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Banco Fomento Angola: Economia pode crescer este ano

Lusa
18 de julho de 2021

Angola pode crescer 3% mesmo com a economia a cair no primeiro trimestre, segundo o Banco Fomento Angola. Dívida pública pode ficar abaixo dos 100% do PIB já este ano.

U.S. Dollarnoten
Foto: picture alliance/J. Greve

O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola considerou hoje que a economia angolana pode crescer de 2 a 3% já este ano. 

"A nossa expetativa para 2021 é de um crescimento sustentado na atividade económica não petrolífera, começando-se a verificar de modo gradual alguns efeitos de diversificação económica", escrevem os analistas, numa nota sobre os últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE), em que dão conta de uma queda de 3,4% no primeiro trimestre face ao homólogo de 2020, e de uma subida de 0,2% face ao trimestre anterior.

"Face às previsões do Governo e do FMI, estamos cautelosamente mais otimistas", apontam os analistas na nota enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, na qual estimam um crescimento do PIB entre 2 e 3% já este ano.

No documento, os analistas explicam que a queda do PIB apontada pelo INE é originada pela "variação do volume produzido de crude, que, por efeito contabilístico, leva a uma quebra na atividade económica medida, apesar do muito significativo aumento de receitas que deverá ocorrer este ano, por via de preços mais elevados".

Este método, explicam, "implica que, apesar de um claro aumento das receitas petrolíferas este ano devido ao enorme crescimento do preço (para as empresas, em termos fiscais, e na disponibilidade de divisas), a contabilização para efeitos de PIB será sempre negativa porque o volume, em barris, do crude exportado, está em queda".

Ainda assim, alertam, a melhoria no crescimento da economia angolana só chegará à população se o efeito for prolongado no tempo. 

"Porém, há que reafirmar que o crescimento sustentado terá efeitos na pobreza e dificuldades económicas da população apenas se permanecer por bastantes trimestres", afirmam, concluindo: "Trata-se de um início auspicioso, mas ainda de um início".

De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,4%, tendo registado uma melhoria de 0,2% face ao último trimestre do ano passado.

"O Produto Interno Bruto (PIB) em volume encadeado do primeiro trimestre de 2021 em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior, ajustado sazonalmente, registou uma queda de 3,4% e, em comparação com o trimestre anterior (quarto trimestre de 2020) registou um crescimento de 0,2%", lê-se no documento disponível no site do INE angolano.

De acordo com o relatório, "o desempenho das atividades económicas no primeiro trimestre de 2021 em relação ao primeiro trimestre de 2020, em termos de variação negativa, é atribuído fundamentalmente às atividades de Construção (-31,5%), Extração e Refino de Petróleo (-18,6%); Transporte e Armazenagem (-15,6), Serviços de Intermediação Financeira (-9,9) e Correios e Telecomunicações (-5,8%)".

O Governo de Angola prevê que a economia do país saia este ano da recessão que enfrenta desde 2016, registando um ligeiro crescimento de 0,1%, ao passo que o Fundo Monetário Internacional antecipa uma recuperação de 0,4%.

Sede do FMI, em Washington DCFoto: picture-alliance/Photoshot/Xinhua/B. Dandan

Dívida pública

O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola considera ainda, numa análise à quinta revisão do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que a dívida pública angolana pode descer abaixo dos 100% do PIB já este ano.

"Na nossa perspetiva, é bastante realista esperar uma descida muito significativa da dívida em percentagem do PIB, para um valor abaixo dos 100%" este ano, escrevem os analistas.

Na nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os consultores do BFA explicam que "não havendo qualquer depreciação até ao final do ano, o que se afigura como provável, o PIB angolano deverá voltar para os 70 a 72 mil milhões de dólares (59 a 60 mil milhões de euros) e, ao mesmo tempo, a dívida terá já registado uma descida no primeiro trimestre, para 67,6 mil milhões de dólares (57,2 mil milhões de euros), segundo os nossos cálculos".

O BFA assume-se assim como mais otimista que o FMI, que prevê uma melhoria de 135,1% para 113,3% no rácio da dívida pública sobre o PIB. 

"Sobre a dívida pública, o FMI aponta para o valor de 135,1% do PIB no final de 2020, esperando que desça para 113,3% no final deste ano; não sendo possível replicar completamente os cálculos do Fundo, os valores consultados pelo BFA apontam para uma dívida pública a rondar os 68 mil milhões de dólares (57,5 mil milhões de euros) no final do ano passado (130,6% do PIB), bastante abaixo dos 79,3 mil milhões de dólares (67,1 mil milhões de euros) em dezembro de 2017", apontam os analistas. 

Na análise à quinta revisão do programa de financiamento de Angola, o BFA considera que "o FMI permanece satisfeito com o grau de cumprimento das medidas por parte das autoridades, apesar de atrasos no cumprimento das metas estruturais", acrescentando que "o atual ponto do programa e o alinhamento de perspetiva entre as autoridades e a instituição tornam mais que certo uma nova aprovação no final do ano".

Assim, concluem que "não será surpreendente a manutenção de algum quadro mais formal de acompanhamento do Fundo após o final do programa, além de várias missões de Assistência Técnica em vários âmbitos iniciadas ao longo do programa".

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