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PolíticaAlemanha

Berlim apresenta primeira estratégia de segurança nacional

14 de junho de 2023

Estratégia inédita do Governo alemão classifica Rússia como a "maior ameaça" à paz e segurança no espaço euroatlântico, procura reforçar parcerias com outros países e prevê mais cooperação entre ministérios.

Da esq. para a dir.: Christian Lindner, ministro das Finanças, Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros, Olaf Scholz, chanceler, Boris Pistorius, ministro da Defesa e Nancy Faeser, ministra do InteriorFoto: Fabrizio Bensch/REUTERS

Berlim diz que já aprendeu a lição – não se pode colocar todos os ovos no mesmo cesto. O Governo alemão delineou e anunciou esta quarta-feira (14.06) uma estratégia de segurança nacional, a primeira na história da República Federal. Parte importante da estratégia é reduzir a dependência de outros países na compra de matérias-primas.

De acordo com o chanceler alemão, Olaf Scholz, a estratégia de segurança "não tem só a ver com a defesa e com o Exército, mas com todo o espetro de segurança: desde a diplomacia à polícia, passando pelos bombeiros e por organizações de ajuda técnica e de cooperação para o desenvolvimento, segurança cibernética e resiliência nas cadeias de fornecimento".

Para o Governo alemão, segurança não é trancar a porta à chave e isolar-se do mundo, mas incluir várias vozes na identificação de possíveis ameaças internas e externas - e diversificar a palete de parceiros. Essa seria também uma forma de evitar erros estratégicos do passado como a forte dependência alemã da energia russa.

Plano foi apresentado em conferência de imprensa pelo chanceler e os ministros dos Negócios Estrangeiros, Finanças, Interior e DefesaFoto: Annegret Hilse/REUTERS

Invasão russa da Ucrânia é um alerta

A estratégia da Alemanha tem mais de 70 páginas e descreve a Rússia como a "maior ameaça" à segurança no espaço euroatlântico.

Na introdução, o chanceler Olaf Scholz diz que a invasão russa da Ucrânia serviu de ensejo para apetrechar o Exército alemão, mas não só: é também um alerta para a necessidade de garantir um "abastimento seguro" de energia e matérias-primas. É por isso que Berlim tem investido em "novas parcerias" com países emergentes em África, na Ásia e na América, diz Olaf Scholz.

Sobre a China, o Executivo alemão promete anunciar "em breve" uma estratégia à parte, mais detalhada. No entanto, no documento apresentado esta quarta-feira, Berlim refere-se a Pequim como um "parceiro, competidor e rival sistémico".

Chanceler alemão, Olaf ScholzFoto: Fabrizio Bensch/REUTERS

Atenção à China

"A China continuará a crescer economicamente, e a integração da China no comércio mundial e nas relações económicas globais também não deve ser prejudicada. Ao mesmo tempo, temos de olhar para as questões de segurança que enfrentamos", afirmou Olaf Scholz em conferência de imprensa.

A Alemanha nota na estratégia nacional de segurança que a China desrespeita os direitos humanos, exerce cada vez maior pressão regional e tem tentado remodelar a ordem internacional de diversas formas. Além disso, segundo a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, segurança significa também "não ser espiado pela China quando nos encontramos com amigos".

Um ponto fundamental na estratégia de segurança alemã é que o Governo quer os seus diferentes departamentos a comunicar mais entre si para identificar possíveis riscos. Quer também cooperar mais com os parceiros internacionais.

Por outro lado, a Alemanha compromete-se a gastar 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, já a partir do próximo ano.

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