grandes problemas do país e uma reforma é considerada tarefa urgente do novo Presidente.
Foto: DW/Braima Darame
Bissau parou no último dia de campanha eleitoral
Na sexta-feira (11.04.), comércio e instituições da capital guineense fecharam as portas durante a tarde e milhares de cidadãos saíram às ruas para celebrar a democracia. De forma a evitar confrontos entre apoiantes dos diferentes candidatos e partidos, mais de 2.000 homens das forças de defesa e segurança garantiram a segurança através de barreiras entre os espaços ocupados pelos candidatos.
Foto: DW/Braima Darame
Campanha marcada por "desobediência à disciplina dos partidos"
As clivagens no seio dos partidos guineenses foram notórias durante a campanha eleitoral: tanto dirigentes, como militantes dos diferentes partidos apoiaram candidatos de outros quadrantes. Nos comícios viram-se também apoiantes com adereços do partido que apoiam nas legislativas e com material de um candidato presidencial de outra força. A dissidência foi mais vincada entre os jovens.
Foto: DW/Braima Darame
Ramos-Horta pediu ao partido vencedor que inclua as outras forças políticas
Para José Ramos-Horta, desde o golpe de Estado de abril de 2012 na Guiné-Bissau passaram dois anos difíceis em que se abriram muitas feridas. Segundo o representante da ONU em Bissau, as sanções impostas ao país só poderão ser aliviadas através de “um ato eleitoral que não deixe dúvidas à comunidade internacional” quanto à sua transparência.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Amos Sawyer quer integração e desenvolvimento sustentado na Guiné-Bissau
O chefe da missão de observadores eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, CEDEAO, pediu aos líderes dos partidos guineenses que estejam “prontos para fazer sacrifícios em prol do país”. O ex-Presidente interino da Libéria lidera a missão de 220 observadores que a CEDEAO enviou para acompanhar as eleições gerais na Guiné-Bissau.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Serifo Nhamadjo quer "o mundo a aplaudir as eleições" na Guiné-Bissau
Numa mensagem aos guineenses no último dia de campanha, o presidente de transição apelou à participação em massa no escrutínio: "o mundo está de olhos postos em nós”, disse Nhamadjo, referindo que a população deve votar “em liberdade e consciência”. As eleições são um dos últimos passos no período de transição política que o país vive desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Morte de Kumba Ialá gerou preocupação entre políticos e população
De acordo com fontes familiares, Kumba Ialá morreu devido a doença cardíaca a 4 de abril passado. Segundo o seu médico particular e sobrinho, Kumba "pediu para ser sepultado só depois da vitória de Nuno Gomes Nabiam", candidato presidencial que apoiava. Recentemente, o representante da ONU em Bissau, José Ramos-Horta, apelou para que “não haja aproveitamento político” da morte do ex-Presidente.
Foto: DW/B. Darame
Cidadãos guineenses na diáspora depositam confiança nos seus futuros governantes
Apesar de reclamações pela lentidão com que decorreu a votação por limitação de urnas, a comunidade guineense em Portugal participou com entusiasmo nas eleições. Os futuros dirigentes da Guiné-Bissau terão a responsabilidade de criar condições para o regresso dos que foram obrigados a deixar o país devido à instabilidade política.