Banco Mundial e FMI desembolsam fundos para conter pandemia
AFP | Reuters | cvt
18 de abril de 2020
Instituições estão a disponibilizar fundos de emergência para países em desenvolvimento e de baixo rendimento para combater rápida expansão do coronavírus. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe serão beneficiados.
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As instituições financeiras internacionais e os líderes africanos advertiram, na sexta-feira (17.04), que o continente africano precisa de dezenas de milhares de milhões de dólares adicionais em dinheiro para combater a pandemia do coronavírus, apesar do congelamento da dívida e das promessas maciças de apoio.
Numa declaração conjunta, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional afirmaram que cada um deles contribuiu para os 57 mil milhões de dólares mobilizados pelos credores oficiais para apoiar os cuidados de saúde e a recuperação económica no continente mais pobre do mundo, enquanto 13 mil milhões de dólares provinham de fundos privados.
"Este é um começo importante, mas o continente precisa de cerca de 114 mil milhões de dólares em 2020 na sua luta contra a COVID-19, deixando um défice de financiamento de cerca de 44 mil milhões de dólares", lê-se na declaração.
Cabo Verde e São Tomé beneficiados
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são os dois países lusófonos que aparecem na lista de países beneficiados pela ação das duas instituições financeiras, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Enquanto para Cabo Verde está prevista uma ajuda de cinco milhões de dólares, São Tomé e Príncipe deverá receber um apoio da ordem dos 2,5 milhões de dólares.
Não está claro se os países irão beneficiar de fundos de emergência ou se trata-se de um aumento no volume dos programas já existentes.
Reverter a situação
As instituições sediadas em Washington terminaram esta semana as suas reuniões da primavera, lançando uma lista de programas de financiamento destinados a combater a pandemia, que o Presidente do Banco Mundial, David Malpass, afirmou poder reverter os desenvolvimentos nos países pobres.
África é vista como particularmente vulnerável à catástrofe, que o FMI alertou ser a pior crise financeira desde a Grande Depressão.
Os especialistas receiam que os notoriamente fracos sistemas de saúde do continente não consigam travar a propagação da Covid-19, enquanto os efeitos combinados de uma quebra na procura de minerais e do turismo, juntamente com os bloqueios para travar o contágio, poderão vir a afectar as economias.
"Esta pandemia já teve um impacto devastador em África e os seus efeitos irão agravar-se à medida que a taxa de infeção aumentar", afirmou na declaração o Presidente sul-africano e Presidente da União Africana, Cyril Ramaphosa.
"É um revés para os progressos que fizemos para erradicar a pobreza, a desigualdade e o subdesenvolvimento".
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.