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CulturaBenim

Benim exibe obras de arte devolvidas pela França

AFP | tms
20 de fevereiro de 2022

No Benim, 26 peças consideradas sagradas fazem parte de uma exposição que começou este domingo em Cotonou. As obras, que estavam há mais de 100 anos em museus franceses, foram devolvidas no ano passado pela França.

O Oba do Reino do Benim, Oba Ewuare II, recebe da Inglaterra dois artefactos roubados há 125 anosFoto: Tife Owolabi/REUTERS

O Presidente do Benim, Patrice Talon, inaugurou no sábado (19.02) uma exposição de tesouros históricos devolvidos pela França no ano passado, quase 130 anos depois de terem sido roubados pelas forças coloniais.

As 26 peças, algumas consideradas sagradas no Benim, estão expostas a partir deste domingo, num espaço de 2.000 metros quadrados no Palácio Presidencial de Cotonou, numa exposição intitulada "Arte do Benim ontem e hoje".

A devolução de artefactos pela França surge à medida que crescem os apelos em África para que os países ocidentais devolvam os despojos coloniais dos seus museus e coleções privadas.

A Grã-Bretanha, Bélgica, Holanda e Alemanha receberam todos pedidos de países africanos para devolverem os tesouros perdidos.

Dois anos de negociações

As 26 peças devolvidas em novembro, após dois anos de negociações entre Paris e Cotonou, foram roubadas em 1892 pelas forças coloniais francesas de Abomey, capital do antigo reino de Dahomey, localizado no sul do Benim dos tempos modernos.

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Esta exposição equivale a "orgulho e fé no que outrora fomos, no que somos e no que seremos", disse Talon aos repórteres.

O facto de as peças estarem finalmente de regresso a casa quebra um tabu e prepara o caminho para mais repatriações deste tipo, argumentou o chefe de Estado.     

História do povo do Benim

Por seu turno, o ministro da Cultura do Benim, Jean-Michel Abimbola, disse à agência de notícias AFP que a exposição estava "a devolver ao povo beninense parte da sua alma, parte da sua história e da sua dignidade".

Os objetos "foram retirados de um reino, mas estão a regressar a uma república", disse.

Antes da sua unificação, o Benim era constituído por vários reinos, incluindo Dahomey, que era conhecido pela sua vibrante cultura artística.

Na primeira sala da exposição, imensas paredes negras formam o pano de fundo para uma exibição dos tronos de Dahomey, incluindo o trono escultórico de madeira e metal do rei Ghezo.

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"Desde que foi instalado, não o deixei de contemplar", disse Theo Atrokpo, um dos guias da exposição. "Já o tinha visto no museu do Quai Branly em França, mas vê-lo aqui, em casa connosco, traz de volta parte da nossa alma e liga-se à nossa história".

Restituição de obras

O Presidente francês Emmanuel Macron trabalhou para restaurar o património africano e o ministro da Cultura do Benim disse que estavam em curso discussões para devolver outros objetos, incluindo a escultura do deus Gou, que se encontra no Museu do Louvre em Paris.

Os legisladores franceses aprovaram uma lei que permite a Paris devolver artefactos tanto ao Benim como ao Senegal, outra antiga colónia francesa.

Um relatório encomendado por Macron contou cerca de 90.000 obras africanas em museus franceses, 70.000 das quais só no Quai Branly.

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