Banco Mundial dá nota positiva à retoma em Cabo Delgado
Lusa
8 de março de 2023
De visita ao norte de Moçambique, a vice-presidente do Banco Mundial para a África Oriental e Austral avaliou, esta quarta-feira, de forma positiva os "esforços de estabilização" que viu no terreno.
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A vice-presidente do Banco Mundial para a África Oriental e Austral, Victoria Kwakwa, avaliou de forma positiva o regresso da vida às ruas de Palma e Mocímboa da Praia, junto aos projetos de gás em Cabo Delgado, Moçambique.
"Estou contente com o que vi: é encorajador ver a atividade económica vibrante nos mercados, é agradável ver a formação da juventude, a construção e agricultura", referiu a dirigente.
Kwakwa passou, esta quarta-feira (08.03), pela região, no norte de Moçambique, que sofre uma insurgência armada desde 2017, cujos ataques levaram à suspensão de projetos de gás em 2021.
Uma coligação de tropas do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ajudou as forças moçambicanas a libertar a zona dos investimentos, que deverão ser reiniciados este ano.
Cabo Delgado: Deslocadas vivem entre desafios e conquistas
01:29
A petrolífera francesa TotalEnergies disse que está a avaliar a segurança e respeito pelos direitos humanos para decidir, mas empresas locais e o subempreiteiro Saipem já referiram que a retoma vai acontecer a meio do ano.
"O que se passa no norte é bastante importante e quis ver os esforços de estabilização" que abrem portas a "grandes atividades económicas, como os projetos de gás natural", referiu Victoria Kwakwa.
Ajuda do Banco Mundial
"O Banco Mundial está a ajudar os residentes a terem acesso a condições de vida e serviços básicos essenciais" e tentar que até possam ser "melhor do que eram antes", concluiu.
Nesta primeira visita a Moçambique, a dirigente pretende debruçar-se sobre o plano de reformas do governo, as causas das fragilidades do país e o aumento da resiliência de Moçambique.
A agenda inclui encontros com o Presidente de Moçambique, primeiro-ministro, ministro da Economia e Finanças e governador do Banco Central, entre outros, dias depois de a organização ter aprovado um novo quadro de parceria com o país até 2027.
O novo quadro de parceria, aprovado em 24 de fevereiro, prevê uma aposta num "desenvolvimento mais verde" nos próximos cinco anos, principalmente através da criação de oportunidades para mão-de-obra pouco qualificada fora da agricultura de subsistência, anunciou o banco.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.