Barack Obama termina périplo africano na Tanzânia
1 de julho de 2013Barack Obama foi recebido esta segunda-feira pelo Presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, na capital económica do país, Dar Es Salaam. Manteve depois conversações com as duas delegações empresariais – a americana e a africana.
À sua chegada, uma banda tocava, enquanto aqueles que o tinham ido esperar exibiam a bandeira norte-americana. A popularidade de que o Presidente dos Estados Unidos da América goza no país africano é óbvia: nas ruas da maior cidade do país, centenas de jovens vestiam t-shirts com a imagem do líder norte-americano e uma das principais artérias recebeu, já antes, o nome de Barack Obama.
Estreitar relações comerciais
Nesta visita à Tanzânia, a última das três etapas do seu périplo pelo continente, que termina esta quarta-feira (03.07), Obama tem na agenda o lançamento de uma parceria comercial com África, sobretudo focada nos países da África Oriental, nomeadamente Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda, uma região com cerca de 130 milhões de habitantes. O programa deverá fomentar o comércio entre estes países e os Estados Unidos.
O investimento norte-americano na Tanzânia e o comércio entre os dois países não é significativo. “Aqui na Tanzânia, não exploramos muito a Lei do Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada pelo Congresso norte-americano em 2000, de assistência às economias da África subsaariana e de melhoria das relações económicas entre os Estados Unidos e a região”, explica o economista tanzaniano Ibrahim Lipumb.
“Poderíamos estar a vender muito mais produtos ao mercado americano. As empresas tanzanianas ainda não conseguem exportar os produtos nacionais para os Estados Unidos”, refere o economista, acrescentando que, no que toca à visita de Obama à Tanzânia, “trata-se, sobretudo, de expectativas, muito mais do que aspectos reais.”
Obstáculos físicos atrasam comércio
Entre os entraves ao comércio entre os países da África Oriental e os Estados Unidos que o programa deverá levantar estão obstáculos físicos que atrasam o transporte de bens. Como exemplo desses obstáculos, Michael Froman, o responsável pelo comércio da comitiva de Obama, mencionou o facto de a exportação de café do Ruanda levar 42 dias, enquanto a exportação do mesmo produto da Colômbia não passar dos 14 dias.
Segundo Ibrahim Lipumba, as relações económicas da Tanzânia com os Estados Unidos ainda são muito limitadas. Em 2012, a Tanzânia exportou produtos no valor de 66 milhões de dólares e importou de lá 220 milhões de dólares. No mesmo ano, exportou para a China 550 milhões de dólares. “Isto mostra que as nossas relações com a China são mais intensas do que com os Estados Unidos”, conclui o economista.
Luta contra a caça furtiva
Além de fomentar as relações económicas, a visita de Obama tem ainda o objectivo de dar início à assistência na luta contra a caça furtiva na região. O Departamento de Estado norte-americano deverá providenciar 10 milhões de dólares na formação das autoridades locais tanto no combate à caça de rinocerontes e elefantes como à venda destes animais.
De acordo com um comunicado da Casa Branca, Obama deverá ainda participar numa cerimónia em memória dos cidadãos norte-americanos mortos em 1998, num ataque terrorista contra a embaixada norte-americana em Dar Es Salaam. No mesmo dia, 7 de agosto, também a Embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi, no Quénia, foi atacada. Os autores estavam ligados a braços locais da Al Qaeda.
Interesse norte-americano por África
Para a cerimónia desta terça-feira é também esperado o antecessor de Obama, George W. Bush, presente na cidade para uma conferência sobre mulheres africanas. O facto de ambos os chefes de Estado estarem simultaneamente em Dar Es Salaam, disse já Ben Rhodes, o vice-conselheiro para a segurança nacional de Obama, transmite, “uma mensagem muito positiva de que os dois maiores partidos políticos dos Estados Unidos partilham o interesse pelo continente”.
Este interesse por África parece ser óbvio depois do anúncio de Obama, este domingo (30.06), de um plano de mais de 5 mil milhões de euros que terá como objetivo duplicar o acesso à eletricidade na África subsaariana, onde mais de dois terços da população vivem sem luz. Na Universidade do Cabo, na África do Sul, Obama anunciou também a criação de um programa que visa formar, anualmente, 500 jovens africanos nos Estados Unidos.
Num discurso, o Presidente norte-americano incentivou os jovens a inspirar-se no percurso de Nelson Mandela e a contribuírem, assim, para o sucesso do continente africano. “O espírito de Mandela nunca poderá ser encarcerado, porque o seu legado está aqui para que todos o vejam. Está neste auditório. Jovens brancos, negros, indianos, tudo o que estiver no meio, a viver e estudar juntos numa África do Sul livre e em paz”, declarou Obama.