A maior parte do investimento do BAD na província do Niassa – que ronda os 165 milhões de dólares – está a ser aplicado na melhoria de estradas. Mas a investigação também é uma aposta.
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O Niassa é uma das províncias de Moçambique com grandes problemas de infraestruturas públicas. Por isso, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) tem investido na província, sobretudo na melhoria das estradas e na promoção de tecnologias agrárias.
Pedro Toyde, representante legal da instituição em Moçambique, que se deslocou ao Niassa para encontros com os investidores, diz que o BAD está "orgulhoso de todos os investimentos mencionados."
"O Banco tem um investimento de cerca de 165 milhões de dólares na província do Niassa e grande parte está nas estradas", revela.
A soma corresponde a cerca de 7% de todos os investimentos feitos nos últimos 40 anos no país pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Desde 1977, altura em que começou a cooperação com o Governo moçambicano, o BAD já financiou mais de 200 projetos, totalizando cerca de 2,3 mil milhões de dólares, segundo números oficiais.
"Um grande exportador de produtos agrícolas"
No Niassa, parte do montante está ser aplicado na ampliação da estrada Lichinga-Litude, na asfaltagem dos troços Massangulo-Muita e na estrada Lichinga-Cuamba.
Moçambique: BAD reforça infraestruturas no Niassa
O restante foi canalizado para investigação, para a Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Lúrio, no distrito de Sanga. Segundo Pedro Toyde, os investimentos fazem parte do plano da instituição de "fazer de África um grande exportador de produtos agrícolas".
"Investimos na Faculdade de Agronomia na UniLúrio para preparar os novos empreendedores agrónomos da província do Niassa para os desafios da indústria moderna e ainda na construção de laboratórios agrícolas", explica o representante do BAD. Para isso, acrescenta, são precisas "infraestruturas elétricas que estão integradas e finalizadas no desenvolvimento no sector agrário".
Críticas à qualidade
Victor Maulana, residente no Niassa, vê os investimentos do Banco Africano de Desenvolvimento na província com bons olhos. Mas não deixa de fazer algumas críticas, sobretudo no que diz respeito à execução das obras.
"Estamos a falar primeiro da qualidade das próprias obras, uma estrada que ainda não tem dez anos está cheia de buracos. Estamos a falar da estrada que liga Niassa/Ruance e outras partes ainda não estão terminadas", lamenta.
Victor Maulana critica o nível de execução, "o material que está a ser usado” e as empresas que realizam as obras. "Ou não recebem os fundos como deve ser ou então as próprias empresas não estão a aplicar devidamente os fundos."
Chia: o superalimento que está a mudar agricultores africanos
As sementes de chia são originárias da América Central e do Sul. Agora, muitos agricultores africanos também descobriram as possibilidades de negócios que esta cultura oferece – inclusive para o mercado alemão.
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Porquê a chia?
As sementes de chia estão mais em alta do que nunca. Seja em misturas de muesli, iogurte ou no pão, a chia pode ser usada de diversas maneiras na cozinha. Estas sementes são ricas em proteínas e ácidos gordos insaturados. Conhecida como "superalimento", a chia tornou-se uma tendência nos Estados Unidos e Europa há muitos anos. Vários mercados possuem marcas próprias de chia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Forster
A pequena semente "super poderosa"
Originária da América Central e do Sul, as pequenas sementes de chia têm feito um longo caminho. Hoje, o Uganda é um dos países africanos mais importantes na exportação deste produto. "Agora a chia é um grande mercado", diz Robert Okello, chefe da empresa exportadora "Sage Uganda".
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Do grão tradicional à semente na moda
A produção de chia no Uganda começou há cinco anos. "De início, isto foi bem complicado", diz Okello. Os trabalhadores tiveram de aprender as técnicas de cultivo por conta própria, testar o solo em várias zonas do país e convencer pequenos agricultores a deixarem a plantação de grãos tradicionais, como o milho, para a produção de chia. Agora eles reconhecem que isto é uma oportunidade.
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Chia: Uma fonte de renda para muitas famílias
"O cultivo das sementes de chia é a nossa principal fonte de renda", explica a agricultora Elizabeth Natocho, de 41 anos, que sustenta o marido e mais nove filhos. Há alguns anos, ela ainda plantava milho, que era consumido principalmente pela família. Atualmente, em seus 42 hectares em Namayingo, no leste do Uganda, as plantas de chia estão a crescer. As sementes são exportadas para a Alemanha.
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A mudança de milho para chia
A razão principal: cultivo mais fácil e preços melhores. De acordo com Okello, a planta é mais resistente às ervas daninhas, não requer fertilizantes e precisa de pouca água – o que é ideal para países como o Uganda, que vivem longos períodos de seca. Hoje em dia, a "Sage Uganda" trabalha com cerca de 8.900 pequenos agricultores e espera este ano exportar um total de 500 toneladas de chia.
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Produção africana a ganhar espaço
Cada vez mais comerciantes alemães estão de olho em África, ainda que a produção de chia no continente não consiga acompanhar o ritmo dos produtores americanos. As exportações da América do Sul para a Alemanha foram mais que o dobro do que as de África no ano passado. Mas a produção de chia em África está a crescer abruptamente há vários anos e a ganhar mais espaço no mercado internacional.