Banco Mundial pede a Luanda mais investimento nos angolanos
Lusa
2 de outubro de 2020
Governo deve investir nas pessoas para assegurar empreendimentos futuros no país. É o que defende o diretor regional para África do Banco Mundial, que faz balanço positivo da primeira visita que fez a Angola.
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"Para o crescimento do país e diversificação da economia, nem sempre temos que investir em estradas, eletricidade e construção de escolas (...) precisamos sempre investir no homem porque se tivermos que atrair investimentos no futuro ou agora terão que usar o capital humano para que possam ser implementados no terreno".
Esta foi uma das mensagens transmitidas por Jean-Christophe Carret, diretor regional para África do Banco Mundial, ao Governo angolano durante a sua primeira visita a Luanda, que terminou esta quinta-feira (01.10).
O diretor regional para África do Banco Mundial, que fez um balanço positivo da visita de quatro dias, passou em revista com o Governo angolano a parceria existente entre as partes, "para perceber o que funciona, o que não funciona tão bem e o que ainda pode ser feito".
"Numa só palavra redefinimos as estratégias na parceria entre o Governo de Angola e o Banco Mundial", referiu.
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Setor social e apoio técnico
Jean-Christophe Carret, que disse ter ficado impressionado com a liderança do Ministério das Finanças, disse que os assuntos discutidos centraram-se em dois temas, nomeadamente o setor social e o apoio técnico do Banco Mundial para acelerar as reformas que vêm sendo implementadas pelo país para a diversificação da economia e menos dependência do setor petrolífero.
"Acho que há uma visão clara do Governo sobre o que quer fazer e quando há uma visão clara é fácil para o Banco Mundial sugerir possíveis projetos, o diálogo à volta de importantes reformas", frisou.
O responsável destacou que a questão principal que o trouxe a Angola foi a redefinição de estratégias, "num mundo que se encontra cada vez mais em mudanças".
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Atual contexto
Relativamente ao contexto atual, Jean-Christophe Carret salientou que o Banco Mundial está nesse momento a proceder à adaptação do seu posicionamento sobre a pandemia e os seus efeitos colaterais, com a realização de ajustamentos graduais.
Questionado se o Banco Mundial, apoia a retirada do subsídio aos combustíveis, processo para o qual Angola se prepara, o diretor regional para África do Banco Mundial disse que aquela instituição bancária está a apoiar na implementação desse desiderato.
"Para o efeito, há que se pensar e tem estado a ser implementado um programa que visa a alocação de recursos para os mais vulneráveis, o Kwenda, falámos sobre isso ao longo da minha visita e nas rondas efetuadas falou-se bastante sobre esse projeto, que vai certamente aliviar a carência dos que mais necessitam nesta altura", disse.
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Expetativas
Por sua vez, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, disse que o novo diretor do Banco Mundial deslocou-se ao país para se apresentar e também conhecer a carteira de projetos existentes. "Saber o conjunto de constrangimentos que os beneficiários desses projetos entendem que podem ser superados e quais são as expetativas relativamente à parceria entre o Governo de Angola e o Banco Mundial", disse.
Vera Daves salientou que a parceria com o Banco Mundial está dividida em dois pilares. O primeiro relacionado com projetos e financiamento de projetos, que estão a avançar a ritmo normal, nos domínios da agricultura familiar, educação e saúde.
"Temos um outro pilar, não menos importante, que está relacionado com a implementação de reformas e assistência técnica, neste domínio temos o Banco Mundial a apoiar-nos com o repensar do setor de águas, como é que as empresas do setor de águas se tornam mais eficientes", disse a ministra.
A governante angolana adiantou que o Governo angolano trabalha com o Banco Mundial no mesmo exercício relativo ao setor das telecomunicações, para que se torne mais aberto e "pujante" com o envolvimento de agentes económicos privados.
"Estamos também a contar com assistência técnica do Banco Mundial para a inclusão financeira, assistência na implementação do programa de privatizações, é o nosso consultor estratégico", acrescentou.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
Foto: picture-alliance/dpa/EFE/EPA/J. Lizon
Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.