Bengo: Porque é que o governo constrói em zonas de risco?
20 de dezembro de 2024Na sede da província angolana do Bengo, por exemplo, são várias as infraestruturas que podem desabar a qualquer momento: a sede da Administração Municipal do Dande, o Comando Provincial dos Serviços de Proteção Civil e Bombeiros, o Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão (SIAC).
Populares questionam ação do governo
Também o bairro da juventude e o mercado do Kawango estão entre as estruturas construídas em zonas de risco. Por isso, populares ouvidos pela DW questionam:
"Eles estão a construir em zonas de risco, se for para administração verá que está por cima da água, está totalmente alagada, o mesmo se vê nos bombeiros. O nosso governo, mesmo tendo especialistas, ainda volta a cometer os mesmos erros", questionam.
Vias intransitáveis, instituições alagadas, habitações desabadas já fazem parte do cartão postal desta circunscrição do território angolano. Os serviços de proteção civil e bombeiros pedem a desativação da zona.
"Estamos a falar de hipóteses ou de projetos de médio ou longo prazo, não é fácil transladar uma estrutura toda organizada num abrir e fechar de olhos, precisa-se trabalho", afirma o porta-voz, Costa Ngunza.
Decisão política tardia?
Consciente dos perigos que a situação acarreta, o administrador municipal do Dande, Domingos João Lourenço, anunciou o início da desativação da sede capital da província do Bengo.
"Estamos a transferir, paulatinamente, os serviços e mesmo algumas pessoas nas zonas altas do Sassa Pedreira e Lembeca. É lá onde vamos transferir alguns serviços, a outra luta é a conclusão da segunda fase da requalificação da cidade de Caxito", disse.
No entanto, o analista, Elizário de Oliveira, diz não entender como é que o governo angolano continua a construir em zonas de risco.
"É o governo que tem a competência para ceder o direito de superfície para pessoas construírem casas e o Estado construir edifícios públicos", disse. O analista afirma ainda que cabe também ao "governo identificar espaços seguros para construir habitações".