Bangladesh tem mais de 600 mil refugiados rohingyas, diz ONU
EFE | Lusa
22 de outubro de 2017
Apenas esta semana, 14 mil pessoas da minoria muçulmana entraram no país a fugir da violência de tropas birmanesas. Primeira-ministra do Bangladesh pede intervenção da ONU para que Birmânia aceite repatriar refugiados.
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As Nações Unidas divulgaram este domingo (22.10) que o número de refugiados rohingyas que fugiu da Birmânia para Bangladesh ultrapassa os 600 mil. Na última semana, 14 mil pessoas dessa minoria muçulmana entraram no país fugindo da violência praticada por tropas birmanesas.
A maioria dos refugiados estão a viver no acampamento principal de Kutupalong. A ONU classificou a situação como uma "emergência humanitária crítica". Por causa do rápido êxodo, os serviços básicos que já existiam estão sob pressão e há risco de surgimento de focos de doenças devido à ausência de água potável e instalações sanitárias em muitos dos acampamentos espontâneos erguidos pelos próprios rohingyas.
Refugiados Rohingya sem teto no Bangladesh
01:12
Os recém-chegados continuam indo em direção a Cox's Bazar, o distrito mais próximo da fronteira com a Birmânia. A crise começou a 25 de agosto, após um ataque de um grupo insurgente desta minoria muçulmana contra instalações das forças de segurança da Birmânia no estado de Rakhine. O exército birmanês reagiu com extrema violência, queimando casas e matando pessoas. Rohingyas relatam que bebés foram queimados.
A Birmânia não reconhece os rohingyas como cidadãos do país. Já Bangladesh, onde antes da crise já viviam cerca de 300 mil membros desta minoria, sempre tratou-lhes como estrangeiros. Apenas cerca de 30 mil rohingyas foram reconhecidos como refugiados em Bangladesh. Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância e Adolescência (Unicef), cerca de 60% dos refugiados rohingyas são crianças.
Pedido de apoio
A primeira-ministra do Bangladesh, Seihk Hasina, pediu a colaboração do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que a Birmânia aceite repatriar os cerca de 600 mil rohingyas que chegaram ao país nas últimas semanas.
"A nossa primeira-ministra instou o secretário-geral da ONU a pressionar o Governo da Birmânia para acolher de volta os seus [cidadãos] nacionais", disse hoje o secretário de imprensa da chefe do Governo.
Segundo a mesma fonte, António Guterres convocou a líder do Bangladesh para discutir a situação e solicitar a implementação das propostas apresentadas no mês passado durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
RDC: Os deslocados de Kalemie
Mais de 200 mil deslocados internos vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações de Kalemie, no leste da República Democrática do Congo. As condições são difíceis, mas melhores do que em casa.
Foto: Lena Mucha
À noite num campo de deslocados internos
Duas crianças correm ao anoitecer no campo de deslocados internos de Kalenge. Milhares de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas depois que o conflito começou na província de Tanganyika, no leste da RDC. Agora, muitas vivem em campos na cidade de Kalemie e seus arredores. Entre os deslocados estão muitas crianças, que foram separadas dos seus pais.
Foto: Lena Mucha
Casas inflamáveis
As pessoas no campo de refugiados de Kalenge vivem em cabanas de palha. Focos de incêndio espalham-se frequentemente de casa para casa. A situação é semelhante noutros campos de deslocados da região. Só em junho, houve incêndios nos campos de Moni, Lukwangulo, Kabubili, Kateke e Katanyika. Em agosto, metade do campo de Kakinga pegou fogo, resultando na morte de uma criança.
Foto: Lena Mucha
A escola torna-se um abrigo de emergência
Estas crianças estão na Escola Primária Circle Filtsaf em Kalemie, mas não estão aqui para aprender. Elas vivem na escola desde que foram expulsas de Tabacongo, no início de maio. Algumas delas sofrem de doenças e desnutrição.
Foto: Lena Mucha
Bactéria no sangue
Funcionários da ONG Médicos Sem Fronteiras fazem testes de diagnóstico de malária nesta clínica improvisada. Estima-se que até 80% das pessoas no campo de refugiados de Kalunga sejam portadoras da bactéria da malária. Os médicos também cuidam de crianças malnutridas e que sofrem de sarampo.
Foto: Lena Mucha
Fuga em família
"Os nossos filhos e idosos estão a morrer", disse Kisompo Selemani (na foto, o segundo da esquerda). O chefe do povo Twa vive desde novembro com a sua esposa e quatro filhos em Kilunga. A família teve que deixar a sua aldeia quando foi atacada por outra fação Twa. "O Governo tem que fazer algo para que possamos retornar às nossas aldeias", disse o homem de 64 anos.
Foto: Lena Mucha
Sem educação
Nos campos de deslocados internos não há escola ou qualquer outra atividade para as crianças.
Foto: Lena Mucha
Ganhar a vida
Uma mulher vende cigarros, lanternas e mandioca com os seus filhos no campo de refugiados de Kilunga. Muitos deslocados fazem apenas uma refeição por dia, geralmente farinha de mandioca e folhas.
Foto: Lena Mucha
À procura de água limpa
Enquanto as crianças em Mukuku jogam futebol, as mulheres carregam vasilhas de água. A falta de água limpa aumenta o risco de doenças contagiosas como a cólera, que é transmitida através da água contaminada.
Foto: Lena Mucha
À procura de trabalho
A segurança na região ainda é volátil. Muitos deslocados estão à procura de um lugar seguro em Kalimie e arredores. Para ganhar algum dinheiro, eles trabalham no campo das aldeias vizinhas ou recolhem lenha para vender.
Foto: Lena Mucha
Abrigo temporário ou um novo começo?
A vida no campo de refugiados não é fácil. No entanto, para muitos deslocados, é bem melhor do que antes. A maioria dos deslocados testemunhou graves violências antes de fugir. Segundo os Médicos Sem Fronteiras, há uma grande necessidade de cuidados psicológicos.
Foto: Lena Mucha
Mosquitos, uma ameaça mortal
No campo de Kalonda, Kabeja Kanusiki, de 69 anos, cuida dos seus netos doentes. A rede mosquiteira ao fundo serve para protegê-los da malária, que pode ser particularmente grave para as crianças. No total, pelo menos 210 mil deslocados vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações da cidade de Kalemie, no leste congolês.