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Benedito Daniel volta a candidatar-se pelo PRS

8 de julho de 2022

O candidato à presidência angolana e líder do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, de 61 anos é um político relutante que preferia ter sido pastor.

Benedito Daniel PRS
Benedito Daniel, ao centro, em campanha eleitoralFoto: Nelson Francisco Sul /DW

Militante do PRS desde a sua fundação, em 1991, Benedito Daniel é o segundo presidente do Partido da Renovação Social (PRS), posto para o qual foi eleito em 2017. Sucedeu na posição a Eduardo Kuangana, que liderou o partido durante 27 anos.

Este ano é a segunda vez que Daniel concorre à presidência angolana. Nas eleições gerais de 2017, o PRS perdeu três mandatos e só viu eleitos dois deputados.

Um país por renovar

O candidato dos renovadores sociais explica a sua persistência: "Nós temos um país por renovar, uma nação por construir, e um povo para defender,” afirma, salientando que os sacrifícios exigidos aos angolanos são excessivos. "Quero é um bem-estar social para esta população angolana que já sofre há mais de 500 anos”, acrescenta.

À pergunta o que tem Benedito Daniel para oferecer aos angolanos que os outros candidatos não têm, o candidato responde que, caso seja eleito "Quereria que o poder neste país fosse descentralizado, que pudéssemos ter um governo participativo", que permitisse a toda a população do país participar nas decisões políticas.  

Em 2017, o PRS perdeu três dos seus cinco mandatos parlamentaresFoto: José Adalberto/DW

Percurso académico acidentado

Benedito Daniel nasceu a 28 de dezembro de 1961, em Saurimo, nas terras diamantíferas da Lunda Sul. A mãe, Celestina, era doméstica, e o pai, Daniel Samanhina, era enfermeiro e soba, a autoridade tradicional da região Lunda. 

A infância e adolescência de Benedito Daniel foi quase toda vivida no internato da sua congregação religiosa, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Angola e no estrangeiro.   

Fez o ensino secundário na Escola Industrial e Comercial de Saurimo. Em seguida mudou-se para a província do Huambo, onde frequentou o ensino médio pré-universitário. Em 1982, Man Benas, como é carinhosamente tratado por amigos e familiares, ingressou na Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias daquela província, mas não conclui a formação.  

"Queria antes ter sido pastor", diz benedito DanielFoto: Borralho Ndomba/DW

Falta de meios para ingressar na igreja

As circunstâncias obrigam-no a regressar à Lunda Sul para dar aulas em vários níveis do ensino geral público. Naquela época, com um regime político e constitucional fechado à economia de mercado, não havia estabelecimentos privados, excetuando escolas religiosas.  

Mais tarde ganhou uma bolsa de estudo para concluir o ensino superior em França. Queria ser engenheiro petroquímico, mas acabou por fazer Química de Metz.

Benedito Daniel sempre sentiu que a sua verdadeira vocação era outra: "Eu queria mesmo era ser pastor", disse Daniel à DW África. Um sonho difícil de realizar, porque "na altura a formação de pastor era excessivamente cara", já que os estudantes não apenas pagavam propinas, como tinham que adquirir determinada, roupa, calçado e roupa da cama.

Benedito Daniel quer lutar pelo bem-estar para todos os angolanosFoto: Wolfgang Langenstrassen/dpa/picture-alliance

O político relutante

Casado e pai de seis filhos, na sua juventude Benedito Daniel foi apaixonado pelos desportos marciais: "Na minha juventude pratiquei o caraté-dô, na modalidade de shotokan", explica.

Foi em 1990, quando voltou a Angola em férias dos estudos na França, que decidiu - com alguma relutância - entrar na política, pela mão de um grupo de amigos que esteve na base da criação do Partido de Renovação Social, a única organização política que defende um sistema federal para Angola.

"Numa primeira fase, não era para inclinar-me, imediatamente, na política, porque eu não queria”, disse, mas aceitou o convite de participar na redação dos estatutos do PRS, e na escolha dos seus símbolos e da bandeira. "Infelizmente, nunca mais consegui sair e acabei ficando definitivamente", remata. 

 

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