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População do Bengo apavorada com as cheias

11 de janeiro de 2024

Em Angola, transbordamento do rio Dande, causado pelas chuvas, deixou cerca de 600 famílias em situação de emergência e coloca em risco infraestruturas em Caxito. Governadora lançou apelo urgente a pedir apoios.

Impactos da cheia do rio Dande em Caxito
Cheias no rio Dande deixam rastro de destruição em CaxitoFoto: António Ambrósio/DW

Até ao momento, registam-se 200 casas destruídas, com um número equivalente de famílias agora acolhidas em locais provisórios. O medo e a incerteza permeiam a população, que relata o avanço devastador das águas do rio Dande.

"A água invadiu o bairro, as casas estão a cair. Desde que nasci, nunca vi algo assim", relata um morador afetado.

"Não há solução porque a água está a vir com muita força," descreve uma mulher.

Outra moradora acrescenta: "Aqui está inundado, essa parte está submersa, Caboxa já está debaixo de água. Pedimos apoio para que possamos nos refugiar lá".

Perante o cenário preocupante, o Governo angolano mobilizou esforços para realojar as populações afetadas.

"[As pessoas] estão a ser realojadas em locais seguros, como escolas e outros lugares. É um trabalho inicial de contingência, para que estas famílias venham a ser reassentar de forma efetiva noutros locais," confirmou à DW o administrador comunal de Caxito, José Matoso de Andrade.

Famílias que tiveram as suas casas destruídas foram acolhidas em locais provisóriosFoto: António Ambrósio/DW

Pedido de apoios

Com o realojamento provisório e as fontes de renda das vítimas prejudicadas, a atenção agora volta-se para a alimentação dessas famílias. A Governadora do Bengo faz um apelo urgente, solicitando apoio não apenas do Estado, mas também da sociedade civil.

"Estamos a fazer de tudo fazer para que se possa mobilizar esforços para socorrer esta população em termos de alimentação. Elas viviam em áreas ribeirinhas e os seus campos ficaram inundados. Vão ficar sem alimentação. Precisamos de fuba de milho, massa alimentar, conservas de carnes, para podermos fornecer alimentação a esta população", destaca Maria Antónia Nelumba.

Além do impacto nas famílias, infraestruturas públicas como pontes, escolas e até mesmo o estabelecimento prisional de Caboxa encontram-se em perigo.

Instituto Superior Politécnico do Bengo é uma das infraestruturas que se encontram em perigoFoto: António Ambrósio/DW

Conter o avanço das águas

Para evitar futuras inundações em Caxito, o analista Amílcar de Armando sugere que se faça o "assoreamento da albufeira para permitir que o reservatório continue a acumular cada vez mais água". Outra opção, "que pode ser a médio ou longo prazo, seria o alargamento da albufeira [entretanto, um reservatório de água criado por uma barragem]," pontua.

A situação permanece crítica, exigindo uma resposta coordenada e urgente para superar os desafios que a população do Bengo enfrenta neste momento.

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