Banco Mundial doa 82 milhões para transformação de Maputo
kg | Lusa
13 de dezembro de 2020
Doação é destinada a mudanças profundas no planejamento urbano da capital moçambicana. O projeto prevê a construção do primeiro aterro sanitário da cidade.
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O Banco Mundial aprovou uma doação de cerca de 80 milhões de euros da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) para apoio ao Projeto de Transformação Urbana de Maputo.
"O projeto financiará investimentos críticos em infraestruturas urbanas e apoiará a implementação de reformas municipais", refere o Banco Mundial num comunicado divulgado este sábado (12.12).
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A evolução do espaço urbanizado "não beneficiou por igual a todos em Maputo, visto que a cidade se expandiu de forma informal, sem um planeamento urbano eficaz e sem investimentos necessários em infraestruturas básicas" justificou André Herzog, líder da equipa do projeto.
A maior parte dos fundos do projeto vai "beneficiar os mais pobres no espaço urbano, investindo na melhoria dos assentamentos informais". O financiamento é também dirigido para a construção do primeiro aterro sanitário da cidade e desativação da lixeira de Hulene.
O projeto ainda inclui a renovação da baixa da urbe e a implementação de um plano urbano para o distrito municipal de Katembe, na margem da baía de Maputo oposta à capital, "onde se espera ocorra a maior parte do futuro crescimento urbano".
Uma parte do financiamento pretende também reforçar os esforços de mitigação do impacto económico da Covid-19 junto dos grupos mais vulneráveis. Moçambique tem um total acumulado de 140 mortes e 16.812 casos de infeção pelo novo coronavírus, 88% dos quais recuperados.
Um olhar lusófono sobre "a cidade" em exposição na Alemanha
Exposição "O Estado das Coisas" apresenta obras de artistas lusófonos no Instituto Camões, em Berlim. Em foco, a relação entre aspetos económicos e artísticos urbanos.
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Ironia moçambicana
Esta é uma das obras na exposição "O Estado das Coisas". É do moçambicano Jorge Dias e consiste numa montagem de cartões de telemóvel e insetos em arame, "feitos segundo uma técnica quase popular de Moçambique", diz o curador João Silvério. "A peça tem uma ironia muito especial. 'Bem vindo' a este mundo do consumo. Mas, ao mesmo tempo, há dois insetos que parecem estar ali a roer alguma coisa."
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Espírito revolucionário
A fotografia "Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas)", de Ângela Ferreira, cujo subtítulo dá nome à exposição, refere-se ao filme do diretor alemão Wim Wenders, de 1982. A foto, de 2003, é uma metáfora do mais representativo ícone da Revolução dos Cravos, "numa altura em que o espírito revolucionário do 25 de Abril está a começar a dissipar-se e a ser esquecido na sociedade portuguesa."
Foto: Ângela Ferreira
Crítica ao pós-revolução
Nascida em Moçambique, Ângela Ferreira é portuguesa e sul-africana. "Estou a fazer um comentário irónico, porque se anunciava já um desgaste do processo revolucionário em Portugal", diz. De lá para cá, o desgaste "veio a agravar-se". "Com a entrada de Portugal na UE, transforma-se num país neoliberal, com um capitalismo furioso e que se tem vindo a agravar mais nos últimos cinco anos", considera.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sem Nome
Um corpo caído na galeria. A escultura "Sr. Central", do artista português Noé Sendas faz parte da série intitulada "Nameless" ("Sem Nome", em português). Sendas considera "natural" a exposição conjunta de obras de artistas lusófonos, porque tem "uma relação pessoal e temporal com os autores que estão aqui. Vivemos todos na mesma época. Vivemos coisas em comum. Expusemos muito em comum".
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desconforto e inquietação
Para Noé Sendas, a cena que a presença de sua escultura cria "não é automaticamente entendida como obra" pelo público. "Quando entra aqui, não sabe se é uma escultura, se é uma pessoa, o que é. Essa inquietação interessa-me. Mais do que criar uma peça, é criar uma relação com o expetador," revela.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Espaços urbanos, espaços de transição
A série de gravuras do artista Julião Sarmento "traz consigo, não só, a figura feminina, mas uma série de relações espaciais em que a própria noção de casa, de corpo e de transcrição estão presentes", relata o curador da exposição. As obras reunidas na exposição têm como língua comum "os espaços habitados, que são espaços de transição, que são espaços urbanos. Sejam grandes ou pequenas cidades".
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Arte e economia
A ideia da exposição é abordar aspetos económicos e artísticos urbanos a partir de obras de artistas lusófonos do acervo da Fundação portuguesa PMLJ. "Simbolicamente, o contexto económico é uma imagem não só do mundo da arte, como do mundo da economia e das trocas sociais", avalia o curador João Silvério. Assim, tentou-se "dar um 'ar do tempo' em que vivemos e tentar abrir um campo de reflexão".
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Sociedade em foco
A exposição apresenta ainda obras de Ana Rito, Cecília Costa, Isabel Carvalho, Pedro Barateiro e Filipa César, autora da foto "Marlboro Triumph" ("O Triunfo da Malboro", em português), feita em Berlim, em que se vê uma propaganda dos cigarros Marlboro ao lado de uma propaganda de soutiens da marca Triumph. "Faço uma relação com os cowboys [e uma sociedade] machista e colonizadora", relata Filipa.
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
O olhar do público
Visitantes interagem durante a abertura da exposição "O Estado das Coisas", em Berlim. A visitante espanhola Amparo Rapela diz que gostou das fotografias e "mais especialmente das gravuras" de Julião Sarmento. "Vou para casa com uma impressão positiva," finaliza. A exposição está patente no Instituto Camões, em Berlim, até 14 de setembro de 2018 e tem entrada livre.